Re-Animator: Fase Terminal (2003)

3.5
(13)

Re-Animator: Fase Terminal
Original:Beyond Re-Animator
Ano:2003•País:Espanha
Direção:Brian Yuzna
Roteiro:José Manuel Gómez, Miguel Tejada-Flores
Produção:Julio Fernández
Elenco:Jeffrey Combs, Tommy Dean Musset, Jason Barry, Bárbara Elorrieta, Elsa Pataky, Ángel Plana, Javier Sandoval, Santiago Segura, Lolo Herrero, Enrique Arce, Simón Andreu, Joaquín Ortega

O cientista louco Dr. Herbert West (Jeffrey Combs) sobreviveu aos ataques de seus zumbis mesclados no final de A Noiva do Re-Animator. E continua com a intenção de fazer experimentos que possam cessar a morte, mesmo depois de inúmeras tentativas falhas. A partir da condução novamente de Brian Yuzna, parece que a proposta desse terceiro filme seria promover um reboot, talvez dando início a mais filmes com mortos-vivos, inspirados na literatura macabra de H.P.Lovecraft, mas o resultado não despertou o interesse pela continuidade, deixando à imaginação do espectador a criação de suas próprias teorias sobre o futuro da franquia. Talvez essas fanfics funcionassem melhor do que representa Re-Animator: Fase Terminal para a mitologia desenvolvida.

Sem quase relação alguma com o conto “Herbert West–Reanimator“, escrito entre 1921 e 1922, Re-Animator: Fase Terminal tem um começo bem promissor: dois irmãos acampados no quintal de casa contam histórias de terror, enquanto a irmã mais velha, Emily (Bárbara Elorrieta), está sozinha. Ela escuta um barulho externo para logo depois se atacada por um zumbi sem o queixo, que, com uma força descomunal, enforca-a antes de ser abatido, sob a testemunha do pequeno Howard ‘Howie’ Phillips (Tommy Dean Musset), com o nome em referência ao escritor. Ele ainda testemunha Dr. West sendo preso e encontra uma injeção com o produto fosforescente, antes de surgirem os créditos.

Treze anos depois, o Dr. West está encarcerado em um presídio em Arkham, ainda realizando experimentos com ratos que captura no local para a extração do que ele chama de “NPE” (Energia Nano-Plásmica), retirada do cérebro do espécime para ser armazenada em uma pequena lâmpada. O ratinho pertence a um dos presos, que desconfia das ações do doutor e planeja uma vingança. Dr. West passa a atuar no laboratório médico no instante que chega ao local outro médico, Dr. Howard Phillips (Jason Barry), aquele garoto visto no começo. Ele podia estar ali como vingança pela morte da irmã, o que seria mais justo, mas ele está fascinado pelos experimentos e quer ajudar West a continuá-los.

Também chega ao presídio a jornalista Laura Olney (Elsa Pataky, da franquia Velozes e Furiosos), que finge interesse nos processos da pena capital, promovidos pelo diretor Brando (Simón Andreu, de Olhos Mortais). Na verdade, ela tem acompanhado as pesquisas de Dr. West e também tem interesse em fazer uma matéria sobre. Apesar dos avisos de West, ela se envolve com Howard – mais uma vez a mulher sendo vista como a perdição da ciência -, apenas para depois ter seu destino selado pelo violento diretor. Depois que um preso sofre ataque cardíaco e morre, West e Howard conseguem trazê-lo de volta, mas envolto em insanidade. West acredita que a extração da energia do cérebro poderia ser o último elemento para trazer aos mortos revividos a consciência.

