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Como o Halloween é visto como uma apropriação cultural – expressão da moda – de um evento tradicional em outros países, o Brasil se sente livre apenas para se fantasiar no Carnaval (ignorando que essa festa também não é brasileira). Quem é fã de horror, aproveita o maior feriado do país para ver e rever filmes, além de se atualizar com suas séries favoritas. Busca na TV paga, nas plataformas de streaming ou simplesmente assiste novamente o DVD de um clássico do gênero, imaginando quantas histórias fantásticas uma festa popular poderia proporcionar.

Aproveitando a folia, enquanto você não se decide sobre qual bloco irá seguir, resolvemos selecionar as Melhores Máscaras do Gênero, uma opção para você pensar numa fantasia que não seja tão óbvia e ao mesmo tempo relembrar que o terror possui as mais interessantes alegorias. Ora, produzir a máscara de um ícone do horror não é fácil: não basta apenas um bom designer, mas é preciso saber personificar o Mal, expressar o Medo e ainda trazer um certo desconforto para o público, dando-lhe um aspecto de imortalidade e frieza. Com base nessa perspectiva, prepare-se para esconder seu rosto com alguma boa lembrança assustadora, celebrando o Carnaval de maneira aterrorizante!

15. Os Olhos Sem Rosto (1960)

Algumas vezes a máscara não pertence ao monstro, mas é a fonte de sua inspirada maldade. No francês Os Olhos Sem Rosto (Les yeux sans visage), de Georges Franju, uma mulher desfigurada se vê obrigada a vestir uma máscara assustadora. O Dr. Genessier (Pierre Brasseur) é um cirurgião plástico que se torna responsável por um acidente de carro que desfigura sua filha Christiane (Edith Scob). Atormentado pela culpa, ele passa a sequestrar e assassinar mulheres para conseguir um rosto para a jovem. Sem poder sair de casa, Christiane é forçada a vestir uma máscara branca, sem expressão, transformando-a numa mistura de tristeza e terror, deixando apenas seus olhos como o único contanto com sua humanidade. Com influência de Frankenstein, o longa acabou servindo de inspiração para a concepção do rosto de Michael Myers, de acordo com o próprio John Carpenter.

14. Comunhão (1976)

Mesmo que não seja uma expressão fria e sem vida, a máscara ainda tem sua própria condição assustadora. De repente, ela pode até expressar um sorriso constante, como é o caso do assassino desse clássico de Alfred Sole. Em sua estreia no cinema, Brooke Shields interpreta Karen, uma jovem que é assassinada brutalmente em sua primeira comunhão. As dúvidas sobre a autoria do crime vão direto para a irmã problemática, Alice (Paula E. Sheppard), que ainda tinha o costume de usar a máscara e o casaco amarelo para brincar de assustar. Desenhada para ser um simples rosto feminino alegre, a máscara transborda arrepios por remeter aos bonecos estáticos de parques de diversão, permitindo a movimentação ágil dos olhos, sem atenuar sua frieza. Ela acabou servindo de marca da produção e também posteriormente passou a inspirar outros filmes, como o primeiro Uma Noite de Crime.

13. Franquia Jogos Mortais

A primeira relação que se estabelece com as ações de Jigsaw é exatamente o assustador bonequinho no triciclo chamado Billy. Apesar de sua presença sempre trazer um certo desconforto, os longas merecem aparecer na lista por uma famigerada máscara de porco, realizada com um carcaça real de uma criatura, com uma longa cabeleira preta. Para quem não viu os filmes, John Kramer (Tobin Bell) é um homem que está com câncer terminal, e resolve usar sua vontade de viver para armar situações em que suas vítimas priorizem a vida. Para cometer seus sequestros, ele conta com a ajuda de outras vítimas – ou pessoas que acreditam em sua metodologia de trabalho -, e algumas usam a tal máscara de porco – inspirada no slasher Motel Hell (1980) – para esconder a identidade. A máscara de porco acabou sendo lembrada na série brasileira Supermax!

12. Raça das Trevas (1990)

Quando Clive Barker e David Cronenberg se unem, surge um dos assassinos mais esquecidos do gênero. Com roteiro e direção do primeiro, o segundo assume o papel do psicoterapeuta Dr. Philip K. Decker, que, durante a noite, se transforma em um terrível psicopata. Sua frieza, na caracterização de uma máscara torta, com botões no lugar de olhos e um zíper, acaba conduzindo-o a um cemitério habitado por uma legião de monstros, na entrada para o inferno. Cada monstro tem o dedo da concepção de Barker, mas nenhum deles incomoda tanto quanto o terrível assassino humano, numa caracterização simples, mas terrivelmente assustadora.

