4.2
(5)

Annabelle 2: A Criação do Mal
Original:Annabelle: Creation
Ano:2017•País:EUA
Direção:David F. Sandberg
Roteiro:Gary Dauberman
Produção:James Wan, Peter Safran
Elenco:Stephanie Sigman, Talitha Bateman, Lulu Wilson, Miranda Otto, Anthony LaPaglia, Alicia Vela-Bailey, Grace Fulton, Samara Lee, Philippa Coulthard, Joseph Bishara

Trancafiada numa caixa de madeira, Annabelle era apenas mais um objeto considerado amaldiçoado do Museu que Ed e Lorraine Warren mantinham. Uma pequena participação no filme Invocação do Mal, de James Wan, com uma aparência demoníaca, e ela passou a ser referência entre os brinquedos malditos, ocupando um lugar especial ao lado de Chucky. Assim, em 2014, Annabelle ganhou um filme solo, com direção de John R. Leonetti, a partir de um enredo de Gary Dauberman. Embora contextualizado de maneira interessante, traçando paralelos com os crimes de Charles Manson, e ainda fazendo referência ao clássico O Bebê de Rosemary, Annabelle parecia ter se esquecido do quesito indispensável a qualquer produção do gênero: causar medo. Uma série de sustos e alguns bons momentos, com a sequência no porão, tornaram a produção apenas mediana, sem merecer a recomendação para aqueles que gostaram de Invocação do Mal.

Quando escrevi o filme em 2014, encerrei a análise com a previsão: “Apesar da conclusão do longa dialogar com Invocação do Mal, é bem provável que os bons índices de arrecadação nas bilheterias possam levar Annabelle a aparecer em outros momentos.” A única possibilidade prevista para a volta da boneca amaldiçoada seria como um prelúdio, contando algum fato anterior ao primeiro filme, mas não foi em Annabelle que o suicídio de uma satanista teria provocado a maldição? Em outubro de 2015, o filme entrou em pré-produção, com a indicação do diretor David F. Sandberg, do curta Lights Out e do longa Quando as Luzes se Apagam. Fã da franquia desenvolvida por James Wan, o cineasta pensava em um filme com toques de Desafio ao Além (1963), trilha similar a O Iluminado (1980), retornando para a atmosfera old school de Invocação do Mal.

O resultado foi incrivelmente satisfatório. Orçado em apenas U$15 milhões, o longa alcançou U$35 só nos Estados Unidos, chegando até o momento, antes da estreia brasileira, ao impressionante valor de U$75, provando que o horror sutil e a claustrofobia proposta estão sendo muito bem vindas. Justin Lowe do The Hollywood Reporter definiu bem ao dizer que o filme “está mais próximo no tom e nas táticas old-school dos sustos do que Invocação do Mal 2 e Annabelle.” Realmente, Annabelle 2 traz arrepios interessantes, provocando o medo de maneira natural sem os exageros que o estilo atual tem proporcionado.

O filme começa em 1945, com o fabricante de brinquedos Samuel Mullins (Anthony LaPaglia) em momentos descontraídos com a esposa Esther (Miranda Otto, de O Senhor dos Anéis) e a adorável filha Annabelle (Samara Lee, de O Último Caçador de Bruxas, 2015), apelidada carinhosamente de Bee. Entre as brincadeiras de costume, está uma em que a pequena se esconde na fazenda onde moram e deixa bilhetes com mensagens que o espectador vai estabelecer conexão com Invocação do Mal e Annabelle: “Me encontre“. Durante um retorno da Igreja, o pneu estoura no meio da estrada quente. Quando um parafuso se solta, Bee tenta pegá-lo na pista e é violentamente atropelada, numa imagem de gelar o público.

Doze anos depois, a residência dos Mullins se transforma em um orfanato, recebendo as crianças que são cuidadas pela irmã Charlotte (Stephanie Sigman). Entre as seis órfãs, destacam-se as amigas Linda (Lulu Wilson, de Ouija: Origem do Mal, 2016) e a que necessita de cuidados especiais Janice (Talitha Bateman, de A 5ª Onda, 2016), que tem problemas de locomoção devido a sequelas de uma polio. Durante a noite, Janice é atraída até um quarto que Samuel havia pedido que não fosse aberto por pertencer a filha Bee. Ali, entre brinquedos como uma casa de bonecas gigante, nos moldes da fazenda, a garota encontra a boneca Annabelle isolada em um closet. A partir daí, o terror passa a atingir a menina, com visões assustadoras e momentos de puro terror, como o que envolve a cadeira de locomoção das escadas.

