Batman: Asilo Arkham – Uma Séria Casa em um Sério Mundo (2021)

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Batman: Asilo Arkham - Uma Séria Casa em um Sério Mundo
Original:Batman: Arkham Asylum - A Serious House on Serious Earth
Ano:2021•País:EUA
Páginas:248• Autor:Grant Morrison, Dave McKean•Editora: Panini

O bizarro e assustador Asilo Arkham, lar dos criminosos mais perigosos e insanos de Gotham, é um local que aparece de forma recorrente nas mais diferentes mídias que contam as histórias do Batman, seja quadrinhos, animações, séries ou filmes. Dependendo da adaptação, Arkham é mostrado de diferentes jeitos. Atualmente, é retratado como uma fortaleza, uma prisão de segurança máxima para todo e qualquer criminoso que seja capturado nas ruas da cidade. Já nos quadrinhos um pouco mais antigos (e em algumas produções mais recentes, como a série Gotham, de 2014), o lugar é um sanatório onde os mais macabros experimentos são realizados com seus já desequilibrados detentos.

Com essa pegada de retratar uma instituição voltada para o tratamento de pessoas com doenças mentais, Grant Morrison cria uma história repleta de caos e frenesi, tal qual a mente das pessoas que ali residem. Colocando o Asilo como ponto central do roteiro e tratando a mansão que virou o sanatório quase como um personagem próprio – como se fosse um filme de terror sobre casas assombradas –, duas narrativas diferentes são apresentadas: no presente, os prisioneiros do Asilo Arkham são liderados e atiçados por ninguém menos que o Coringa, realizando um motim e assumindo o controle do local, tornando inúmeros funcionários (psicólogos, enfermeiros, seguranças etc.) reféns. A única exigência dos prisioneiros é que Batman adentre Arkham, sozinho, e consiga sair de lá vivo. Enquanto isso, no passado, conhecemos o doutor Amadeus Arkham, o psicólogo que criaria e daria nome ao local, e de onde surgiu seu desejo em tentar ajudar e curar pessoas mentalmente instáveis.

Os dois momentos diferentes acabam se entrelaçando numa trama em que o terror psicológico é o ponto principal: Batman, enclausurado, é caçado por alguns de seus principais adversários, como o Chapeleiro Louco, Crocodilo, Espantalho e Cara-de-Barro, enquanto que Coringa, no seu melhor modo perverso psicótico, tenta mostrar que ambos são lados diferentes de uma mesma moeda, pois Batman seria tão insano quanto seus vilões.

Um dos grandes pontos de Asilo Arkham é a análise mental que é feita dos personagens apresentados. O Batman, apesar de ser um símbolo de esperança e coragem, passando sempre uma imagem de homem inabalável, acaba sendo colocado em situações nas quais seu lado mais humano e sensível aparece, questionando até onde vão seus limites mentais e até mesmo em momentos de vulnerabilidade psicológica, tendo que recorrer à dor física para se manter ligado à realidade. Os vilões são representados de forma perturbadora, com uma mistura de realismo e simbolismo: o Coringa é quase a encarnação do caos, fazendo desde brincadeiras de mau-gosto a evoluir mostrando suas tendências psicopatas. O Cara-de-Barro contrasta entre a criatura monstruosa que ele pode se tornar com o homem frágil fisicamente que seu acidente lhe deixou. O Crocodilo, devido à sua condição física, é mostrado como uma força natural do ódio.

Enquanto essa caça mesclada com loucura acontece, a história de Amadeus Arkham também se desenrola de maneira tensa, apontando um homem de boas intenções que acredita que pode ajudar e reabilitar pessoas mentalmente doentes, mesmo aquelas que são consideradas as mais vis devido aos crimes que cometeram. Amadeus acaba se concentrando cada vez mais nos estudos e análises que faz de seus pacientes, enquanto tragédias ocorrem em sua vida pessoal, dando um ar quase sobrenatural ao que levou à criação e desenvolvimento do Asilo, pois chega a um ponto em que tanto Batman quanto Amadeus questionam se o local está influenciando suas cabeças ou se na verdade eles mesmos nunca foram mentalmente sãos.

A arte de Dave McKean, bastante única devido a seu estilo de pintar os quadros misturados com imagens fotográficas, combina com a atmosfera estranha do quadrinho, deixando a ambientação ainda mais sombria. Um exemplo é como retrata Batman na presença de outras pessoas, sendo mostrado com proporções aumentadas, silhueta grande, quase como um ser mitológico e sobrenatural. Merece menção o letramento de Gaspar Saladino, que usa fontes e cores diferentes para cada personagem, um detalhe que diferencia e mostra que cada um na história se expressa de maneira única, especialmente no caso do Coringa.

Asilo Arkham – Uma Séria Casa em um Sério Mundo é um horror psicológico que traz uma trama mais pesada do que é encontrada normalmente nas histórias da DC Comics, explorando profundamente a psique de um dos personagens mais famosos do mundo e trazendo grandes cargas de bizarrice e anormalidade – o que deixa a história mais interessante e empolgante –, mas que fazem o leitor refletir que tudo o que há de estranho e bizarro no enredo, também está presente em nossa própria realidade.

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Louise Minski

Um experimento de Schrödinger entediado.

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