Não Abra (2023)

3.6
(7)

Não Abra
Original:It Lives Inside
Ano:2023•País:EUA
Direção:Bishal Dutta
Roteiro:Bishal Dutta, Ashis Mehta
Produção:Raymond Mansfield, Sean McKittrick.
Elenco:Megan Suri, Neeru Bajwa, Mohana Krishnan, Vik Sahay, Gage Marsh, Beatrice Kitsos, Betty Gabriel.

A jovem Samidha (interpretada por Megan Suri) tem uma vida razoavelmente normal, com seu maior drama sendo talvez seu conflito com a mãe (Neeru Bajwa), que insiste para que ela mantenha as tradições de sua cultura (de origem indiana), enquanto a garota está mais interessada em se encaixar e ser aceita pelos amigos da escola. Tudo parece seguir uma linha de uma história de relacionamento ou de drama adolescente, se não fosse por Tamira (Mohana Krishnan), outra garota de origem indiana e antiga amiga de Samidha, que surge na escola carregando um pote de vidro estranho e com uma aparência igualmente estranha.

Tamira, desesperada, fala com Sam sobre alguma coisa que está no recipiente, que precisa ser alimentada e que não pode sair de lá, mas a jovem, revoltada com a amiga, derruba e quebra o pote. É a partir daí que as coisas começam a ficar feias para Sam, que é perseguida por uma criatura sobrenatural assassina que só ela pode ver.

Não Abra é um filme que não traz nenhuma novidade no meio cinematográfico ou do terror. Sua história é simples e até mesmo básica, que a gente pode ter visto em várias outras produções: uma adolescente é assolada por uma criatura sobrenatural que só ela vê, ninguém acredita no que ela diz, ela precisa resolver o problema sozinha, descobrir o que é o bicho, fugir dele até o momento que precisa enfrentá-lo sozinha. Você já viu isso antes, em outros filmes, certamente. Até mesmo com um certo ar de anos 1980 na coisa.

Mas o filme não é ruim por isso. Sua proposta simples e despretensiosa é tremendamente compensada pelo resto, que é dedicadamente bem feito em cada detalhe. O fato da história ser contada do ponto de vista de uma família indiana na América já dá um elemento mais interessante. A criatura sobrenatural e a utilização do folclore indiano são outros fatores que trazem um refrescante ar diferente para Não Abra, trazendo um novo tipo de monstro ou medo para as telas de cinema, ainda que de uma forma parecida com outros.

As atuações são ótimas e entregam muito bem tudo que se propõe e que a trama pede; a direção é impecável e acerta em todos os momentos, sem deixar o ritmo cair em nenhum momento. O roteiro é conciso, simples e direto, sem grandes reviravoltas ou maiores cambalhotas narrativas, entregando todas as informações necessárias para se acompanhar a trama, com pouca coisa forçada ou exagerada para chegar onde precisa. O diretor estreante Bishal Dutta (que também assina o roteiro) conduz a história de maneira natural e coerente, seguindo muito bem o estilo de filme de terror adolescente, fazendo clima e sustos muito bem equilibrados e de bom gosto, aumentando gradualmente o tom até o fim.

Tudo no filme é bem feito, com atenção aos detalhes e de bom gosto. As mortes e ataques do monstro são mostradas, ou melhor, pouco mostradas, de forma elegante e assustadora, ao mesmo tempo que pouco sangue aparece, numa forma inteligente e estilosa de contornar a classificação etária. Ou seja, para poder passar em mais salas de cinema, o filme tem a recomendação de 13 anos ou mais, mas consegue apresentar momentos bastante assustadores e um clima bem tenso. A cena da morte de um personagem no balanço na frente da casa abandonada é um bom exemplo dessa habilidade do diretor de mostrar algo pavoroso sem ser explícito.

Uma produção com um orçamento que pode não ser lá grande coisa, mas é tremendamente bem executado, com muito cuidado e carinho. Um bom filme de terror adolescente, com vários elementos batidos, mas com uma nova roupagem e tratamento, que diverte e assusta, prende a atenção com a trama, apesar de ter poucas novidades, pelo carisma dos personagens e pela mitologia apresentada. Ficamos querendo saber mais do tal bicho invisível e do que ele é, assim como das histórias dos personagens, e nos importamos com eles, muito mais do que em várias outras produções similares.

Não Abra é um filme simples, sem novidades, mas que satisfaz todos os aspectos a que se propõe, com soluções, personagens, climas e sustos simples, mas muito bem executados e de bom gosto em todos os momentos. Não é um filme espetacular que vai mudar a cena cinematográfica, mas é uma produção refrescante em meio a uma safra meio carente de boas ideias.

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Média da classificação 3.6 / 5. Número de votos: 7

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Rogerio Saladino

Rogerio Saladino é escritor, jornalista, editor, tradutor e autor, atuando nas áreas de quadrinhos, literatura, RPG e cultura pop. Um entusiasta do terror em todas suas formas e, inexplicavelmente, adora a série Puppetmaster, mesmo consciente da sua qualidade duvidosa.

3 thoughts on “Não Abra (2023)

  • 24/11/2023 em 22:37
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    Filmezinho bem chato e mais do mesmo. Cenas previsíveis, trilha aumentando exageradamente pra forçar uma tensão inexistente, daí silencia e ooohh ninguém sabe que vem um jumpscare em seguida! Tudo muito genérico e enfadonho. Ah mas é “uma família indiana, o folclore” e tal. Como se reduzir um folclore a algo tão genérico fosse mérito 🤷

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  • 22/11/2023 em 04:08
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    Esse filme é péssimo.
    Horrível.
    Sinceramente não gostei mesmo.
    Principalmente porque o monstro do filme, passa o filme todinho praticamente só invisível e tem vários furos no roteiro.
    Ex: personagens até supostamente haviam morrido retornam no final, e outros que morreram na metade, simplesmente morreram e não voltaram kkkkkkk.
    Acho que o nome do filme deveria ser: “Criatura / Monstro Invisível”, porque vou te contar, o “Bicho” só aparece praticamente no final do filme.
    Só fui ver esse filme nesse dia, porque a sessão que eu estava vendo de: Assassinos da Lua das Flores, deu problema, e pra não perder a saída fui ver com minha Mãe.
    Odiamos kkkkkk.
    Pode ser até que digam que eu não entendi a ideia do filme direito e tal, mas que não gostei, não gostei.
    Filme prometia muito pelo trailler e na hora, é horrível. Horrível de péssimo mesmo, na minha opinião.

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  • 10/11/2023 em 13:07
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    Ouvi sobre esse filme num episódio do podcast Mundo Freak Confidencial e fiquei curioso. Essa resenha aumentou a curiosidade, acho que vou dar uma espiada e ver no cinema, parece render uma boa tarde com pipoca.

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