Sandberg parece ter tido boas aulas com James Wan ao despertar o terror em pequenos detalhes que acabam se transformando em sustos imensos. Devido a ações indevidas – que originou todo o pesadelo na fazenda – Esther é mantida em um quarto, com uma máscara cobrindo metade do rosto ao estilo O Fantasma da Ópera. Para chamar seu marido, ela usa um sino, um elemento que se mistura ao rosto tenebroso da mulher e cria uma entidade aterrorizante num dos grandes momentos do filme. Outro elemento que adquire boas proporções maiores é o espantalho, que só a presença já causa um certo incômodo no espectador. Aliás, não me surpreenderia se fossem feitos longas sobre essas assombrações menores, como aconteceu com a própria Annabelle e a Freira Demoníaca, que é lembrada no filme e terá também produção solo.

Até mesmo a referência aO Chamado permitiu arrepios que não soaram oportunistas. E o roteiro de Gary Dauberman soube explorar os lugares mais sinistros da fazenda, como o cômodo que se esconde embaixo das escadas e até mesmo o beliche, que dificilmente é lembrado pelo gênero. A ambientação adequada, somados à aparência da bonequinha Samara Lee e os bons efeitos especiais – é impossível não se esquivar da sequência em que determinado personagem cresce de maneira sobrenatural -, transformam o filme numa experiência verdadeiramente assustadora.

Annabelle 2 encerra corretamente sua saga cinematográfica. Agora, a boneca pode retornar à caixa de madeira, com seu sorriso ainda mais horrendo, satisfeita pelo trabalho bem feito, apenas aguardando a sua visita no cinema mais próximos. Se o eriçar de seus pelos for uma tradução de seu medo, é bom avisá-lo que Annabelle 2 irá lhe proporcionar momentos arrepiantes!

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Média da classificação 4.2 / 5. Número de votos: 5

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27 Comentários

  1. Eu detestei o primeiro filme. Foi ridiculo. Vi alguns elogios a esse e achei o trailer interessante então decidi conferir. É bem melhor do que eu esperava realmente. A cena do lençol pra mim é fantástica, assim como o atropelamento da filha no início do filme. A boneca conseguiu enfim assustar e não me fazer rir como no primeiro filme. Não é um clássico, mas é bom. É assistível.

    Atuações excelentes (principalmente da protagonista e das meninas mais velhas), o filme faz com que você se importe com os personagens. Só faltaram mais mortes na minha opinião, acho que a boneca tem medo de matar o povo…

  2. Quais momentos assustadores, é sério que esse filme ganhou 4 caveiras???? Nunca vi nada mais clichê, fraco como sopa de piaba e ainda tem quem diga que foi melhor que o primeiro…eu achei muuuuito superestimado apenas reuniu sustos clichês de todos os filmes que já vimos. Nem uma cena de exorcismo decente, como nos Invocações do mal rolou…enfim uma tragédia cinematográfica.

  3. Desculpa Marcello, mas acho que você gosta muito da boneca e\ou estava em um ótimo dia quando decidiu fazer essa crítica.

    O filme é raso, a mistura de muitas personagens mulheres contra apenas 1 personagem masculino deixa a coisa desequilibrada e confusa, demorei 53 minutos pra levar um susto (e só porque eu tenho medo de voz de demônio) e o resto do filme eu liguei minha cabeça no piloto automático, o ”capetão” foi bem mal aproveitado e não teve espaço para brilhar no filme como no Anabelle 1 e aquele espantalho virou um ”homem torto” da vida, deslocado da trama e sem necessidade, o lance do poço não convencia e o casal teve uma participação mínima, esse filme me lembrou ”A mulher de preto 2” não sei por que, provavelmente por causa da fotografia e da trama lenta. Eu daria 2 caveiras e meia sendo muito generoso.

    Única coisa boa foi ter a ”participação” da Freira que vai estreiar ano que vem num filme solo.

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      Não entendi o problema de ter só um homem entre as personagens. Acho que vc tá acostumado demais com o padrãozinho, hein?

    2. Verdade até A mulher de preto 2 foi melhor que esse e a boneca que pouco fez no primeiro não fez NADA nesse.

  4. A história é básica e o telespectador mais cascudo, já mata a charada nos primeiros 15 minutos. Mas nem por isso o filme é ruim. Algumas cenas garantem alguns sustos, se você deixar rolar. Os personagens são básicos, mas bem interpretados pelo elenco.