11. Os Estranhos (2008)

Um pesadelo urbano. Um trio de assassinos aterroriza um casal em constante conflito, vivido por Liv Tyler e Scott Speedman, numa noite como qualquer outra. Esse suspense inspirado em eventos reais – com lembrança de Eles (Ils) -, de Bryan Bertino, poderia simplesmente passar despercebido se “os estranhos” não estivessem bem caracterizados. Um homem de terno e um aparente saco sobre a cabeça; uma garota loira, com aspecto jovial, em uma máscara de boneca, sem olhos; e uma morena, de vestido que parece vir de um passado distante, com uma espécie de máscara de porcelana, também com olhos vazados. Sem você imaginar quem estaria por trás dos rostos, a maior sensação de medo surge com a possibilidade de que aquelas pessoas simplesmente querem brincar de matar. Originou a continuação, Os Estranhos: Caçada Noturna, e terá a trilogia de Renny Harlin.

10. Halloween III: A Noite das Bruxas (1982)

Não é só aquela musiquinha repetitiva que não sairá da sua cabeça depois de assistir ao único filme da franquia Halloween sem Michael Myers. Provavelmente, qualquer máscara da empresa SILVER SHAMROCK também não. Uma bruxa, uma caveira ou uma abóbora, os itens fazem parte de uma companhia, com habilidades em magia negra, que pretende matar as crianças que a estiverem usando na noite de Halloween, através de seus microchips, cobras e insetos. O sucesso das máscaras levou a uma febre americana em outubro, tornando-se o principal item de interesse em fantasias. Até hoje há quem homenageie essa roupagem macabra.

9. Contos do Dia das Bruxas (2007)

Contos do Dia das Bruxas (2007)

Já que o assunto é Halloween, precisamos falar sobre Sam. Em seu curta de estreia, Season’s Greetings, de 1996, Michael Dougherty apresentou o estranho garoto Sam. Com um pijama laranja e uma máscara redonda na cabeça – que lembra um espantalho por seu aspecto deformado -, o personagem foi resgatado na antologia Contos do Dia das Bruxas, com histórias macabras numa noite de Halloween, interligadas numa rede de terror. É claro que a máscara esconde um monstrinho, uma demoníaca cabeça de abóbora, que relaciona cada conto de horror, como uma criatura presente nos pesadelos. Talvez, nem precisasse mostrar sua verdadeira face, uma vez que já assombra sua simples presença na película.

8. A Fortaleza (1985)

Antes dOs Estranhos ou dos assassinos com máscara de animais de Você é o Próximo (2011), um thriller, bastante exibido na Sessão da Tarde, já causava arrepios pela vestimenta dos vilões. Uma escola infantil, com crianças das mais variadas idades, é invadida por um grupo de sequestradores, escondidos por máscaras. Tem para todos os gostos: Papai Noel, Pato, Gato e Rato! Cada máscara esconde um sequestrador com características próprias, obrigando a professora Sally (Rachel Ward) a ajudá-los a não simplesmente se defender, mas também a atacar os inimigos. Filmaço com um dos finais mais incríveis do gênero!

7. O Silêncio dos Inocentes (1991)

Um dos melhores thrillers dos anos 90, o longa apresentou de maneira satisfatória o vilão Dr. Hannibal Lecter (Anthony Hopkins). Inspirado na obra de Thomas Harris, Dr. Lecter é um genial psiquiatra, com hábitos alimentares estranhos, cuja inteligência serve para a caça de um perigoso serial killer. Como ele ameaça as pessoas com sua fome voraz, ele é obrigado a ficar imóvel, durante o seu transporte, com uma espécie de focinheira no rosto. Desenvolvida por Ed Cubberly, a máscara acabou se tornando símbolo do personagem, associando-o a seu lado animalesco.

6. Pague Para Entrar, Reze Para Sair (1981)

O claustrofóbico filme de Tobe Hooper sobre um grupo de amigos que decide passar a noite em um parque de diversões tem um personagem assustador. Além da terrível Madame Zena (Sylvia Miles), há um homem deformado que se esconde nos locais mais escuros da atração mais aterrorizante do local. Para esconder sua monstruosidade, o homem misterioso usa uma máscara da Criatura de Frankenstein, inspirada no rosto de Boris Karloff em sua concepção clássica. É um toque discreto que até perde pontos com a necessidade da retirada da vestimenta para causar calafrios no espectador ao saber que o guia das emoções do parque é uma aberração.

