4.6
(17)

O Corvo: A Cidade dos Anjos
Original:The Crow: City of Angels
Ano:1996•País:EUA
Direção:Tim Pope
Roteiro:David S. Goyer, James O'Barr
Produção:Jeff Most, Edward R. Pressman
Elenco:Vincent Perez, Mia Kirshner, Richard Brooks, Iggy Pop, Thomas Jane, Vincent Castellanos, Thuy Trang, Eric Acosta, Ian Dury, Tracey Ellis, Beverley Mitchell, Aaron Thell Smith, Alan Gelfant, Shelly Desai

O inesperado sucesso de O Corvo (The Crow, 1994) foi o motor propulsor de uma franquia. A trágica morte de Brandon Lee ajudou a atrair olhares para o último filme do ator, com a perspectiva de se ver em cena o momento em que a arma dispara um projétil real. Assim, o orçamento estimado em US$23 milhões de dólares se transformou em mais de US$90 nas arrecadações mundiais, motivando a realização de um novo filme. O idealizador do personagem, James O’Barr, não quis se envolver na produção e sugeriu que o roteiro, a cargo de David S. Goyer, contasse uma história nova, sem relação direta com o infortúnio de Eric Draven.

O diretor do anterior, Alex Proyas, partiu para um projeto pessoal, realizando o ótimo Cidade das Sombras (Dark City, 1998). Tim Pope, com experiência com videoclipes como Proyas antes de comandar O Corvo, assumiu a direção até perder os domínios sobre o filme, nas mãos dos produtores Bob e Harvey Weinstein, que editaram o trabalho para que tivesse o mesmo formato do anterior. Devido a isso, decepcionado com a indústria de Hollywood, Pope renegou a produção por muito tempo, e voltou à direção de clipes e curtas.

Para o papel do herói vingativo, foi contratado o suíço Vincent Perez, que chamou a atenção por sua atuação em A Rainha Margot (La reine Margot, 1994). E para impulsionar a publicidade do longa, o músico Iggy Pop, que havia servido de inspiração para O’Barr desenvolver um dos vilões dos quadrinhos originais, assumiu o papel de um dos assassinos do longa, sendo realmente o chamariz da produção. Outras participações curiosas incluem Mia Kirshner (Assassinato em Primeiro Grau, 1995), Thomas Jane, que depois faria um personagem vingativo em O Justiceiro (The Punisher, 2004), e Richard Brooks (Shocker: 100 Mil Volts de Terror, 1989). Entre as curiosidades trágicas, O Corvo: A Cidade dos Anjos é o último papel de Thuy Trang (a Power Ranger amarela da série original), morta em um acidente de carro em 2001.

A trama é quase a mesma. Ambientada em uma Los Angeles apocalíptica, envolta em névoas, o traficante Judah Earl (Brooks) comanda o assassinato do mecânico Ashe Corven (Perez) e de seu filho de apenas oito anos, Danny (Eric Acosta), por terem acidentalmente testemunhado um crime. Os assassinos – Curve (Pop), Nemo (Jane), Spider Monkey (Vincent Castellanos) e Kali (Trang) – atiram nos dois e jogam os corpos em um píer. Sarah Mohr (Kirshner), a pequena ajudada por Eric Draven e Shelley no anterior, agora uma tatuadora e artista de imagens mórbidas, pressente o retorno de Ashe pela presença de um corvo em seu estúdio, e vai buscá-lo no porto.

Na noite do Dia de Los Muertos, Ashe retorna, atormentado por visões da morte de seu filho, e entende que sua volta está relacionada a uma vingança. Com a maquiagem em seu rosto, vestindo um sobretudo de couro preto, Ashe parte em sua moto, seguindo o corvo, até encontrar Spider Monkey no laboratório de drogas. Ele interroga o vilão para saber a localização de Nemo, e explode o local. A segunda vingança acontece em um peep show, eliminando Nemo com uma boneca inflável enfiada em suas calças.

Logo Curve percebe o retorno do morto para perpetuar uma vingança e informa a Judah. Ajudado pela oráculo Sybil (Tracey Ellis), que arrancou os próprios olhos por não ser atormentada por visões, ele fica sabendo que a fonte do poder sobrenatural de Ashe está no corvo que o acompanha, uma carta na maga que servirá para o propósito final, durante as comemorações do Dia de Todos os Santos. Até lá, o herói se sentirá atraído por Sarah, e ainda terá confrontos com os demais lacaios do chefe do tráfico. Destaque para o combate com Curve, iniciado numa perseguição de motos, explorando a Los Angeles sombria, a partir da ótima fotografia de Jean-Yves Escoffier.

O estilo videoclipe é bastante evidente em O Corvo: A Cidade dos Anjos. Cortes rápidos, explorando a trilha sonora do Deftones, entre outros, e muitos closes nos personagens. Alguns efeitos não funcionam bem, principalmente na combinação das cenas com os voos do corvo, e no ataque de vários na sequência final. Também pesa negativamente, além do roteiro pouco empolgante e inovador, a atuação de Vincent Perez. Embora seja um bom ator e saiba explorar a carga dramática de seu personagem, ele está bastante estereotipado no papel, e as citações, como o poema do corvo de O’Barr, não fluem naturalmente em sua fala.

À exceção do mencionado confronto com Curve, as cenas de ação não funcionam muito bem, como se nota no aguardando embate com Kali. Até mesmo o ato final pedia uma briga mais acentuada entre Ashe e Judah, e acontece de maneira anticlimática. No enredo original, a morte de Sarah renovaria seus poderes sobrenaturais de vingança, diferente do que fora visto, sem uma explicação aparente. Deve-se enaltecer a ambientação, o uso da imagem do corvo em incêndios e até nas flores que circundam um cadáver – algo muito bem realizado no primeiro filme.

O Corvo: A Cidade dos Anjos, assim como as demais sequências, não precisava existir. Por mais dramático que seja o original, ele já se mostrou uma adaptação adequada para o herói justiceiro. De todo modo, não é um filme ruim como muitos dizem, apenas desnecessário e oportunista. Antes da refilmagem, ele ainda seria visto em mais dois filmes, O Corvo III: A Salvação (The Crow: Salvation, 2000), de Bharat Nalluri, com Eric Mabius, e O Corvo: Vingança Maldita (The Crow: Wicked Prayer, 2005), de Lance Mungia, com Edward Furlong no papel principal.

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3 Comentários

  1. Eu gosto deste filme, assisti muitas vezes no passado , não é um filme ruim , as oitras continuações não assisti, Vincent Perez além de A Rainha Margot também fez o Trazido pelo Mar com Ian Mcklean que é outro dele que me chamou atenção,

  2. Eu amoooo esse filme , o primeiro é bom
    Mais esse é o meu preferido , já os outros não prestaram !

  3. Inferior ao original mas MUITO melhor que os posteriores. Ainda assim acho um bom filme e gosto bastante por nostalgia também.

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