Colheita Maldita 7: A Revelação (2001)

3.6
(5)

Colheita Maldita 7 - A Revelação
Original:Children of the Corn: Revelation
Ano:2001•País:Canadá
Direção:Guy Magar
Roteiro:Stephen King, S.J. Smith
Produção:Michael Leahy, Joel Soisson
Elenco:Claudette Mink, Kyle Cassie, Michael Ironside, Troy Yorke, Michael Rogers, Taylor Hobbs, Jeffrey Ballard, Crystal Lowe, Sean Smith

A morte de Isaac (John Franklin) em Colheita Maldita 666 poderia ser o encerramento da franquia como o fechamento de um ciclo, até porque não há mais enredos que justifiquem colocar mais crianças rondando milharais. O conto de Stephen King, de apenas 30 páginas, não precisava render tanto, como o próprio escritor disse em entrevista em 2016: “eu poderia ficar sem [todas as sequências]“. Mas são tramas fáceis de se fazer, enredos que não exigem muito esforço de roteiristas e ainda trazem o nome do autor como “selo de qualidade“. De todo modo, Colheita Maldita 7: A Revelação foi realizado, diretamente em vídeo, e fez parte daqueles primeiros filmes noticiados no Boca do Inferno em sua estreia em 2001, ao lado de O Retorno da Múmia, Perseguição e A Casa de Vidro.

Último filme dirigido por Guy Magar, a partir de um roteiro escrito por S.J. Smith (de Natal Sangrento 4: A Iniciação), Colheita Maldita 7: A Revelação mais uma vez traz uma pessoa de fora, chamada no original de “outlander“, chegando a uma cidade estranha – a linha narrativa de todos os filmes da franquia. Desta vez é Jamie Lowell (Claudette Mink), que chega a Omaha, Nebraska, em busca da avó que faz mais de uma semana que não atende suas ligações. Assim que é deixada pelo taxista na entrada do prédio Hampton Arms, onde há uma placa anunciando a construção de um condomínio no local, Jamie já encontra no elevador duas crianças-fantasmas, com olhares mortos como se estivessem numa aula de matemática às 7 horas da manhã. O garotinho, aliás, é interpretado por Jeffrey Ballard, que tem mais de 40 trabalhos na TV com participação em séries como Wayward Pines e A Hora do Arrepio.

Sem encontrar a avó, Jamie busca a ajuda da polícia, com o auxílio do detetive Armbrister (Kyle Cassie), que já deixa evidências de um interesse pela garota, mas pede que ela aguarde 24 horas até solicitar um apoio oficial. A garota resolve investigar por conta própria, em um loja de conveniência próxima, onde reencontra as duas crianças, desta vez jogando House of the Dead no fliperama, e um estranho padre, na pele do veterano dos filmes B Michael Ironside, em um papel tão desnecessário e mal explicado quanto esse filme. Jamie começa a fazer perguntas nos apartamentos vizinhos, contatando o gerente drogado Jerry (Troy Yorke), um rapaz obcecado por armas e que acha que é o Bruce Willis enfrentando terroristas na noite de Natal chamado Stan (Michael J. Rogers); um cadeirante (John Destry) e a stripper Tiffany (Crystal Lowe), porém sem encontrar qualquer ajuda, que não seja através de um sonho em que vê a avó saindo de seu apartamento no prólogo e caminhando na linha do trem.

Posteriormente, com o detetive, ela descobre que a avó fazia parte de um culto de crianças que seguiam o pregador Abel (Sean Smith), adoradores de “Aquele que Anda por Detrás das Fileiras“, e ela foi a única sobrevivente de um incêndio que vitimou todas sessenta anos atrás. As crianças que aparecem são todas fantasminhas e precisam do sacrifício da avó e da única descendente para encerrar o ciclo. Contudo, inexplicavelmente, mesmo com esses intentos, não se explica porque esperaram tanto tempo para completar o processo e por que resolveram matar todas as pessoas do prédio somente agora. Aqueles que nem eram incomodados pelas crianças, como o próprio atendente da loja de conveniência (Ron Small), passam a ser vítimas em potencial.

E o padre? Está ali apenas por estar. Caracterizado com uma cicatriz no rosto, aparecendo entre névoas e em becos escuros, ele até tenta explicar para Jamie sobre Gatlin e estabelecer a conexão com a franquia, mas é interrompido por ela com perguntas sobre a avó. Com vários avisos para ir embora dali, deixar esse mistério para trás, tendo a hostilidade do pessoal local, como aconteceu com Hannah Martin (Natalie Ramsey) em Colheita Maldita 666, a garota ainda insiste em permanecer no apartamento. O “Bruce Willis” até bate à sua porta para dizer: “Estou indo embora. Você é a única que restou no prédio“, porém parece que a teimosia resolveu assumir as rédeas de suas ações.

Com efeitos ruins de um milharal digital crescendo, e sem mortes sangrentas – um personagem sofre um infarto, outro é afogado, e tem uma cabeça deixada numa geladeira -, Colheita Maldita 7: A Revelação é apenas melhor que a quinta e a pavorosa sexta partes. Péssimas atuações – a da senhorinha desaparecida justifica seu desaparecimento – e um enredo com pouca coerência completam o pacote.

Depois desta bomba, ainda foram vistas crianças assassinas em uma refilmagem em 2009 e mais três filmes, justificando a opinião de Stephen King sobre o quanto seu conto espalhou sementes que resultaram em plantações desagradáveis.

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Marcelo Milici

Professor e crítico de cinema há vinte anos, fundou o site Boca do Inferno, uma das principais referências do gênero fantástico no Brasil. Foi colunista do site Omelete, articulista da revista Amazing e jurado dos festivais Cinefantasy, Espantomania, SP Terror e do sarau da Casa das Rosas. Possui publicações em diversas antologias como “Terra Morta”, Arquivos do Mal”, “Galáxias Ocultas”, “A Hora Morta” e “Insanidade”, além de composições poéticas no livro “A Sociedade dos Poetas Vivos”. É um dos autores da enciclopédia “Medo de Palhaço”, lançado pela editora Évora.

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