Uma Noite para Esquecer (2013)

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Uma Noite para Esquecer Original:In Fear Ano:2013•País:UK Direção:Jeremy Lovering Roteiro:Jeremy Lovering Produção:James Biddle, Nira Park Elenco:Iain De Caestecker, Alice Englert, Allen Leech

O ano de 2013 foi marcado por boas surpresas no universo do cinema de horror. Tivemos o sucesso de bilheterias Guerra Mundial Z, o pontapé inicial de duas famosas franquias (Uma Noite de Crime e Invocação do Mal), além da empolgante continuação A Maldição de Chucky e o desnecessário remake Carrie, a Estranha. Mas em meio a tantos lançamentos, amplamente divulgados pela mídia e aguardados pelo público, o filme de terror psicológico do desconhecido diretor britânico Jeremy Lovering acabou chamando minha atenção. É por isso que, após exatos 10 anos, resolvi revisitar a obra de Lovering na tentativa de entender o porquê desse filme permanecer em minha memória mesmo após uma década.

Uma Noite para Esquecer conta a história de Tom (Iain De Caestecker) e Lucy (Alice Englert), um casal de jovens que se conheceram há apenas duas semanas e que estão viajando para um festival de música no interior da Irlanda. O filme começa com os dois saindo de um pub, já no meio da viagem rumo ao festival, ao que parece ter sido uma simples parada para Lucy usar o banheiro. A ideia original seria dirigir direito para o festival, mas Tom resolveu fazer uma surpresa, reservando um hotel isolado nos arredores, para que os dois pudessem passar uma noite romântica antes de se encontrarem com os amigos.

Logo após deixarem o pub, Tom e Lucy começam a seguir um carro, supostamente guiados por um funcionário do hotel. Entretanto, o carro se despede ainda na metade do caminho, indicando a direção em que os dois deveriam seguir, agora sozinhos. A partir daí, as coisas só pioram. Acompanhamos Tom e Lucy dirigindo em círculos, no escuro, com pouca gasolina e, para completar, com a chegada de um misterioso passageiro, Max (Allen Leech), que se junta ao casal após Tom tê-lo atropelado. Aqui já dá para ter certeza de que o destino do casal está longe de ser uma noite em um hotel romântico, que talvez nem exista.

Na primeira parte do filme, também ficamos sabendo que algo mais aconteceu naquela simples passagem pelo pub. Aparentemente, Tom se desentendeu com alguns rapazes locais, deixando uma ameaça de vingança no ar. É óbvio que essa narrativa não seria construída à toa, e que o casal iria, cedo ou tarde, enfrentar as consequências do ocorrido. A única coisa que não fica clara é a forma com que Tom lidou com a situação, e até que ponto ele provocou, ou não, a ira dos caras do pub. Será que Lucy pode confiar inteiramente em um homem que conheceu há tão pouco tempo?

A princípio, podemos pensar que este longa-metragem britânico é apenas mais um filme de terror de road trip, em que os viajantes ficam perdidos até se depararem com um assassino no meio do caminho. O que não deixa de ser, mas Uma Noite para Esquecer é também muito mais que isso.

A fórmula pode até parecer repetida, talvez uma mistura de Viagem Maldita com A Bruxa de Blair, mas aqui ela funciona bem. O ambiente claustrofóbico – criado pelas estradas vicinais cercadas por árvores – se soma ao crescente suspense do filme, que consegue prender a atenção do espectador até o último minuto. Conforme as horas vão passando, mais vão se esgotando as esperanças de que o casal irá conseguir sair ileso daquele labirinto, quiçá chegar ao tal hotel. O final pode não ser o que você espera, ou melhor, o que você gostaria que fosse, mas também não decepciona.

Somente anos depois fui descobrir que a produção é baseada em uma web serie chamada No Through Roads. Outra curiosidade é que os protagonistas não ficaram sabendo de tudo o que aconteceria durante as filmagens, para que suas reações fossem o mais genuínas possíveis, o que deu certo. Em certo ponto, sentimos que os personagens estão tão espantados quanto nós frente aos acontecimentos da película.

Com minimalismo e competência, Jeremy Lovering nos mostra que é possível fazer um bom filme de terror sem muitos recursos ou efeitos especiais. Com apenas três atores, um cenário claustrofóbico e uma boa história, temos aqui um thriller potente que, apesar de ter sido ofuscado pelos grandes lançamentos do seu ano, se destaca justamente por ser um exemplar do melhor tipo de filme de terror que existe: aquele que pode acontecer com qualquer um de nós em qualquer situação, como em uma simples reserva de hotel.

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