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As Taras da Sétima Monja
Original:La settima donna / Last House on the Beach
Ano:1978•País:Itália
Direção:Francesco Prosperi
Roteiro:Ettore Sanzò, Romano Migliorini, Gianbattista Mussetto
Produção:Pino Buricchi
Elenco:Florinda Bolkan, Ray Lovelock, Flavio Andreini, Sherry Buchanan, Stefano Cedrati, Laura Tanziani, Laura Trotter, Karina Verlier, Luisa Maneri

 

 

A melhor última casa à esquerda do subgênero “rape & revenge” é o irregular Aniversário Macabro (The Last House on the Left, 1972). Melhor no sentido de ser uma das produções pioneiras e que serviria de influência a vários outros filmes com a mesma fórmula de crueldade e vingança. Já falei bastante sobre o longa de Wes Craven numa crítica à parte, e entendo sua importância para apontar os holofotes ao criador de Freddy Krueger e também como exemplar violento da década de 70, a mais agressiva do gênero. E dessa sua influência vieram A Última Casa da Rua (The Last House on Dead End Street, 1973), A Casa no Fundo do Parque (House on the Edge of the Park, 1980) e até o mais recente The Last House on Cemetery Lane (2015). E também La Settima Donna, conhecido em países de língua inglesa como The Last House on the Beach – no Brasil veio com o péssimo título As Taras da Sétima Monja.

Trata-se obviamente de um exemplar exploitation, com ramificações do sexploitation e do nunsploitation. Chama a atenção não pela proposta ou título, mas pela presença da excelente atriz Florinda Bolkan, de Uma Lagartixa num Corpo de Mulher (1971) e O Segredo do Bosque dos Sonhos (1972), e de outros rostos conhecidos, como o de Ray Lovelock (Não se deve Profanar o Sono dos Mortos, 1974), Laura Trotter (Nightmare City, 1980) e Sherry Buchanan (Zombie Holocaust, 1980). Até porque o enredo não faz nenhum esforço para inovar.

Um grupo de assaltantes foge de um banco, é perseguido (um deles é ferido) e o carro quebra na estrada. Eles buscam abrigo numa casa isolada, à beira-mar numa colina, local onde há uma escola de freiras. A princípio planejam utilizar o espaço para um descanso rápido, para logo continuar o percurso, mas suas intenções ruins e frustrações sexuais se evidenciam quando começam a abusar das garotas e da própria freira, despertando uma ação de vingança sangrenta. Aquelas moças aparentemente indefesas, que ensaiavam a peça “Sonho de uma Noite de Verão” e se banhavam na piscina, com a belíssima visão da costa ensolarada, são lideradas pela freira Cristina (Bolkan) para um revide nos minutos finais.

Não é o filme mais conhecido de Francesco Prosperi. Ele comandou os documentários Mondo Cane (1962) e Africa Addio (1966), além de Mondo Cannibale, em 1980, como parte do ciclo italiano de canibalismo, mas também esteve envolvido no roteiro de Hércules no Centro da Terra (1961), com Christopher Lee, e Olhos Diabólicos (1963), de Mario Bava. Contudo, demonstra um bom trabalho técnico, principalmente na cena inicial, do assalto, com a câmera posicionada apenas nos pés dos bandidos, como se o espectador fosse um refém em desespero no local. E sem precisar apontar a câmera constantemente para os corpos das garotas, como Jean Rollin e Jesus Franco costumavam fazer em sua produção eurotrash. Uma cena específica mostra como o cineasta trabalha no estilo, quando os ladrões descobrem que Cristina é uma freira e pedem que ela tire as roupas e vista o hábito, com a imagem passeando pelos rostos das moças e dos vilões para depois retornar à protagonista já vestida.

Apesar dessa aparente timidez do cineasta, há, sim, sequências violentas de estupro e agressão. Não são explícitas e nem muito demoradas, mas são incômodas na intenção. Assim, o longa choca pela proposta, pela ambientação claustrofóbica, pelo corpo visto sendo arrastado ou outro largado na sala, com o objeto pontiagudo tendo servido para uma ação grotesca e pela demora numa reação. O ritmo da narrativa é lento, como deve ter sido o pesadelo interminável das mulheres, diante de seus agressores, sem expectativa de uma melhora.

La Settima Donna é um parente distante de Aniversário Macabro, daqueles bem pouco conhecidos, mas muito mais bem acabado, sem tempo para policiais engraçadinhos e atores canastrões. O filme de Wes Craven é muito mais sangrento e violento, além de criativo, porém o trabalho técnico de Prosperi, assim como o manuseio das câmeras por Cristiano Pogany, é muito melhor. E vale por rever a talentosa Florinda Bolkan em cena, principalmente quando ela deixa de lado seus preceitos religiosos para defender suas alunas e sua honra!

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