A Vastidão da Noite
Original:The Vast of Night
Ano:2019•País:EUA Direção:Andrew Patterson Roteiro:James Montague (Andrew Patterson sob pseudônimo), Craig W. Sanger Produção:Adam Dietrich, Melissa Kirkendall, Andrew Patterson Elenco:Sierra McCormick, Jake Horowitz, Gail Cronauer, Bruce Davis, Cheyenne Barton, Mark Banik, Adam Dietrich |
O que você faria se o destino jogasse um mistério ‘daqueles’ nas suas mãos com todas as condições para desvendá-lo? Seguiria as pistas, mesmo ciente dos perigos que a aventura poderia lhe trazer, ou deixaria para lá e tocaria sua vida, seguindo aquela máxima “o seguro morreu de velho”? Em A Vastidão da Noite, temos dois adolescentes curiosos que se deparam com uma realidade muito maior do que poderiam supor, mas que não perdem a chance de viver os momentos mais excitantes de suas vidas.
Lançado em 2019, A Vastidão da Noite parece ser o único filme do diretor e roteirista Andrew Patterson até o momento (conforme o IMDb), e posso dizer que ele já chegou “chegando”, acertando em cheio ao recontar uma história clichê com profundidade e algum estilo.
Tudo começa numa noite em algum ponto da década de 1950, quando dois estudantes, em seus respectivos empregos noturnos, Fay como telefonista e Everett como radialista, se deparam com frequências estranhas interferindo nas comunicações da cidade. O fenômeno acontece numa noite diferenciada, em que todos os moradores da minúscula Cayuga, Novo México, estão entretidos em uma partida de basquete no colégio dos protagonistas.
Usando de inteligência e astúcia, movidos por muita curiosidade, eles gravam o ruído e transmitem via rádio para caso algum dos poucos ouvintes que não estejam acompanhando o jogo possam ter alguma informação. E as informações começam a aparecer, conduzindo os dois jovens por um rastro de registros, memórias e confirmações incríveis demais para serem admitidas pelos dois como verdade. E é na elucidação desse mistério, que só se realiza nos últimos segundos do filme – com final aberto pendendo para o trágico – que o filme se destaca.
A direção acerta em cheio ao nos conduzir pela pequena e quase deserta Cayuga, a partir de planos-sequências através dos quais a maior parte do filme é narrada. É por esses planos que conhecemos os detalhes de Cayuga, e temos a sensação de estar lá com Fay e Everett vivendo esses instantes de ansiedade e agitação – sensação que se reforça pela narrativa rápida e contada praticamente em “tempo real”, com a duração do mistério pelo exato tempo da partida de basquete que acontece no ginásio local.
A direção de arte e edição de som também acentuam a imersão e a tal “vastidão da noite” em Cayuga, que se torna profunda e misteriosa em seu silêncio escuro cortado por ruídos e chamadas telefônicas nesse curto espaço de tempo. É de fato assustador e emocionante acompanhar a empolgação de todos a cada nova informação de que “algo foi visto no céu” e relatos sobre seu movimento, sua forma, etc.
Outro ponto a se destacar são as referências. O roteiro se apoia em antigos mistérios, hoje lembrados como o Kecksburg UFO Incident, sobre aparições de luzes nos arredores de uma pequena cidade da Pensilvânia em 1965 (e que foi mote de um episódio da clássica série Mistérios Sem Solução, em 1990), e nos desaparecimentos de Foss Lake, Oklahoma, ocorridos em 1969 – este último, um mistério já resolvido, e que parece nada a ter a ver com seres de outros planetas.
Mesmo com as boas referências, o que temos em A Vastidão da Noite é uma história que já vimos, porém narrada de forma criativa, e cujo ponto alto é justamente empurrar o clímax até os seus últimos segundos. Um ‘crescendo’ numa direção que, mesmo sabendo (enquanto espectadores) aonde vai dar, nos angustia e impede qualquer certeza até o último momento. Pra quem tiver interesse, está disponível no Prime Video.
Spoiler:
Podiam ter evitado mostrar as naves no final e deixar algo mais sugestionado.
Mesmo assim, baita flme.
Assistam.