Como se imagina, no último ato, a loucura irá se estabelecer no presídio, com mortos-vivos e bizarrices. O filme responde a algumas perguntas como o que aconteceria se alguém vivo injetasse o reagente, e propõe uma outra, também respondida: e se a energia Nano-Plásmica vier de um espécime diferente? Quando o diretor morre, West injeta o reagente e o NPE de um rato, somente para que ele sofra transformações risíveis, enquanto Laura recebe o do próprio diretor, agindo com diferentes personalidades. Outro ponto a ser pensado, na proposta do roteiro de José Manuel Gómez, a partir de um argumento de Miguel Tejada-Flores (A Sétima Vítima), é a de mortos-vivos serem capazes de gerar outros. Nos anteriores, o processo depende das ações do insano Dr. Carl Hill (David Gale), mas aqui isso parece envolver apenas mordidas, como nos filmes tradicionais de zumbis.

Para elevar o tom de bizarrice da produção, o diretor é castrado por Laura, tendo o órgão sendo empurrado pelo ratinho em uma cena sem sentido e que serve de justificativa para o que acontece durante os créditos finais. Assim, o que antes era apenas considerado incômodo (como o cadáver que conduz a cabeça ou a própria com asas de morcego) agora passa a ter tons de humor quase pastelão, expresso nas atuações exageradas do diretor-rato e algumas situações absurdas. Nesse festival de insanidades, West só pensa em encontrar meios de escapar da prisão para fazer seus experimentos em outros locais, mais tranquilos, e sem o envolvimento de terceiros. Como acontecia nos outros filmes, mais uma vez ele instala o caos para depois tentar sair de cena discretamente.

Re-Animator: Fase Terminal é o mais fraco da franquia. Até mesmo no quesito diversão, o longa peca em sua realização sem construir realmente momentos incômodos. Se os anteriores ainda havia um bom elenco de suporte – principalmente o primeiro, com Barbara Crampton e David Gale -, aqueles que neste figuram ao lado do insano West não são interessantes. E o roteiro também não ajuda para que haja uma pequena porção de empatia. Howard, por exemplo, perdeu a irmã vítima de um zumbi criado por West. Ele vai à prisão para ajudá-lo em seus experimentos, mas demonstra preocupação com os princípios éticos. Então, por qual razão foi até lá? Laura coleciona recortes sobre as pesquisas de West, o que levanta a dúvida: se as pessoas sabem que ele fora capaz de criar vida, ainda que tenha ocasionado mais mortes, por que não fizeram uso de seus testes para dar continuidade ao processo? Seria interessante uma trama em que isso fosse explorado, tal qual os experimentos nazistas, com uma equipe de cientistas fazendo uso do reagente para criar um inferno de soldados imortais.

Primeiro filme da franquia filmado na Espanha, foi uma das últimas produções da Fantastic Factory (Filmax). O longa teve sua première no Sci-Fi Channel, e conquistou avaliações medianas. Justo. Embora exista sempre a curiosidade em ver os próximos passos do cientista louco, Re-Animator: Fase Terminal não vai além disso. Trouxe poucos acréscimos e foi engessado pelo roteiro que pouco tentou ousar ou partiu para algo diferente, sem explorar outras possibilidades com o líquido verde. Trata-se de um quase reboot falho como muitas tentativas de recomeço do cientista maluco criado por Lovecraft.

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Marcelo Milici

Professor e crítico de cinema há vinte anos, fundou o site Boca do Inferno, uma das principais referências do gênero fantástico no Brasil. Foi colunista do site Omelete, articulista da revista Amazing e jurado dos festivais Cinefantasy, Espantomania, SP Terror e do sarau da Casa das Rosas. Possui publicações em diversas antologias como “Terra Morta”, Arquivos do Mal”, “Galáxias Ocultas”, “A Hora Morta” e “Insanidade”, além de composições poéticas no livro “A Sociedade dos Poetas Vivos”. É um dos autores da enciclopédia “Medo de Palhaço”, lançado pela editora Évora.

One thought on “Re-Animator: Fase Terminal (2003)

  • 23/09/2022 em 14:19
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    O filme chega até a ser legalzinho, só que de certeza ele é o mais fraco da trilogia

    Resposta

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