4.3
(11)

A Volta dos Mortos-Vivos 3
Original:Return of the Living Dead III
Ano:1993•País:EUA, Japão
Direção:Brian Yuzna
Roteiro:John Penney
Produção:Gary Schmoeller, Brian Yuzna
Elenco:Kent McCord, James T. Callahan, Sarah Douglas, Melinda Clarke, Abigail Lenz, J. Trevor Edmond, Jill Andre, Michael Decker, Mike Moroff, Julian Scott Urena, Sal Lopez, Dana Lee, Michael Deak

Melinda Clarke não era fã de terror quando aceitou participar de A Volta dos Mortos Vivos 3 (Return of the Living Dead III, 1993), e até hoje ainda não entende por que sua personagem Julie passou a ser uma musa-referência do gênero, um dos principais símbolos dos filmes de mortos-vivos de todos os tempos. As nove horas de maquiagem, com mais de 100 penduricalhos, fez com que sua zumbi dialogasse com os cenobitas de Clive Barker, sendo uma criação de orgulho para o diretor Brian Yuzna, que não pode dedicar mais tempo de tela para a Noiva do Re-Animator.

A Volta dos Mortos-Vivos 3 (1993)

Desde o lançamento de A Volta dos Mortos Vivos 2, Yuzna tinha demonstrado interesse em fazer um filme da franquia. Era a primeira aposta da distribuidora Trimark Pictures, desde que aceitassem algumas diferenças na condução e no roteiro de John Penney. O cineasta não queria que o filme pendesse tanto para o humor, com mais espaço para zumbis deformados e aberrações, e que permitisse que eles devorassem não apenas o cérebro de suas vítimas, mas também a carne, e se lambuzassem de sangue. Também é notada uma significativa mudança na geração de novos zumbis: tanto no primeiro quanto no segundo filmes, o contato com a trioxina, seja pelo gás ou a chuva, é que trazia os mortos à vida, por isso a justificativa das produções terem criaturas saindo das tumbas de grandiosos cemitérios. Este terceiro segue a cartilha de George A. Romero, com pessoas morrendo e voltando à vida pelo contato através de mordidas. Não acho que tenha sido uma boa escolha, uma vez que o diferencial da série está em seus zumbis comedores de cérebros.

Mesmo com tais mudanças – e que fizeram Yuzna pensar em mudar o título para algo como “Kurt and Julie” ou manter o working-titleMortal Zombie” -, o longa se saiu bem nas críticas em seu lançamento primordial em VHS. A Trimark tinha se decepcionado com o baixo rendimento de Warlock: O Armageddon e fez estreias limitadas, permitindo o alcance rápido para as mídias domésticas. A opinião de muitos jornalistas foi favorável, enaltecendo efeitos técnicos e o contexto apaixonado que envolve a produção. Para os fãs de horror, trata-se de um romance com elementos do subgênero zumbis e mortos-vivos, cultuando Julie como a principal referência e motivadora de apreciação de A Volta dos Mortos Vivos 3.

O longa se passa cinco anos após os acontecimentos do segundo filme. Finalmente a razão para a criação da Trioxina é justificada, assim como sua manutenção em uma laboratório secreto: arma militar. O Coronel John Reynolds (Kent McCord), com o apoio dos coronéis Peck (James T. Callahan) e Sinclair (Sarah Douglas), realiza testes com cadáveres, reanimados pelo gás, tendo um ou outro problema de contenção, como o que acontece durante um experimento, resultando em dedos comidos e zumbis descontrolados. A cena é observada pelo filho de Reynolds, Curt (J. Trevor Edmond), que levou a namorada Julie (Clarke) para conhecer o ambiente secreto em que seu pai trabalha – nada mais romântico!

Como os zumbis não podem ser controlados pela fome, Sinclair sugere que eles sejam presos a exoesqueletos, o que poderia resultar em verdadeiras e indestrutíveis armas de guerra. Já Reynolds opta pelo método da “infusão parética“, com um projétil químico sendo disparado na testa do zumbi para que uma reação endotérmica leve seu cérebro a um congelamento. Com a falha na tentativa de controle, os superiores pedem o afastamento de Reynolds para trabalhar em outro polo, em Oklahoma City, contrariando um Curt apaixonado, que não tem planos de se mudar mais uma vez, sugerindo uma fuga de imediato com a namorada. Assim que fogem de moto, eles sofrem um acidente na estrada e Julie é arremessada na direção de uma árvore, morrendo na hora. Curt, com o cartão de acesso do pai, leva seu corpo até o laboratório para que a Trioxina possa trazê-la de volta à vida.

