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Poltergeist
Original:Poltergeist
Ano:2023•País:EUA
Autor:James Kahn•Editora: Darkside Books

Alguns filmes de terror são tão icônicos que atravessam gerações espalhando o medo por meio de histórias macabras e assustadoras. Entre eles, existem ainda aqueles que mexem tão profundamente com forças ocultas que acabam acontecendo coisas peculiares, para dizer o mínimo, durante as filmagens. Eventos aparentemente relacionados à narrativa acontecem no set, e, de repente, o medo deixa de ser ficção e passa a ser realidade. Todos conhecemos os incidentes durante a produção dos ditos “filmes amaldiçoados”: em O Exorcista, o set inteiro pegou fogo, exceto o quarto de Regan, além de mortes de alguns envolvidos até que as filmagens fossem concluídas; no clássico O Bebê de Rosemary, o produtor alucinou com a própria Rosemary indo atrás dele e, é claro, temos o terrível assassinato de Sharon Tate – que estava grávida –, esposa do diretor Roman Polanski; em O Corvo, Brandon Lee foi morto acidentalmente durante as filmagens, caso que ficou muito conhecido e polêmico. Poltergeist é outro filme considerado amaldiçoado, com uma tragédia especialmente comovente: a atriz que interpretou a pequena Carol Anne morreu com apenas doze anos, além de outras pessoas envolvidas na produção que também morreram, sendo uma delas assassinada no mesmo ano de lançamento do filme.

O enredo de Poltergeist, por si só, já é arrepiante. Saber das desgraças que ocorreram com pessoas envolvidas em sua produção deixa tudo ainda mais palpável, mais real. Sendo um filme com cenas tão marcantes, é aclamado como um clássico do horror, chegando a ganhar até mesmo uma novelização. Dizem que Spielberg estava à procura de alguém para escrever o livro antes mesmo de iniciar as filmagens, e a tarefa foi aceita por Joe Haldeman, que tinha muitas opiniões críticas sobre o roteiro. Spielberg acabou demitindo Haldeman, apesar de algumas cópias-teste do livro terem sido impressas, e contratou outra pessoa para fazer o serviço às pressas: James Khan, que fez o prometido e muito mais com maestria.

Clássico original de 1982, dirigido por Tobe Hooper

A história segue o filme: a família Freeling vive em harmonia em uma comunidade planejada chamada Cuesta Verde, na Califórnia. Steven é bem sucedido em seu emprego e sua esposa, Diane, se dedica a cuidar dos três filhos. Uma noite, a filha mais nova do casal, Carol Anne, acorda repentinamente e começa a andar pela casa, parando em frente ao aparelho de televisão que exibe apenas estática em sua tela. Sentada em frente ao aparelho, a pequena começa a conversar com algo. Isso se repete em outras noites quando, em umas delas, uma mão é vista na televisão e, imediatamente após, a casa é alvo de um terremoto. O fenômeno assusta a família, especialmente quando sua filha anuncia, em sua inesquecível frase: “Eles estão aqui”. Após o acontecimento, Diane presencia coisas estranhas ocorrendo ao longo do dia, que pouco a pouco vão se intensificando e parecem afetar com mais força a pequena Carol Anne.

Paralelamente a isso, um grupo de parapsicólogos estuda o caso de Tangina, uma mulher que afirma ser uma poderosa médium. Durante os estudos, Tangina reage de modo anormal, com imagens e sons invadindo sua mente, e precisa desesperadamente encontrar a fonte dessa agonia, indo diretamente até a porta dos Freeling, que descobrem estarem sofrendo com um Poltergeist (fenômeno sobrenatural causado por uma assombração desconhecida, com manifestações físicas como objetos se movendo, luzes piscando etc). Lá, ela e o grupo de parapsicólogos descobrem que Carol Anne foi levada por forças desconhecidas, porém, sua voz ainda pode ser ouvida clamando pela mãe e por socorro pela casa, o que deixa os pais desesperados e temendo pela garotinha. Precisam descobrir o que levou a criança e como resgatá-la antes que seja tarde demais.

Se o filme já é horripilante, sua novelização consegue ser ainda mais intensa e macabra. Sim, todos os elementos da produção cinematográfica estão perfeitamente ali, mas com acontecimentos ainda mais amplificados. Toda a angústia e terror que a família e os envolvidos passam consegue ser transmitida de uma forma ainda mais agoniante na versão literária. A forma como Carol Anne é levada, a alucinação que um dos parapsicólogos sofre, entre outros momentos horripilantes, tudo é escrito com uma riqueza de detalhes tão chocante que acaba causando reações involuntárias de descrença e pavor em quem está lendo (como por exemplo franzir o rosto de agonia, esbugalhar os olhos de incredulidade, levar a mão à boca… enfim, vocês sabem como é).

Não apenas os fenômenos sofridos são levados a um nível ainda maior de horror, mas também a personalidade de todos os personagens é mais explorada, especialmente de Tangina. Ela é fundamental na trama, e sua importância fica ainda mais evidente aqui, com seus sonhos e visões sendo mostrados aos leitores com capítulos dedicados inteiramente a ela, onde conhecemos mais de seu passado até o momento que teve os caminhos entrelaçados com o desaparecimento de Carol Anne. Graças a ela também sabemos mais sobre os espíritos e suas motivações. A dinâmica da família Freeling e como eles tentam lidar com os fenômenos sobrenaturais e todo o pavor também é mais trabalhada.

Kahn faz um trabalho espetacular trazendo para o papel uma obra tão grandiosa quanto Poltergeist, causando uma verdadeira imersão na leitura, sem perder a chance de adicionar um pouco do seu próprio estilo e ficando à altura do horripilante filme. Não é apenas um roteiro transformado em livro, é realmente a expansão de uma história que virou um marco do horror, fazendo jus à fama de um dos melhores filmes de terror já feitos.

Além de tudo, a edição da Darkside Books em parceria com a Macabra Tv inclui fantásticas ilustrações do artista Vitor Willemann e um conto inédito escrito por um dos grandes nomes do terror nacional atual, César Bravo, chamado “Para Sempre Carol Anne”. É uma homenagem comovente e emocionante que fecha com chave de ouro essa obra feita especialmente para os fãs desse clássico do horror.

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