3.6
(42)

O Mistério do Moinho
Original:The Mill
Ano:2023•País:EUA
Direção:Sean King O'Grady
Roteiro:Jeffrey David Thomas
Produção:Josh Feldman, Jesse Ford, Barbara Goldner, Brooke Goldner, Lil Rel Howery, Sean King O'Grady
Elenco:Lil Rel Howery, Pat Healy, Karen Obilom, Patrick Fischler, Getchie Argetsinger, Kevin D. Benton

The Mill é um filme que mistura sci-fi com horror, lançado em outubro de 2023 e dirigido por Sean King O’Grady. Joe (lil Rey Howery) é um trabalhador que acorda desorientado em uma cela de concreto ao ar livre com apenas um moinho de grão antigo ao centro de tudo.

Ainda de terno e calçando seu Jordan’s, ele não tem ideia de como chegou ali. Mas logo uma projeção na parede lhe dá simples instruções: movimente o moinho no número da sua meta diária e viva mais um dia. À noite, alguém com o número menor de voltas, será eliminado. E assim, ouve-se apenas os gritos de outros prisioneiros implorando por suas vidas. Tudo se repete acordando no dia seguinte.

Com o passar da história recebemos algumas informações que trazem uma reflexão clara sobre a exploração diária do capitalismo. A própria empresa do nosso protagonista é quem o colocou ali e está fazendo isso com ele, disfarçando essa tortura de “aprimoramento pessoal”. Para mostrar que quem se esforça consegue, só precisa de um empurrãozinho, uma motivação externa. Aliás ele deve ir além de sua meta diária, pois sua empresa preza muito por aqueles que vão além e se destacam… mas acaba recebendo um sanduíche e uma garrafa d’água para manter sua energia.

A motivação de Joe é que sua esposa está grávida e prestes a conceber seu primeiro filho. Sua empresa claramente usa vídeos dessa informação para não deixá-lo desistir e calar seus questionamentos de “pra quê tudo isso”? E é exatamente essa a sensação quando fazemos uma comparação com o mito de Sísifo. Aqui Joe chega a dar trezentas voltas com seu moinho, um serviço braçal e repetitivo, mas no dia seguinte acorda com uma meta tão grande quanto, ganhando o mesmo lanche e a mesma garrafinha d’água.

Seus questionamentos o levam a ataques de raiva, desistência, negação e niilismo. Por mais que ele tente negociar, nunca é ouvido. Pelo contrário. A cada xingamento ou revolta, Joe é punido. Fazendo um paralelo que funcionário bom é aquele que fica quietinho e faz seu trabalho sem questionamento. Ser mais um número obediente, onde quem faz toda a linha de frente não leva um ganho sequer. Mas a empresa continua cada vez mais rica e dominante, não só no mundo lá fora como exercendo poder diretamente na vida daqueles que a sustentam com seu suor, sangue e lágrimas.

Apesar de ser fã de críticas ao capitalismo (que são cada vez mais necessárias), o filme parece arrastado. Talvez isso se dê a grande porção de cenas claustrofóbicas de um cenário só, porém, um pouco mal aproveitadas. Nos minutos finais recebemos um plot na pegada Black Mirror, onde Joe sai de uma simulação e é promovido. Ele então telefona para sua esposa que fica surpresa ao receber uma ligação em meio ao expediente dele. Mais uma vez ele vai se atrasar pra voltar pra casa, mas dessa vez jurando destruir o sistema “por dentro”.

Joe é um personagem totalmente relacionável pois representa a todos nós. Somos prisioneiros de um sistema que nos empurra a decisões extremas e esforços contínuos para atingirmos o básico da nossa sobrevivência. São horas e horas de nossa vida fazendo sempre as mesmas coisas para pagar contas e colocar comida na mesa.

O capitalismo é um grande pesadelo da vida real. Quantos de nós não temos nossa alma sugada, vontade de desistir mas continuamos firmes como peões individuais que não conseguem se unir para derrubar o rei? Sem contar quando olhamos para o lado e percebemos tantos colegas que se submetem a coisas piores sem ao menos se questionarem ou questionar àqueles que estão no poder. Nosso cansaço físico e psicológico são reais.

E The Mill vem para nos mostrar o quão frágil nossa sanidade pode ficar diante dessa situação. Questionar porque continuamos fazendo o que fazemos. Questiona nosso sistema, nosso trabalho e nossa tecnologia. Um horror distópico moderno e psicológico com críticas antigas, e provavelmente, futuristas. Talvez com um roteiro um pouco mais ousado, o filme poderia se tornar também um pouco mais horrorizante. Acerta na crítica mas peca um pouco na execução. E se você estiver pensando em demissão quando ver esse filme… cuidado com o empurrãozinho!

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Média da classificação 3.6 / 5. Número de votos: 42

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16 Comentários

  1. não tenho problema com a tal “lacração” ou “militância”, mas uma pena que a resenha é ruinzinha mesmo… faz o filme parecer chato e já entrega o final. perdeu a graça!

  2. A Senhora spoiler contou o filme todo e ainda fica fazendo militância.
    Ta na hora de dar uma filtrada nos colaboradores.

    1. Avatar photo

      amigo, a Natalia acabou de entrar pra equipe do site e tem total apoio de todos nós por aqui. quem não é bem-vindo é você com reclamaçãozinha boba, tá bem? a internet é grande e você é livre pra procurar outro site e parar de encher o nosso saco 😉

      1. Parabéns a pseudo critica que não aceita a opinião alheia

    1. Gostei do filme. A alegoria do trabalho exaustivo e sem sentido, que exige metas insuperáveis e inhumanas – sempre com o incentivo da manutenção do emprego, é perfeita para dizer desse mundo deshumanizado q vivemos. A crítica deu os fatos,mas a análise podia ser melhor….

  3. Infelizmente é a última vez que acesso o Boca. A militância tá dando nojo. O podcast já desisti há muito tempo, dado o nível de lacração. Adeus.

    1. Mas amigo, o filme por si só já fala sobre o que você não gosta de ouvir. Em sua maioria, a arte tem uma tendência de questionar o status quo…

    2. Já vai tarde. Qualquer idiota que fala em lacração só é bem vindo no curral do qual faz parte, e olhe lá, porque até lá se odeiam.

          1. Vai devagar nos resumos do filme entrei de paraquedas aki n conhecia o site o Google q indicou no feed de notícias mas enfim não vou assistir porque já li o resumo que falA o filme inteiro

  4. Lá vem a lacração…. Ninguém quer saber a opinião política do crítico, apenas saber se vale a pena ou não assistir ao filme. Ainda por cima, fez o favor de entregar o final do filme. PARABÈNS!!!!

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