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Dia dos Mortos
Original:Day of the Dead: Bloodline
Ano:2017•País:EUA, Bulgária
Direção:Hèctor Hernández Vicens
Roteiro:Mark Tonderai, Lars Jacobson, George A. Romero
Produção:Christa Campbell, Boaz Davidson, James Glenn Dudelson, Lati Grobman, Yariv Lerner, Jeff Rice, Les Weldon
Elenco:Johnathon Schaech, Sophie Skelton, Jeff Gum, Marcus Vanco, Lillian Blankenship, Atanas Srebrev, Mark Rhino Smith, Nick Loeb

As refilmagens A Noite dos Mortos-Vivos (1990) e Madrugada dos Mortos (2004) foram tão bem recebidas que acabou motivando estúdios e produtores a tentar fazer o mesmo com Dia dos Mortos (1985). A primeira versão, de 2008, dirigida por Steve Miner, passou longe de ser comparável ao longa original; então foi feita uma segunda tentativa, em 2017, com o subtítulo Bloodline, com direção de Hèctor Hernández Vicens, sem grandes nomes no elenco, e com a ousadia de propor uma recriação de Bub, o zumbi que já trazia sinais de inteligência no enredo de George A. Romero. Infelizmente, também não foi muito bem, ainda que tenha apresentado algumas boas ideias aqui ou ali. Perto do péssimo Dia dos Mortos 2: O Contágio – tive a coragem de ver os dois seguidamente – Bloodline poderia ser até apontado como um clássico do horror pós-contemporâneo.

Após o lançamento de O Massacre da Serra Elétrica 3D: A Lenda Continua, em 2013, os produtores Christa Campbell e Lati Grobman se sentiram motivados a fazer uma nova refilmagem de Dia dos Mortos, ainda mais depois da experiência de Campbell como atriz do primeiro remake. Na época, ela disse: “Queremos mantê-lo o mais próximo possível da versão Romero. Para garantir que seus fãs estejam felizes. Não serão zumbis escalando paredes e fazendo back flips como em Guerra Mundial Z.“. Para evitar esse excesso, após inúmeras reuniões e diálogos com fãs, contrataram Mark Tonderai e Lars Jacobson (Herança Maldita, 2008) para desenvolverem o roteiro, iniciando as filmagens em junho de 2016.

Day of the Dead: Bloodline teve sua première em 29 de dezembro de 2017, no Vietnã, e depois em vários países nos meses e anos seguintes. No Brasil, com o título Dia dos Mortos, teve uma passagem rápida pelos cinemas em 29 de março de 2018, e depois migrou com o título original a Netflix. Foi apedrejado pelos críticos e fãs, pela ideia idiota, algumas opções equivocadas do roteiro e personagens que não permitem a menor empatia do espectador. E é verdade: a própria protagonista, Zoe Parker (Sophie Skelton), é uma expert em decisões ruins, sendo a responsável por grande parte dos problemas do filme, ainda que seus fins sejam justificados principalmente pelo final proposto.

Uma esforçada estudante de medicina, Zoe se culpa por seus erros e está sempre em busca de fazer a diferença. Ela se sente desconfortável todas as vezes em que precisa retirar sangue do obcecado Max (Johnathon Schaech), que até marcou com sangue o nome da garota em seu braço e vive convidando-a para sair. Quando Zoe é abusada pelo rapaz no necrotério, um dos mortos retorna à vida e o ataca, iniciando uma ação em cadeia de ataques e luta pela sobrevivência – com o prólogo mostrando um pouco do inferno nas ruas. Cinco anos depois, os sobreviventes são mantidos em campos de refugiados, enquanto outros são levados a abrigos como o de Zoe, High Rock Emergency Bunker, comandado pelo intragável Miguel Salazar (Jeff Gum), irmão de seu namorado Baca (Marcus Vanco).

No local, Zoe continua com suas pesquisas e também servindo como apoio médico aos presentes ao lado de sua amiga Elyse (Shari Watson). Quando a garotinha Lily (Lillian Blankenship) adoece devido a uma pneumonia, Zoe sugere uma missão de retorno à faculdade, na zona ocupada pelos “podres” (apelidos dados aos zumbis), em busca de medicamentos, mesmo a contragosto de Miguel. Ela, Frank (Atanas Srebrev), Lucy (Ulyana Chan), Derek (Nick Loeb) e Thomas (Vladimir Mihaylov) invadem o ambiente sem muita dificuldade até que Zoe resolve dar uma “esticada” no necrotério, reencontrando Max, que continua com sua obsessão por ela, mesmo depois de morto. Na fuga, a garota atrai outros zumbis e Frank é mordido, enquanto Max se esconde embaixo de um dos veículos e consegue carona até o abrigo.

De volta a High Rock, um Max estratégico tenta uma nova investida contra Zoe, deixando evidências de uma inteligência desconhecida entre os zumbis. Assim que ele é dominado, a garota pede que não eliminem Max para que ela possa continuar suas pesquisas para descobrir uma vacina a partir do sangue dele, que apresenta muitos anticorpos. Além do conflito interno contra Miguel e a desconfiança de Baca, Zoe precisa agir com rapidez para encontrar a cura, antes que o local se torne um banquete de podres, com as tentativas de fuga de Max. Porém as decisões da médica continuam provocando mortes e acidentes: em uma delas, ela pede ajuda para retirar amostras de sangue de outros zumbis para comparar com o de seu prisioneiro, ocasionando a morte de Thomas e a infecção de Elyse.

Ainda que Miguel assuma o posto de vilão humano, é Zoe que provoca o caos em várias situações em benefício da cura. Sem se importar com o destino da personagem, cabe ao espectador tentar buscar uma outra referência na trama, alguém com quem realmente se importar. Talvez Baca assuma um pouco da função, ainda que não seja carismático e nem tenha uma postura heroica. Desse modo, mesmo com efeitos especiais aceitáveis, Day of the Dead: Bloodline não consegue atrair o interesse do público. E os fãs de terror também sentirão falta de uma atmosfera mais pessimista, como era comum nos filmes de Romero, e de um tom mais claustrofóbico, uma vez que os sobreviventes estão isolados em abrigos.

Deve-se destacar em meio ao enredo frágil a atuação de Johnathon Schaech como o Bub da vez. Ator de mais de cem produções, grande parte do gênero ação, ele esteve em Vampiros do Deserto (2001), A Morte Convida para Dançar (2008), Quarentena (2008), nos dois filmes da franquia Chromeskull (2009 e 2011), em Voo 7500 (2014) e em A Casa Maligna (2015). Em Day of the Dead, ele explora bem suas expressões faciais, com uma risada alargada e dolorosa, além de seu físico imponente, mostrando-se como uma verdadeira ameaça. Já a protagonista, Sophie Skelton, tem poucos créditos no cinema, mas pode ser vista no thriller Perseguição Fatal (2022), mais uma vez sofrendo nas mãos de um homem obsessivo.

Após Day of the Dead: Bloodline, foi feita ainda uma outra tentativa de recriar a produção clássica de Romero, desta vez em formato série, lançada em 2021. Com dez episódios, uma única temporada, a produção não foi bem avaliada pelo público, passando longe de qualquer relação com o trabalho original. E assusta por saber que na produção executiva está James Glenn Dudelson, de Dia dos Mortos 2: O Contágio (2005), Dia dos Mortos (2008) e Bloodline. Será que os podres não mereciam algo melhor?

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