4.3
(17)

A Queda
Original:Fall
Ano:2022•País:EUA, UK
Direção:Scott Mann
Roteiro:Scott Mann, Jonathan Frank
Produção:David Haring, James Harris, Mark Lane, Scott Mann, Christian Mercuri
Elenco:Grace Caroline Currey, Virginia Gardner, Mason Gooding, Jeffrey Dean Morgan, Jasper Cole, Darrell Dennis, Bamm Ericsen, Julia Pace Mitchell

Você não precisa sofrer de acrofobia para se sentir incomodado com o filme A Queda. Até mesmo pessoas acostumadas com escalada esportiva e que buscam desafios envoltos em adrenalina em grande alturas sentirão alguns arrepios com o longa de Scott Mann (Refém do Jogo, 2018). Faz parte daquelas produções que provocam vertigem no espectador mais empático, que acabará soltando frases como “ela são loucas!“, “impossível alguém ter essa coragem”. Com um custo estimado em pouco mais de U$4 milhões – uma boa parte deve ter servido para pagar o cachê de Jeffrey Dean Morgan -, o longa teve uma passagem razoável pelos cinemas lá fora em sua estreia em 12 de agosto, embora as críticas sejam, em sua maioria, positivas.

Inspirado no visual da torre da rádio KXTV/KOVR, na Califórnia, o filme coloca duas garotas ilhadas no topo de uma parecida, acima de 600 metros. Becky (Grace Caroline Currey, de Annabelle 2: A Criação do Mal) e Hunter (Virginia Gardner, de Halloween, 2018) costumam testar seus limites ao escalar montanhas. Na última em que estiveram juntas, Dan (Mason Gooding, Pânico, 2022), marido de Becky, morreu ao se desequilibrar em uma grande altura, levando a garota a se resguardar em luto, sem sair de casa, mesmo com os constantes pedidos de seu pai James (Jeffrey Dean Morgan), sempre contrário à relação dos dois. Hunter então a convida para uma experiência de escalada única: alcançar o topo da torre de uma rádio que será demolida em breve.

Se ela será demolida, talvez a razão esteja em sua má conservação, você pode pensar. Hastes enferrujadas, parafusos soltos, metal corroído… a câmera de Scott Mann faz questão de acentuar cada sugestão de falha, numa sintonia assustadora com o vento forte que vibra a torre, como se fosse a ação da morte da franquia Premonição. E foram vários sinais de que algo poderia dar errado antes mesmo que elas começassem a aventura, com destaque para a carcaça de um animal, carcomido por abutres, representando uma natureza sádica e voraz. Mais preocupada com seguidores e curtidas, Hunter só pensa nos alcances que os vídeos editados terão, depois que ela retornar para um ponto onde a internet funcione.

Algumas olhadas para baixo, e suas glândulas sudoríparas começam a agir inicialmente nas mãos – não as delas, mas as suas, mesmo que estejam embaixo de um cobertor quentinho na sala de casa. É claro que as escadas enferrujadas não irão suportar o peso delas, quando já estiverem pensando em descer. Presas no alto, sem alimento e com pouca água, Becky e Hunter terão que descobrir um jeito de pedir ajuda, ou sair dali ao mesmo tempo em que alguns segredos que possuem serão revelados – um dos poucos equívocos do roteiro de Mann e Jonathan Frank. A dupla também peca na dinâmica da proposta: eles até criam situações de tensão, mas precisam apelar para pesadelos e ilusões para completar o que a experiência já tinha sido suficiente.

Outra falha que impede uma avaliação bem mais positiva está na duração. 100 minutos se revelam desnecessários para o que a narrativa pretende mostrar. Uns dez ou quinze poderiam ter ficado na sala de edição junto com os mais de trinta “fuck” que as meninas disseram e que foram cortados a pedido da Lionsgate Films para dar uma classificação etária mais acessível. De todo modo, A Queda cumpre seu papel de transmitir o pânico que James Stewart teve em Um Corpo que Cai. Por várias vezes, senti vontade de pausar o filme para respirar um pouco, assim como a própria Becky fez enquanto subia. E ela ainda teve uma experiência traumática como justificativa, e não a frescura de um crítico, incomodado como se estivesse naqueles pesadelos em que se vê caindo.

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Média da classificação 4.3 / 5. Número de votos: 17

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5 Comentários

  1. Não esperava nada e gostei bastante do filme. Apesar de começar com a tentativa mais estúpida possível de tentar superar um trauma, conseguiu se sair bem e manter a tensão. Claro que várias tentativas das protagonistas de obter ajuda já sabemos que serão infrutíferas, mas se não fossem assim, o filme acabaria em poucos minutos. Tem uma revelação interessante próxima do fim, que faz algumas cenas “impossíveis” passarem a fazer sentido. Apesar de algumas falhas, o filme é satisfatório e vale a pena assistir.

    1. Avatar photo

      Essa revelação me pegou completamente desprevenida. Pra mim o filme ganhou muitos pontos ali, hahaha!

  2. O final estragou todo o filme, que vazio de ideias do diretor do mesmo.

    1. [COMENTÁRIO COM SPOILERS]

      Vi hoje e gostei e a revelação que a amiga morreu fez sentido, pq iria parecer ridícula ela ter sobrevivido a queda amortecida por uma bolsa

  3. Filme envolvente que me deu alguns calafrios.

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