Qualcosa striscia nel buio
Original:Qualcosa striscia nel buio
Ano:1971•País:Itália Direção:Mario Colucci Roteiro:Mario Colucci Produção:Dino Fazio Elenco:Farley Granger, Lucia Bosè, Giacomo Rossi Stuart, Stelvio Rosi, Mia Genberg, Gianni Medici, Giulia Rovai, Franco Beltramme |
Um grupo de desconhecidos é obrigado por uma tempestade a pernoitar numa antiga mansão cuja antiga proprietária foi uma ricaça suspeita de bruxaria e de assassinar o marido. Entre eles, um psiquiatra com sua assistente, um médium e sua esposa cínica, um casal “hippie” – os novos proprietários da mansão – , um filósofo, e dois policiais que na ocasião estavam transportando um assassino para a prisão. Para além de vultos e histórias assombradas contadas noite adentro, mortes misteriosas começam a acontecer. Um prato cheio!
Qualcosa striscia nel buio (Algo rasteja no escuro, ou coisa do tipo) parece não ser tão legal quanto aparenta, mas é – e tudo devido à condução da trama. Num momento ela chama para o sobrenatural. Noutro parece que vai se consolidar no campo do “whodunit” ou do giallo. Na verdade, o roteiro não segue por nenhum desses caminhos, e a 20 minutos de encerramento do filme, é muito possível que o espectador ainda não esteja entendendo o que está acontecendo.
Algo assim pode até provocar desistência de um guerreiro, principalmente por escolhas infelizes. Por exemplo, o filósofo da turma só abrir a boca para jogar frases feitas é de doer o coração de quem espera um pouco de profundidade. O argumento e decisão dos personagens por pernoitar naquela mansão (com um assassino) também é no mínimo duvidosa.
Para além disso, enquanto cinema, o filme garante bons momentos de suspense, com cenários fantasmagóricos e uma trilha sonora alinhada para criar a atmosfera correta. A presença de dois bodes expiatórios, tanto sobrenaturais quanto não, para as coisas estranhas que acontecem na mansão também incrementa esses momentos com muitas suspeitas e dúvidas.
Curioso o diretor Mario Colucci só ter três filmes em sua filmografia como realizador. A presença de Farley Granger como o assassino também pode passar batida – ele interpretou o tenista no excelente Pacto Sinistro de Alfred Hitchcock -, mesmo sendo uma das melhores presenças em cena. Já a personagem de Lucia Bosè, esposa clínica e amarga do médium, dispara como a mais interessante. De humor seco e aventureiro, parece ser a única presença de espírito do grupo, a quem se deve muitas das movimentações que acontecem na trama.
Mas ao fim, é possível perceber que tudo se encaixa. O que não é e o que não pode ser. Como numa comédia de erros (um horror de erros), mas ainda assim, faz sentido. Intrigante como poucos filmes, até pela indefinição de um gênero, Qualcosa striscia nel buio deixa com uma pulga atrás da orelha pela imprevisibilidade e pela humanidade de seus personagens – humanidade essa que é capaz dos piores erros, na inocência ou na malandragem, ou qualquer outro desvio que rasteje no escuro da alma. Quem curtiu o novato Morte Morte Morte vai achar um barato! Tá disponível no Youtube.
Bem x