5. Franquia Pânico

Depois que o público começou a se incomodar com as continuações ruins de Halloween, Sexta-Feira 13 e A Hora do Pesadelo, Wes Craven achou que devia ser a hora de criar um novo ícone do horror, na representação de um slasher-paródia. Em 1996, surgiu Ghostface, e o personagem passaria a se tornar símbolo da franquia devido a sua fantasia interessante, fazendo até mesmo o público ignorar a trajetória de um grupo de estudantes no encontro com a faca afiada do psicopata. Inspirado no quatro O Grito, de Edward Munch, a máscara foi adquirida pela produtora Marianne Maddalena, comprada da Fun World, e o resultado foi surpreendente, graças também ao restante da vestimenta, como uma Morte em constante movimento na direção de suas vítimas.

4. O Pássaro Sangrento (1987)

Um grupo de atores de uma companhia musical passa a ser perseguido por um psicopata no ambiente da apresentação. Poderia ser apenas mais um slasher esquecível se o diretor não fosse Michele Soavi, com seu toque mais do que especial. No entanto, entra nessa lista porque o assassino amplia os arrepios ao utilizar uma sinistra e gigantesca máscara de coruja. O acessório contribui ao simbolismo de suas ações, instigando sobre sua identidade. E o final é absolutamente fantástico!

3. Donnie Darko (2001)

Acorde, Donnie! Em uma noite como qualquer outra, com o sonambulismo do protagonista, ele é salvo por Frank, um coelho gigante, que o avisa da queda de uma turbina em seu quarto. A partir daí ele, tem menos de um mês até o Halloween para descobrir se ter vivido valeu a pena. Donnie Darko é uma produção cult de Richard Kelly, que tem em seu coelho o toque sobrenatural e assustador que precisava, além de estabelecer uma relação com Alice no País das Maravilhas. A fantasia completa tem como destaque o rosto, com um sorriso pavoroso do animal e os olhos brilhantes, como em um pesadelo.

2. O Massacre da Serra Elétrica (1974)

Uma família de canibais, localizada no Texas, tem entre os membros o gigante Leatherface, com uma máscara de pele humana, feita a partir do rosto amedrontado de suas vítimas. O clássico de Tobe Hooper, inspirado nas ações reais de Ed Gein, que tinha os mesmos hábitos de um colecionador, teve toda a força representativa no gênero devido ao vilão, que passou a frequentar listas dos melhores do gênero, e as próprias continuações e refilmagens. O conceito de usar uma pele morta sobre o rosto, como se escondesse sua própria monstruosidade, é um toque genial ao longa, trazendo o reconhecimento que merece.

1. Halloween – A Noite do Terror (1978)

Michael Myers, o assassino de Haddonfield, também conhecido como bicho-papão, utiliza uma máscara pálida, inexpressiva sobre um rosto sem vida. Ele não é deformado ou feio, mas esconde o próprio rosto com o que ele considera como uma visão de si mesmo. Descrito no roteiro de John Carpenter como “A Forma“, a máscara foi uma das duas adquiridas para o ícone, quando buscavam uma referência: uma era de um palhaço, a outra era do Capitão Kirk, William Shatner. Optaram pela segunda, pintando-a de branco, alterando os olhos e acrescentando o cabelo para desenvolver a imagem que temos do assassino Michael Myers. O rosto real já não mais importa, pois o Mal absoluto encontrou sua forma e expressão através de uma máscara que representava muito bem a ausência de uma alma.

Outras Máscaras Assustadoras

É claro que a lista não está completa. Trata-se apenas de uma indicação daquelas mais interessantes do gênero no momento. Pode ser que muitas outras ocuparão os lugares acima, ou tornarão a lista ainda maior. Dentre as que foram consideradas para esse artigo – mas que acabaram ficando de fora -, vale menção à máscara de hóquei de Jason Voorhees (Sexta-Feira 13) – embora eu ache o saco sobre o rosto do segundo ainda melhor -; a de sapo, de O Abominável Dr.Phibes; a de Leslie Vernon de Por Trás da Máscara; a do Groucho Marx, de O Trem do Terror; a de Satã de O Ajudante de Satã; a do demônio de Demons; ChromeSkull de Laid To Rest; a do demônio em Black Sunday; a do menino assustador de O Orfanato; os gêmeos de O Lar das Crianças Peculiares; o cupido de O Dia do Terror; sem falar também nas interessantes máscaras de American Horror Story: Cult, criativas e igualmente assustadoras.

Laid to Rest (2009)

Não entraram nessa categoria pessoas deformadas ou bem maquiadas, mas aquelas que acabam usando uma fantasia ou máscara para esconder sua real natureza.

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7 Comentários

  1. Jason deveria estar na lista, não em menções honraveis.

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      Não acho, João! A máscara do Jason é a do Hóquei, esporte popular no Canadá. Não foi criada para o filme.

      Gosto dela na criação do personagem, mas não como algo memorável.

      Abs

  2. Até quando brasileiro vai ficar tratando Halloween como uma coisa gringa e renas, neve, trenós, rei momo, etc.., como produtos da cultura nacional?

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