Cubo Zero (2004)

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Cubo Zero
Original:Cube Zero
Ano:2004•País:Canadá
Direção:Ernie Barbarash
Roteiro:Ernie Barbarash
Produção:Suzanne Colvin, Jon P. Goulding
Elenco:Zachary Bennett, Stephanie Moore, Martin Roach, Michael Riley, David Huband, Terri Hawkes, Richard McMillan, Mike 'Nug' Nahrgang, Tony Munch, Joshua Peace, Diego Klattenhoff

A última visita ao Cubo idealizado por Vincenzo Natali aconteceu em 2004, e conseguiu ser ainda menos interessante que o tal Hipercubo. Este tentou se aprofundar em sua narrativa conceitual ao apresentar um ambiente de realidades alteradas e tempo desconexo, em detrimento de um enredo mais divertido e tenso, soando apenas como um trabalho experimental, distante da obra original. Dois anos depois, Cubo Zero veio para fazer o caminho inverso, sem complicar, mas também sem responder as principais perguntas. Não seria preciso, mas como foi proposta uma trilogia, esperava-se algo mais do que um argumento bagunçado ou a repetição da fórmula.

A frase final de Cubo 2: Hipercubo – algo como “vamos dar início à próxima fase” – nunca foi respondida. E também não espere que Cubo Zero vá mostrar como esse “escape room” surgiu, sua proposta ou desafio e nem quem são os responsáveis do governo pela criação dele. É basicamente uma trama que traz um novo grupo de personagens preso no primeiro cubo, aquele que ainda mantém armadilhas físicas e salas em cores diferentes, e amplia a mitologia ao intercalar com cenas externas, com as vítimas sendo observadas por dois funcionários desmemoriados: Eric Wynn (Zachary Bennett) e Dodd (David Huband) são técnicos escalados para trabalhar como observadores e coordenadores das ações que acontecem no cubo.

Além da rotina de análise, entre jogos de xadrez que mostram o dom de Eric capaz de calcular as ações do parceiro, eles atendem a ordens expressas que chegam através de pequenas instruções em um elevador. Uma delas envolve o registro dos sonhos de Cassandra Rains (Stephanie Moore), uma mulher que foi capturada por soldados, de olhos brilhantes e tatuagem na testa (uma ideia idiota do roteiro), quando estava com a filha Anna (Alexia Filippeos). Enquanto Eric demonstra uma afeição imediata pela nova hóspede do cubo, ela acorda no ambiente claustrofóbico ao lado de Robert Haskell (Martin Roach), Jellico (Terri Hawkes), Meyerhold (Mike ‘Nug’ Nahrgang) e Bartok (Richard McMillan).

Depois que precisam finalizar Owen, um rapaz que trabalhava como técnico e fora colocado no cubo, em um “procedimento de saída“, fazendo duas perguntas que irão determinar seu destino – “seu nome” e se “acredita em Deus” -, Eric busca a ficha de Cassandra e descobre que não há um “formulário de consentimento” e que pode ser uma falha que precise ser relatada aos superiores. Em um “insight“, o rapaz resolve pegar o elevador que traz as ordens e a alimentação por cápsulas, e acaba entrando no cubo, usando sua habilidade e conhecimento para achar Cassandra e encontrar uma saída. Assim que percebem a entrada de “um rato” no cubo, o supervisor Jax (Michael Riley) e dois auxiliares chegam ao local para dificultar as ações de Eric, numa disputa que contará com a ajuda de Dodd.

Cubo Zero tenta emular a principal atração do primeiro filme ao colocar novamente armadilhas tangíveis nas salas. Canos que soltam ácido ou injeções que corroem a pele e até cabos que desmembram são vistos como desafios aos competidores, que sempre utilizam suas botas para testar as passagens, enquanto buscam pistas que mostrem quais salas são mais seguras. Eric percebe o padrão que pode conduzir à última sala, porém precisa contar com um apoio além de suas habilidades cognitivas. Como nos filmes anteriores, o grupo presente demonstra algumas dificuldades de convívio, expondo vilões e descrenças, somente para ampliar a sensação de ameaça.

Quanto à mitologia que norteia os cubos, há poucos acréscimos, como a desculpa do governo de estarem utilizando criminosos que aceitaram participar do experimento para escapar da pena de morte. Nota-se que há toda uma organização por trás, mas transmite a sensação de que os dois únicos funcionários, considerados especialistas e técnicos, são os que trabalham nos bastidores do jogo. Também há uma justificativa para a presença de um personagem fundamental do filme original, com a intenção de mostrar como ele se tornou “especial“. Desnecessário, até porque pessoas autistas não possuem essa condição por razão de implante cerebral.

Disputando com o anterior como a pior continuação de Cubo, dirigido por Ernie Barbarash, em sua estreia na direção após ter sido produtor do segundo, o longa é absolutamente descartável. Você não precisar atirar uma bota para saber que se trata de uma armadilha, uma obra oportunista e que não merece sua visita.

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Marcelo Milici

Professor e crítico de cinema há vinte anos, fundou o site Boca do Inferno, uma das principais referências do gênero fantástico no Brasil. Foi colunista do site Omelete, articulista da revista Amazing e jurado dos festivais Cinefantasy, Espantomania, SP Terror e do sarau da Casa das Rosas. Possui publicações em diversas antologias como “Terra Morta”, Arquivos do Mal”, “Galáxias Ocultas”, “A Hora Morta” e “Insanidade”, além de composições poéticas no livro “A Sociedade dos Poetas Vivos”. É um dos autores da enciclopédia “Medo de Palhaço”, lançado pela editora Évora.

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