Carnifex (2022)

3.5
(4)

Carnifex
Original:Carnifex
Ano:2022•País:Austrália
Direção:Sean Lahiff
Roteiro:Shanti Gudgeon
Produção:Gena Helen Ashwell, Helen Leake
Elenco:Darren Gilshenan, Harry Greenwood, Alexandra Park, Brendan Rock, Sisi Stringer

O termo “carnifex” é oriundo da Roma Antiga e significa “carrasco“, “o executor“. Mas também é o nome científico do extinto Leão-Marsupial, um predador que habitava a Austrália há 40 mil anos, durante o período Pleistoceno, embora existam biólogos que acreditem que a criatura seja apenas uma criação lendária para afastar caçadores e evitar o desmatamento. Essa informação é passada ao público através do personagem Ben (Harry Greenwood), que faz um diagnóstico apenas pelas pequenas marcas de arranhão em uma árvore, ignorando o gigantesco número de possibilidades que aquilo poderia representar. Ele se une à bióloga Grace (Sisi Stringer) para auxiliar no documentário de Bailey (Alexandra Park), registrando o retorno das espécies à mata após os terríveis incêndios registrados na floresta australiana em 2019.

Essa é a proposta do primeiro longa de Sean Lahiff, que tem feito inúmeros trabalhos como editor de séries como Wolf Creek e do terror Relíquia Macabra (Relic, 2020). Ele desenvolve um típico filme de monstro, com um formato que poderia ter inspirado um found footage: três pessoas numa floresta para a realização de um documentário lembra alguma coisa? Ainda que a premissa possa ser interessante, pouca coisa acontece na primeira metade, apostando na ótima fotografia de Kieran Fowler, e no desenvolvimento sutil de um possível triângulo amoroso. Até lá o tal marsupial, escondido nas sombras e em buracos de árvore, irá incomodar um caçador e um guarda-florestal até mostrar literalmente suas garras para o trio protagonista.

Destaca-se Ben por se mostrar bastante conhecedor da fauna local, seguido por Grace por sua coragem de enfrentar a criatura em diversas ambientações, incluindo em uma armadilha. Já Bailey traz evidências de uma personagem real, agindo como uma pessoa normal faria naquela situação ao buscar um ambiente seguro para se proteger. O problema do roteiro de Shanti Gudgeon é que ele esqueceu de assustá-la adequadamente, pois ela nem sequer sabia da extensão da ameaça até se trancar em um veículo. Parece que os personagens já sabiam do que se tratava pela sinopse, entendendo até mesmo o modo de ataque de um predador que não se sabe se existiu; e o próprio marsupial também deve ter lido o roteiro para saber como agir.

Com efeitos digitalmente razoáveis, Carnifex até permite que o espectador roa algumas unhas com um suspense de pouca profundidade, mas termina sem realmente concluir. Deixa espaço para a imaginação do infernauta e até mesmo para uma continuação que dificilmente será feita, o que é bom para nós e para o monstrinho extinto.

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Marcelo Milici

Professor e crítico de cinema há vinte anos, fundou o site Boca do Inferno, uma das principais referências do gênero fantástico no Brasil. Foi colunista do site Omelete, articulista da revista Amazing e jurado dos festivais Cinefantasy, Espantomania, SP Terror e do sarau da Casa das Rosas. Possui publicações em diversas antologias como “Terra Morta”, Arquivos do Mal”, “Galáxias Ocultas”, “A Hora Morta” e “Insanidade”, além de composições poéticas no livro “A Sociedade dos Poetas Vivos”. É um dos autores da enciclopédia “Medo de Palhaço”, lançado pela editora Évora.

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