A Roleta da Morte
Original:Uno para morir
Ano:2023•País:México Direção:Manolo Cardona Roteiro:Julieta Steinberg, Frank Ariza, Gavo Amiel Produção:Julye Cuartas, Mariana Zubillaga Elenco:Manolo Cardona, Maribel Verdú, Carla Adell, Dagoberto Gama, Juan Carlos Remolina, Fernando Becerril, Adriana Paz, Tiago Correa |
A premissa não apresenta nenhuma novidade desde Cubo (Cube, 1997), ao colocar em um único cenário sete estranhos com uma proposta mortal. Trata-se de mais um longa engessado na fórmula dos “escape rooms“, diferenciando no elenco e ambientação, na motivação e nas “armadilhas“. Neste caso, o diálogo é ainda maior com o bom Circle, de Aaron Hann e Mario Miscione, com o diferencial inverso: em A Roleta da Morte (Uno para morir, 2023) o grupo precisa escolher entre eles quem irá morrer. Se não o fizerem em uma hora, todos serão condenados.
O roteiro de Julieta Steinberg, Frank Ariza e Gavo Amiel traz ainda mais duas regras ditas pelo Jigsaw da vez: a escolha da vítima será feita pelo voto da maioria, sendo que 1. ninguém pode escolher a si mesmo e 2. o escolhido tem que concordar com o seu destino. Esse é o dilema moral do policial Simon (o também diretor Manolo Cardona), da comissária de bordo Teresa (Adriana Paz), o idoso José (Fernando Becerril), o cirurgião Armando (Dagoberto Gama) e uma família com três membros: a jovem advogada Lupe (Carla Adell) e seus pais Esteban (Juan Carlos Remolina) e Marta (Maribel Verdú).
Se a escolha pode parecer fácil a princípio pelo critério da idade, logo se expande para novos conflitos pela vida que cada um levava até então. Teresa é viciada em drogas, o que lhe dá uma condição desesperadora de abstinência, enquanto Armando teve a vida de um paciente perdida pelas escolhas erradas, assim como o policial frustrado pela busca por um assassino violento, além da arrogância dos ricos Esteban e Marta, também com um passado conturbado envolvendo gravidez e abandono. À medida em que o tempo passa, as salas são abertas para apresentar um jogo de revelações, e todos parecem ter uma conexão com uma perda fatal, que traz a justificativa da estadia de cada um.
Logo a trama se espelha também em Jogos Mortais 2, além de uma pitada na clássica literatura de Agatha Christie “E Não Sobrou Nenhum“. Enquanto o relógio caminha para seu ponto final, a decisão pelo sacrifício acabará pendendo para aqueles que souberem organizar o grupo, como as tradicionais votações do Big Brother em que os votos passam a ser combinados. Toda a dinâmica dos personagens e a profundidade na exposição de seus passados caminham para um final próximo de uma boa avaliação com 4 caveiras, porém, no último ato, tentando fugir do lugar comum, o longa mexicano se perde numa corrida por um labirinto, assassinos armados e uma improvável conspiração.
Pode-se dizer, sem pesar no trocadilho, que A Roleta da Morte peca por suas escolhas. A trama era consistente, com bons aspectos técnicos e interpretações, com Manolo Cardona sabendo conduzir o enredo com um caráter autoral para uma fórmula padrão. Contudo, foram os excessos que tornaram o longa mexicano pouco interessante, com viradas na trama desnecessárias e que somente prejudicaram o resultado final.