    Annabelle não tem nada de inovador e não acrescenta nada de novo ao gênero. É um filme mediano, mas que ainda assim vale á pena dar uma conferida.
    https://www.facebook.com/bautrash/

  5. Filme besta, com sustos forçados e repleto de clichés.

    1. Filme bem abaixo das espectativas.Tinha potencial para uma história melhor que a do (péssimo) primeiro filme contando como tudo começou mas, no fim,junta elementos para spin-offs e acaba não assustando ninguém.A sensação de que”já sei o que vai acontecer” persiste por todo o filme. Puro clichê!

  6. Annabelle 2 não é melhor e nem pior que o 1º, é tão dispensável quanto. Só mais um caça níquel que lembra muito outra horrível continuação: A Entidade 2. Mais do mesmo!

  7. Nossa, realmente esse site não é mais o mesmo… o cara fala mal de A Profecia de 1978, de grandes clássicos e vem dizer que Annabelle 2 é um excelente filme de terror? Acho que não vi o mesmo filme que você então… o filme é tão fraco quanto o primeiro, apenas melhor que ele, fora isso, nada demais acontece, á não ser pelo final que na minha opinião é um dos melhores já feitos num filme de terror, pra não se dizer o melhor, fora isso… tão fraco e bobo quanto o primeiro!

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      A pessoa que falou mal de A Profecia não é a mesma que elogiou Annabelle. Segundo, o filme tem, sim, seus méritos pelo enredo bem construído e momentos assustadores. Mas, é tudo questão de opinião. Tenho certeza absoluta que dentro do seu critério de bons filmes do gênero deve ter aqueles que considero uma bomba e não entendo porque você gosta.

      Abs

      1. Anabelle, Invocação do Mal, e outros similares só assustam a criançada da geração Nutella. Quem, como eu, já devorou os livros de Lovecraft, Poe, Stephen King, Frank de Felitta, David Seltzer, Clive Barker e etc., tem base para falar de medo. Isso que vem aparecendo nos cinemas nos últimos anos é só mais do mesmo.

        1. Nossa, disse tudo amigo… deveria cavar uma vaga nesse site, quem sabe assim não teríamos umas análises boas mesmo…

        2. Já li esses autores e nem por isso fico menosprezando os bons filmes da safra atual como A Bruxa, Somos o Que Somos, Babadook, Sala Verde, REC e o próprio Invocação do Mal. Essa conversa de “geração Nutella” acaba traindo a sua intenção de parecer expert no gênero. Expressão banal e tosca demais.

          1. Caro Roger,
            1) Usei a expressão para contextualizar.
            2) É apenas minha opinião baseada, óbvio, na minha experiência.
            3) A experiência de cada um é o parâmetro para avaliar o que é bom ou ruim.
            4) Dos filmes que você citou, na minha opinião, A Bruxa junto com a Autópsia de Jane Doe estão muito além dos filmes da sua geração.
            5) Seja feliz com suas escolhas.

  8. Pessoal, assisti ontem Annabelle 2. Podem assistir sem medo, é muito melhor que o original. Tem cenas tensas genuinas (sem apelar para a musica alta), bons atores e atrizes que você fica torcendo por eles e ainda conecta com a franquia total. Agora prestem atenção na ponta que a freira maldita (e o proximo spin off) do invocação do mal 2 faz.

  9. Tbm elogiaram a pré-sequencia de Ouija, e me decepcionei totalmente. Ainda com um pé atrás com esse novo Annabelle!

  10. Não é possível que eu tenha assistido o mesmo filme que vcs. “Anabelle 2” pra mim é o mais fraco de toda essa leva maravilhosa de filmes de “Invocação do mal”. Não é ruim… Porém, não se supera como tem acontecido. Não tem nenhuma cena que a gente assista e diga “CARALH@@@@@@@@@@@@@@”

    1. Pensei que eu fosse o único que achasse isso. Para mim o primeiro é muito melhor.

  11. Me surpreendi positivamente com esse filme. Se tornou meu favorito da franquia depois do primeiro The Conjuring.

  12. Eu escutei muitos elogios da crítica sobre este novo “Anabelle”. Esquisito isso, a continuação parece ser anos luz superior ao primeiro, geralmente é ao contrário. A galera da rádio 89 estava comentando sobre a recepção da crítica e fiquei empolgado para ver.

  13. Quando as Luzes se Apagam é uma porcaria… O primeiro Annabelle também não tem nada demais…. então minha vontade continua sendo zero em conferir esse

  14. Se for que nem a porcaria de “Quando as Luzes se Apagam” nunca mais assisto nada desse diretor, esse cara é mestre em dirigir besteiras.

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