3.5
(10)

O Mestre dos Desejos 2
Original:Wishmaster 2: Evil Never Dies
Ano:1999•País:EUA
Direção:Jack Sholder
Roteiro:Jack Sholder
Produção:Tony Amatullo
Elenco:Holly Fields, Chris Weber, Al Foster, Andrew Divoff, Vyto Ruginis, Randy Hall, Paul Johansson, Robert LaSardo, Carlos Leon

Dois anos após o lançamento de O Mestre dos Desejos, veio a primeira continuação, com direção e roteiro de Jack Sholder (Arachnid, 2001), e contando com o retorno de Andrew Divoff como o temível Djinn, mas sem grandes nomes no elenco, sem a produção de Wes Craven, com um orçamento bastante inferior – aproximadamente dois milhões e meio de dólares – e até com uma confusa rejeição do próprio diretor. Em entrevista para o documentário “Behind the Curtain Part II” (2012), Sholder disse que seu filme “é idiota“, que fazia sentido quando ele o realizou como continuação de uma produção que ele não havia gostado. Ao final, amenizou sua própria declaração: “É um filme que eu fiz e não me arrependo. Há um monte de coisas que eu acho que são muito boas, como a cena do cassino. Talvez pareça bobagem.

Lançado diretamente em vídeo, a parte 2 teve ainda menos aceitação que o primeiro, com uma aprovação de apenas 9% no Rotten Tomatoes. Se analisar a proposta, percebe-se realmente sua inferioridade, sem exageros técnicos, sem grande empolgação, e com grandes mudanças na mitologia dos Djinns. Até o próprio antagonista está mais falante, pouco ameaçador, e bastante caricato na manutenção estática de seu sorriso maléfico, parecendo em alguns momentos como uma máscara. E diferente do longa anterior, a versão demônio de Andrew Divoff é pouco explorada, provavelmente pela contenção de recursos, assim como alguns de seus desejos realizados que acabam não tendo os mesmos fins trágicos vistos em O Mestre dos Desejos. Mas tem uma cena específica, emblemática e bem feita. Falo sobre ela depois.

Durante um assalto a um museu, com uma troca de tiros com seguranças, uma das balas acerta a estátua Ahura Mazda e libera a opala de sangue, a pedra que aprisiona o Djinn. Com o namorado gravemente ferido e assassinando um dos seguranças, a assaltante Morgana Truscott (Holly Fields) rouba o artefato e foge. O Djinn surge pela parede, em um efeito razoável, parecendo uma pizza colada na parede, e atende ao pedido do ladrão baleado sobre preferir nunca ter nascido. Já causa um estranhamento a realização desse pedido, porque se você pensar que o não nascimento do assaltante influenciaria a vida de muitas pessoas, incluindo a da própria protagonista, pode-se apontar como um furo no roteiro inicial. Além disso, a garota não poderia ter lembranças do rapaz, e talvez nem cometeria o assalto, aprisionando novamente o Djinn. Enfim…

Quando a polícia chega ao museu, já encontra a criatura em seu formato completo, como Nathaniel Demarest, sem necessidade de roubar o rosto de alguém (outro furo?). Ele se entrega à polícia e é mandado ao presídio. Imagina-se que as investigações não trariam nenhum informe sobre a identidade do Djinn, mas são questionamentos irrelevantes ao enredo. Como acontecia no primeiro, cada desejo realizado pelo Djinn atormenta aquela que o libertou, levando-a a buscar informações a respeito com seu amigo, o padre Gregory (Paul Johannson), um antigo relacionamento dela. Além de perguntas clichês – imagina-se que padres em filmes de terror não aguentam mais responder – sobre existência do diabo, Morgana aos poucos descobre que o homem que assumiu a culpa pelo assalto é um demônio realizador de desejos. E pior: ele precisa realizar 1001 desejos para que depois a “waker“, aquela que o tirou da opala, possa formalizar seus três e liberar o inferno na terra. Mais uma mudança boba no roteiro, desnecessária e que não acrescenta nada à mitologia proposta.

No presídio, o vilão passa a se envolver com os criminosos, já se apresentando como um demônio e avisando a cada pessoa que irá fazer o pedido ocasionando a perda da alma. Como acontecia no primeiro filme, cada desejo traz consequências desde ser surrado pelos comparsas, como acontece com Butz (Rhino Michaels) e os irmãos Tiger (James Kim e Simon Kim), ou quando Gries (Robert LaSardo, de Corrida Mortal) vê seu advogado “se estuprando“. Nada ali é mais impactante que a tal cena emblemática que eu anunciei ali em cima, quando um prisioneiro pede que ele “possa atravessar as grades da prisão” e seu pedido é atendido fazendo-o se quebrar todo para passar por elas, no melhor momento do filme.

Sabendo que não pode fazer pedidos que envolvam o próprio Djinn, Morgana estuda o passado da entidade, conhecendo as palavras que possam mandá-lo de volta à gema. Mas para isso, precisa que tal encanto seja proferido por uma pessoa de alma pura. Logo, ela terá que encarar o inimigo no cassino onde ele estará coletando as tais 1001 almas, e precisará ser bastante inteligente para conseguir vencer a criatura até o término de seus três desejos.

O Mestre dos Desejos 2 realmente não tem as mesmas qualidades que o primeiro filme. Pode até divertir com algumas mortes sangrentas – são poucas, infelizmente -, mas o roteiro peca pelas ideias exageradas, pelas mudanças em relação à mitologia proposta e pela falta de ousadia. Ainda que proponha várias mortes na coleta do Djinn, com efeitos risíveis das almas saindo dos corpos, elas não trazem o mesmo impacto da cena da festa de Raymond no primeiro, que remeteu à vingança de Carrie no baile de formatura, ou até mesmo a que abriu o filme original, na Pérsia. O Djinn já não parece mais tão ameaçador, falando mais bobagens do que devia, e tendo que enfrentar mais uma vez uma personagem feminina forte.

Mesmo assim, é um filme que deve ser conferido como uma aceitável parte 2, apresentando de maneira completa a trajetória do gênio maligno na pele do carismático Andrew Divoff. Mas alguém não deve ter ficado satisfeito e desejou mais duas continuações horríveis, desnecessárias e difíceis de serem acompanhadas.

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3 Comentários

  1. Um pouco inferior ao original mas mesmo assim muito bom, é uma sequência lançada direto em vídeo que dá um banho na maioria dos filmes lançados em vídeo hoje em dia

  2. Eu sempre tive vontade de assistir ao primeiro, o que ainda não fiz, mas, não pretendo ver os outros.

    1. Esse segundo filme é podre. Acho que o Andrew Divoff deve ter até hoje vergonha de ter atuado. Fique apenas com o primeiro, que é bem bacana.

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