A Presa
Original:Quarries
Ano:2016•País:EUA Direção:Nils Taylor Roteiro:Nils Taylor, Nicole Marie Johnson Produção:Dean Alioto, Abhishek Devalla, Carrie Finn, Nicole Marie Johnson, Nils Taylor, Warren Zide Elenco:Nicole Marie Johnson, Carrie Finn, Leisha Hailey, Sara Mornell, Luke Edwards, Nicole DuPort, Joy McElveen, Rebecca McFadzien, James Devoti, Wes McGee, Dean Alioto |
Um grupo de moças tendo que lutar por suas vidas durante um passeio de exploração na natureza teve como maior exemplar Abismo do Medo (The Descent, 2005), de Neil Marshall. E foi exatamente essa produção o grande propulsor do meu interesse pelo thriller Quarries, que faz parte do catálogo da plataforma Looke. Infelizmente, o filme de Nils Taylor não chega nem perto das expectativas, sendo até ruim em seu diálogo entre os acontecimentos na mata e os traumas pessoais das personagens. E estas, até mesmo a que se espera mais, agem de maneira estúpida, diminuindo a empatia que havia se estabelecido no começo.
Na trama, Kat (Nicole Marie Johnson) está em fuga de um relacionamento abusivo. Marcas de violência são notadas em seus lábios, no olho e costas, e ela ainda precisa conviver com a pressão psicológica do agressor, insistindo para que retorne. Ela é deixada pelo irmão Mitchell (Luke Edwards, O Chamado do Mal e Olhos Famintos 2) em um retiro que organiza passeios por trilhas na mata como terapia. “Não são férias, e, sim, um experimento. Ninguém volta do mesmo jeito“, diz a guia Jean (Sara Mornell), assim que são deixadas por Cody (Dean Alioto) a 250 km de lugar nenhum.
Kat conhece outras moças que estarão na jornada, como a viciada em medicamentos Wren (Carrie Finn), a experiente Joy (Joy McElveen), a patricinha Brit (Rebecca McFadzien) e as namoradas Madison (Leisha Hailey) e April (Nicole DuPort, de Gritos de Horror e Portão do Cemitério). Atravessam uma placa com os dizeres “Ninguém será resgatado a partir desse ponto“, e caminham entre riachos, pontes e vales, com a guia sofrendo um acidente no percurso. Ainda não sabem, mas na mesma mata há cinco caçadores, assassinos que matam turistas sem propósito: o líder Ted (James Devoti), caracterizado como um cowboy sem um dos olhos, além de Zeke (Michael Yebba), Chris (Ray Fonseca), Zeb (Wes McGee) e o bestial Aja (Cody Davis), que parece devorar suas vítimas ou simplesmente defere nelas golpes.
Os dois grupos irão obviamente se cruzar, ocasionando perseguição, busca por abrigo e ataques isolados. Embora sejam caçadores, tenham armas e – imagina-se – experiência na mata, os vilões não são muito eficientes, seja para rastrear suas vítimas ou exterminá-las. Suas investidas são raras, com apenas um deles atacando e os demais observando à distância. Mas não se pode elogiar também as vítimas, pois muitas das atitudes são estúpidas, não condizentes com a situação em que estão. Vivem se isolando, deixando alguém ferido sem cuidado e evitando – pasmem! – se esconder. Sim, em diversos momentos você fica somente esperando um tiro acertar alguém devido à grande exposição das garotas, embora isso não aconteça.
Spoilers de uma cena:
Em um dos momentos mais absurdos, com uma delas ferida por ter sido esfaqueada no estômago, Kat, que já foi paramédica (!!!), pede que a carreguem para uma casa. No local, diz que precisa de iluminação – mesmo sabendo que luzes podem atrair a atenção dos caçadores -, água quente e toalhas (será que que ela pensou que fosse um parto?). Com os acessórios em mãos, ela de repente diz: “o que eu preciso não vou encontrar aqui“. Abandona as moças, principalmente a machucada, e sai pela mata, atravessando uma ponte, até outra casa para procurar sabe-se lá o quê! Ela nem sequer procurou no local o que precisaria e depois que partiu para o outro ambiente, nunca fica claro o que ela estaria procurando. Demora tanto tempo para voltar, sem trazer absolutamente nada, que a moça acaba morrendo. Por que ela não mandou ir alguém atrás do que precisava, enquanto ela cuidava da garota? Cadê a preocupação, quando ela resolve voltar e ignora a machucada? E, principalmente, o que diabos ela foi procurar?
Fim dos spoilers
Além dessas atitudes absurdas, A Presa – o título original poderia ser traduzido melhor para “Pedreiras” e faria mais sentido – tem a direção medíocre de Nils Taylor. Embora estejam na mata e desçam por um penhasco, em nenhum momento o infernauta tem a dimensão da altura. Ele filma as garotas abraçadas à parede, sem a câmera nunca se distanciar. Aliás, não é possível entender por que elas optaram por essa descida para fugir dos caçadores, se não impediu o alcance deles e ainda levou outra garota à morte.
Sem se aprofundar na evolução psicológica da protagonista – de repente, mostrando-a sendo capaz de enfrentar seus algozes tendo como recordação as agressões do namorado -, Quarries se perde nas pedras de seu roteiro falho, que não empolga ou cria tensão. Lançado na Alemanha como “Die Beaute” e uma capa exploitation com a protagonista sem roupas, amarrada a uma árvore (!!!), a única boa coisa da produção é ter servido para encerrar a carreira do diretor na função.