Ghost House (2017)

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Ghost House
Original:Ghost House
Ano:2017•País:EUA, Tailândia
Direção:Rich Ragsdale
Roteiro:Rich Ragsdale, Kevin O'Sullivan, Jason Chase Tyrrell
Produção:Veronica Radaelli, Kevin Ragsdale
Elenco:Scout Taylor-Compton, James Landry Hébert, Mark Boone Junior, Russell Geoffrey Banks, Rich Lee Gray, Elana Krausz, Kevin Ragsdale, Wen-Chu Yang, Michael S. New, Katrina Grey

Dentro das tradições tailandesas, casas em miniaturas são pequenos santuários que servem para abrigar espíritos e impedir que eles assombrem residências. São chamadas de “ghost house” e servem principalmente como proteção, sendo encontradas do lado de fora das casas e próximas a cemitérios, com a orientação de evitar mexer com elas caso não queira uma assombração no seu cangote. Coloque essa informação como parte de seu guia de sobrevivência aos filmes de terror, algo que foi ignorado pelo casal protagonista do terror raso Ghost House, lançado em 2017, com direção de Rich Ragsdale, do trash A Maldição de El Charro (2005). E não foi o único erro deles.

O tal casal é composto por Julie (Scout Taylor-Compton, a Laurie Strode de Halloween, de Rob Zombie) e Jim (James Landry Hébert, visto em Super 8). Eles acabam de desembarcar em Bangkok, já estabelecendo uma parceria com o motorista simpático Gogo (Michael S. New), e depois partem para o hotel para momentos íntimos, seguidos da oportunidade do rapaz de pedi-la em casamento. Difícil criar qualquer empatia quando logo caem na lábia de dois turistas ingleses, Robert (Russell Geoffrey Banks) e Billy (Rich Lee Gray), partindo para uma noite de bebedeiras na cidade. Aquele Jim romântico de outrora deixa a noiva com um dos estranhos para farrear numa boate local, somente para que a moça desconte do rapaz convencendo-o a acompanhá-los numa visita a “ghost houses” em uma floresta distante.

Se tivessem experiência com cinema de terror, saberiam que jamais se deve seguir orientações de estranhos com papos sobre “lugares incríveis que vocês deveriam conhecer“, ainda mais quando esses lugares envolvem ambientes ermos, sinistros e sombrios. O roteiro, de Jason Chase Tyrrell e Kevin O’Sullivan, pede a paciência do espectador para aceitar que Robert roube um item da vestimenta de Julie e amarre num ídolo, deixando-o na entrada de uma casinha em miniatura na floresta. Ela nem sequer estranhou a “brincadeira“, da mesma forma como o público deve ter achado estranho que o rapaz também não tenha ficado amaldiçoado pela ação.

Julie passa a ser aterrorizada por uma assombração idosa – por que ela é velha, se morreu quando nova? -, trocando os cabelos lisos dos fantasmas japoneses pelos desgrenhados do tailandês. A entidade vingativa irá perseguir a garota por todos os lugares, aparecendo no teto, nos corredores, atrás dela, fazendo-a ter alucinações e se sentir cada vez mais fraca. Assim que Gogo sabe da maldição, ele leva Julie a uma comunidade, onde os espirituais locais notam o encosto, fazem reza e dão a ela uma pulseira de proteção, MAS NINGUÉM A ORIENTA SOBRE O ACESSÓRIO! Assim, no primeiro banho, Julie tira a proteção para não usar mais e o amuleto é completamente esquecido.

Jim fica sabendo da fuga dos ingleses e vai atrás deles no aeroporto, achando-os facilmente – obviedade do roteiro. Lá recebe o nome de alguém que possa ajudá-los: Reno (Mark Boone Junior, de Halloween 2), que é dono de um inferninho, com prostitutas e dependentes. Ele traz uma orientação ao estilo Arraste-me para o Inferno, sugerindo que se transfira a maldição para outra pessoa. Ou isso, ou há a alternativa de sequestrá-lo até uma aldeia, com uma senhorinha religiosa e seus trejeitos de cura, com rezas, sob a observação de dois seguranças. Será que ficam o tempo todo daquele jeito, aguardando estranhos para ajudar a se safarem de maldições?

O teste de paciência de Ghost House perdura por toda a produção, incluindo a pirotecnia experimental do último ato. Nem tudo está perdido, pois há algumas ideias até boas ali, como a cena em que cruzam com um acidente de trânsito fatal e Julie é atormentada pelos mortos. O restante é envolto em clichês e bobagens, como a de Jim enfrentando um segurança que costuma deixar a arma na cintura na parte de trás e pede que a pessoa o siga. Sem muito explorar as raízes das “ghost houses“, o espectador fica apenas com um terror light que não empolga e muito menos assusta.

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Marcelo Milici

Professor e crítico de cinema há vinte anos, fundou o site Boca do Inferno, uma das principais referências do gênero fantástico no Brasil. Foi colunista do site Omelete, articulista da revista Amazing e jurado dos festivais Cinefantasy, Espantomania, SP Terror e do sarau da Casa das Rosas. Possui publicações em diversas antologias como “Terra Morta”, Arquivos do Mal”, “Galáxias Ocultas”, “A Hora Morta” e “Insanidade”, além de composições poéticas no livro “A Sociedade dos Poetas Vivos”. É um dos autores da enciclopédia “Medo de Palhaço”, lançado pela editora Évora.

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