Five Nights at Freddy’s – O Pesadelo Sem Fim (2023)

4.1
(13)

Five Nights at Freddy's - O Pesadelo Sem Fim
Original:Five Nights at Freddy's
Ano:2023•País:EUA
Direção:Emma Tammi
Roteiro:Scott Cawthon, Seth Cuddeback, Emma Tammi
Produção:Jason Blum, Scott Cawthon
Elenco:Josh Hutcherson, Elizabeth Lail, Piper Rubio, Mary Stuart Masterson e Matthew Lillard.

Um rapaz com problemas em se manter em um emprego por muito tempo aceita um trabalho de segurança noturno em um restaurante/fliperama familiar meio abandonado. Mas quando Mike começa a trabalhar no local, coisas estranhas começam a acontecer, e os mascotes animatrônicos do lugar parecem estar vivos, e têm intenções bem… assassinas.

Baseado no videogame de sucesso de mesmo nome lançado em 2014, Five Nights at Freddy’s – O Pesadelo Sem Fim é uma versão cinematográfica com algumas liberdades criativas, que tem o olho atento de seu criador, Scott Cawthon, não apenas na produção, mas também na história e roteiro final. Com uma produção um tanto conturbada, com o filme sofrendo vários atrasos e tendo várias adiamentos no lançamento, mudanças de estúdio, diretores anunciados, que em seguida deixaram o projeto, roteiros divulgados (ou vazados) e negados em seguida e… mais alguns atrasos.

O jogo tinha uma premissa simples e uma execução tremendamente assustadora, em que o jogador assumia o papel do guarda de segurança do local, que tinha que escapar dos bonecos animatrônicos possuídos usando os parcos recursos, como desviar a pouca energia do local para trancar portas ou manter as luzes acesas. A trama era pouca, mas suficiente para explicar o básico necessário para o jogo, que tinha uma execução incrivelmente assustadora.

Para o filme, foi necessário uma trama um pouco mais… existente. E, no caso, a história é bem boa, até o hora que não é mais. A trama do filme começa focando em apresentar a vida e os problemas de Mike (Josh Hutcherson), que vai ser o pobre-coitado que precisa trabalhar como guarda noturno no local assombrado, mostrando porque raios ele vai aceitar um trabalho claramente ruim.

Mike tem seus fantasmas do passado, que deixaram traumas até os dias atuais, precisa cuidar de sua irmã, com a qual tem alguma dificuldade de comunicação e tem uma tia terrível tentando tirar a guarda dele. Tudo isso é mostrado relativamente rápido, apresentando os personagens de forma bem eficiente, sem ser chato e na medida do necessário para a história avançar para onde queremos ver.

Ao começar a passar as noites na tal Pizzaria Freddy Fazbear, Mike tem sonhos estranhos e assustadores, sonhos que já eram meio problemáticos antes, mas que agora têm uma influência da assombração do local. Acontecimentos se desenrolam e Mike acaba se envolvendo mais (e envolvendo sua irmã) na história do lugar e dos animatrônicos sinistros e possuídos.

O filme tem vários acertos e méritos, começando pelos próprios antagonistas, os animatrônicos possuídos que são assustadores, feitos com uma mistura de… hmm… animatrônicos e bonecos manipulados, feitos pela empresa Jim Henson Creature Shop, e quase nada de computação gráfica foi usada basicamente. O resultado final é tremendamente crível e assustador quando necessário, gerando até mesmo uma boa parte de “empatia” pelos bonecos. A direção de Emma Tammi é muito boa e conduz a história (que, vale lembrar, foi feita também pelo criador do game) muito bem. Os atores estão realmente bons, com destaque para Piper Rubio e pro veterano Matthew Lillard. Não há nenhuma grande interpretação, digna de prêmios, mas os atores conseguem entregar as propostas de seus personagens dentro da trama.

Há bons momentos tensos e ótimas cenas de medo crescente; a criação do clima e do ambiente (que são essenciais aqui) e as melhores cenas de medo não utilizam sustinhos simples e bobos. Mas, infelizmente, Five Nights at Freddy’s – O Pesadelo Sem Fim tem lá seus defeitos. Um dos primeiros problemas que salta à vista é a escolha de se manter uma classificação etária mais baixa, 16 anos, para permitir a exibição em mais salas de cinema e em mais meios (como posteriormente em serviços de streaming). Pode ser uma escolha estratégica, mas decepciona um tanto, para um público que vai ver um filme de terror com bonecos animatrônicos possuídos e assassinos que… praticamente só matam fora de cena, e onde pouco sangue aparece.

O roteiro começa bem, avança bem até um certo ponto, quando parece que todo o cuidado para que as explicações dos porquês das coisas parecem terem sido sumariamente limadas, e temos uma enxurrada de soluções rápidas e tiradas do chapéu. O festival de coincidências e de “porque sim” é pavoroso. O cúmulo chega a ser a aceitação quase imediata do fato de que os animatrônicos são possuídos e vivos, com um personagem falando isso em uma frase quase que solta, e sendo respondido com um “bom, é isso.

Perto do final, há um desequilíbrio entre se mostrar cenas tensas e… resolver a coisa de uma forma meio decepcionante e… repetir de novo!

Five Nights at Freddy’s – O Pesadelo Sem Fim não chega a ser um filme ruim. É feito um bom trabalho em pegar uma parte do clima do game original, ao mesmo tempo que conta uma história bacana e interessante (a origem dos bonecos possuídos) e tem bons momentos. Mas não aproveita exatamente as bases que apresentou e deixa um pouco a desejar ao mostrar porque e como toda a situação pode gerar um bom filme de terror. Várias oportunidades para se criar bons ganchos para eventuais continuações foram perdidos com uma vontade exagerada de explicar tudo agora, e parece haver (perto do final) uma certa indecisão entre mostrar os animatrônicos pavorosos como malvados ou bonzinhos.

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Rogerio Saladino

Rogerio Saladino é escritor, jornalista, editor, tradutor e autor, atuando nas áreas de quadrinhos, literatura, RPG e cultura pop. Um entusiasta do terror em todas suas formas e, inexplicavelmente, adora a série Puppetmaster, mesmo consciente da sua qualidade duvidosa.

2 thoughts on “Five Nights at Freddy’s – O Pesadelo Sem Fim (2023)

  • 02/11/2023 em 00:59
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    Se os críticos não gostaram, porque é bom, já que não valem nada atualmente.

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    • Avatar photo
      03/11/2023 em 11:16
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      O que vale é influencer, né, campeão? 🙂

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