3.8
(16)

Boa Noite, Mamãe!
Original:Goodnight Mommy
Ano:2022•País:EUA
Direção:Matt Sobel
Roteiro:Kyle Warren
Produção:Joshua Astrachan, Valéry Guibal, David Kaplan
Elenco:Naomi Watts, Cameron Crovetti, Nicholas Crovetti, Peter Hermann, Crystal Lucas-Perry, Jeremy Bobb

Um dos destaques de 2014, o austríaco Boa Noite, Mamãe (Ich seh, Ich seh), de Severin Fiala e Veronika Franz, envolveu o espectador num espiral de loucura e ousadia. Camuflado sob uma vestimenta dramática, com possibilidades de um enredo inspirado no mito do doppelgänger, o filme trouxe uma impactante reviravolta, além de cenas de tortura e violência surpreendentes. Seu único defeito é não ter sido dublado em inglês. Na verdade, não é bem um problema, mas condiciona a produção a uma desnecessária refilmagem. E pior: dá a chance de algum roteirista, no caso Kyle Warren, pensar em maneiras de abrandar os excessos para tornar a obra menos chocante e mais acessível. Ao final, na tentativa de fazer algo diferente, acabaram por referenciar o longa a outra produção recente, Gêmeo Maligno.

Sabe aquela brincadeira atual que até virou um meme com a legenda: “copia, mas faz diferente“? É esse o caminho percorrido pela nova versão de Boa Noite, Mamãe. Não se trata de um filme ruim, até porque o roteiro já tinha um modelo pré-definido, mas um exemplar Disney do que foi o longa original. Permite até que você convide a família para ver, tendo cuidado para lembrar que “you” em português pode significar tanto “você” quanto “vocês“. Se a legendagem não for marota, pode entregar o ouro nos primeiros dez minutos, facilitando a atuação investigava do infernauta.

Os gêmeos Elias (Cameron Crovetti, da série The Boys) e Lucas (Nicholas Crovetti) acabam de vir de mais um fim de semana com o pai, com a perspectiva de reencontrar a mãe (Naomi Watts, em seu sétimo remake) após uma cirurgia plástica. Ambos se espantam ao vê-la com proteção pós-cirúrgica em toda a face, mas nada incomoda mais do que sua atitudes. Ela está bem diferente, com mais regras de rigidez e menos carinho para com os meninos, deixando de lado velhas canções e brincadeiras. Em sua imensa morada no campo, as tradicionais brincadeiras dos pequenos são substituídas por observações, atenção aos detalhes que podem confirmar se aquela pessoa que está na casa pode ou não ser a mãe deles.

Dentre as regras, a mãe diz que eles não devem, em hipótese alguma, ir ao celeiro. Como toda criança arteira, é claro que a proibição irá instigar a curiosidade, enquanto outras ações dela trarão novas suspeitas. Temendo a estranha que habita a morada, Elias e Lucas planejam fugir dali o quanto antes. Caso o plano não dê certo, uma outra alternativa parece ser a única possível. Além da desconfiança, o temor se amplia em pesadelos onde veem a mãe arrancando a própria pele a partir do dedão do pé ou se arrastando como uma criatura horrenda, na direção dos pequenos.

É impossível analisar o filme sem compará-lo ao original. O longa de 2014 é muito mais eficiente em todos os aspectos, até mesmo na escolha do elenco mirim, ao apostar em garotos (Elias Schwarz e Lukas Schwarz) levemente estranhos, que fazem uso de máscaras caseiras e colecionam baratas. Entre os testes que fazem na mãe, eles chegam a colocar sobre o corpo dela um inseto somente para o bichinho buscar abrigo no interior de sua boca. E há o destino de um gato e toda a sequência final, construída de maneira absolutamente incômoda: imaginar seus filhos fazendo aquilo, já é por si só aterrorizante. E faz ainda mais pontos pela fotografia, ambientação, interpretação da mãe (Susanne Wuest) e final com duas possibilidades, deixando a imaginação do infernauta trabalhar livremente.

Boa Noite, Mamãe na versão atual é um reflexo de boa parte do cinema de Hollywood. Traz todas as explicações que eram apenas subentendidas no original, chegando ao ponto de literalmente desenhar o que permitia reflexões, transformando uma história de horror conceitual em apenas um drama psicológico. Deve-se elogiar a boa atuação de Naomi Watts como uma outrora atriz de sucesso preocupada com a velhice e sua degradação física. Mas é muito pouco pelo conteúdo original, uma vez que as mudanças não foram suficientes para uma plástica realmente notável em seu conteúdo.

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3 Comentários

  1. Fiquem com a original. Por outro lado, até com o rosto coberto a Naomi Watts fica linda. PQP!!!

  2. Eu assisti a versão original e achei perturbadora mas gostei.

    1. Não sabia que tinha uma versão original. Vou procurar. Esse eu gostei, mas o final, achei chato.

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