Julie retorna com dores nas articulações, sem sentir batimentos cardíacos e com muita fome. Ao pararem em um mercado para comprar comida, Curt se envolve em um conflito com uma gangue local, composta por Santos (Mike Moroff), Alicia (Pía Reyes) e Sentry (Billy Kane). Na confusão, o atendente (Dana Lee) leva um tiro e Sentry é mordido por Julie, que havia tentado comer de tudo até descobrir o que realmente poderia saciá-la. Desesperada pela sua nova condição, Julie tenta se matar, pulando nas águas que dão acesso aos esgotos e aproveitando para se esconder ali, contando com a ajuda de um mendigo conhecido como Riverman (Basil Wallace), mas logo a gangue vai encontrá-los – numa típica facilitação do roteiro – e um confronto nos túneis será inevitável.

É lá que Julie perceberá que, ao seu mutilar, a dor diminui. Ela então irá usar utensílios da moradia de Riverman, como pregos, molas e correntes, além de vidros e arames, para chegar ao visual belissimamente assustador que tornou sua personagem tão conhecida. Um fetiche para os fãs do gênero, a Julie zumbi promoverá um dos momentos mais visualmente impactantes da produção ao arrancar a cabeça de um indivíduo, ligada à sua coluna vertebral. E fará mais alguns estragos, até a chegada de Reynolds e alguns soldados na caça de seu filho e dos contaminados.

Como se percebe, A Volta dos Mortos Vivos 3 poderia funcionar como uma produção à parte da franquia dos “mortos comedores de cérebro“. Não há momentos de paródia ao subgênero, e nem segue a mesma fórmula, envolvendo doentes, invasão pelas ruas da cidade e cemitérios. Até mesmo a trilha sonora rock’n roll não está entre os principais destaques do filme. Por outro lado, talvez a inspiração para uma “história de amor com zumbis” tenha vindo da relação vista nos dois primeiros filmes com os casais Ed e Brenda, e Freddy e Tina. E há a tal trioxina, envolvimento do exército, e o ator Brain Peck em cena (no primeiro, atuou como Scuz, no segundo como zumbi; e no terceiro, como agente do governo).

Foi sugerido a Yuzna a possibilidade de trazer outros atores dos filmes anteriores, como James Karen e Don Calfa, mas ambos recusaram a proposta, corroborando com o diretor que não queria acrescentar alívios cômicos. Com o resultado satisfatório na visão do cineasta, durante um tempo ele teve a intenção de dirigir um quarto filme, no qual os zumbis escapariam do laboratório para invadir as ruas de Los Angeles, mas os custos que uma produção assim exigiria o desanimaram, fazendo-o comandar logo em seguida a bagaceira O Dentista (The Dentist, 1996).

Revendo, após anos de aluguéis em locadora e a exibição cortada na TV, A Volta dos Mortos Vivos 3 ainda é um filme interessante, com a melhor caracterização de zumbis da franquia e boas sequências de sangue e violência. Realmente não deve ser comparado aos anteriores por toda sua concepção diferenciada, seguindo outras Partes 3 que fugiram à regra de seus anteriores, como Halloween III, Sexta-Feira – Parte 3, entre outros. Tem um elenco esforçado, com boas atuações, mas completamente ofuscado pela morta-viva Julie, a melhor criação de Yuzna e a principal referência ao gênero nos anos 90.

Em tempo, depois do ataque ao laboratório e a fuga pelos esgotos, viriam mais dois exemplares da série, os péssimos A Volta dos Mortos Vivos: Necropolis e A Volta dos Mortos Vivos – Rave, ambos de 2005, com Peter Coyote passando vergonha entre zumbis malfeitos e enredos problemáticos.

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1 comentário

  1. Esse foi o primeiro, e único filme da franquia que eu assisti e curti bastante. Nessa época eu já estava gostando de filmes de horror/terror. Acho legal pra caramba!!!

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