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O Homem do Saco
Original:Bagman
Ano:2024•País:EUA
Direção:Colm McCarthy
Roteiro:John Hulme
Produção:Marty Bowen, John Fischer, Wyck Godfrey, Isaac Klausner
Elenco:Sam Claflin, Antonia Thomas, Caréll Vincent Rhoden, Will Davis, Adelle Leonce, William Hope, Steven Cree, Rosalie Craig, Peter McDonald, Henry Pettigrew, Frankie Corio

Entre as criaturas sobrenaturais que assombram o imaginário infantil, o Homem do Saco tem seu próprio repertório de ameaças. Conhecido em diversos países, principalmente latinos, algumas vezes denominado “Velho do Saco” e até “Papa-Figo“, ele pode ser considerado uma variação do bicho-papão e do demônio Krampus, o monstro natalino que sequestra crianças que se comportam mal. É descrito, dependendo da localidade, como um velho, maltrapilho, carregando um saco nas costas onde prende suas pequenas vítimas para se alimentar em seu abrigo macabro. Há relatos que associam sua origem ao do sequestro do garoto Bernardo Gonzalez Parra por Francisco Leona Romero, em Gádor, na Espanha, em 1910; mas suas inúmeras variações e regionalismos permitem o desenvolvimento de produções de horror sem preocupações com a mitologia como O Homem do Saco (Bagman, 2024), distribuído pela Paris Filmes, e que chega hoje aos cinemas brasileiros.

No prólogo, Don Greenberg (Henry Pettigrew) joga beisebol com a filha Emily (Frankie Corio), com conversas sobre medos infantis e desapegos de seus brinquedos de infância. Convencida pelo pai a abandonar o seu coelhinho protetor no porta-malas do carro, as luzes dos postes começam a piscar e ela encontra Don paralisado, com uma gosmenta baba branca saindo de sua boca, antes de ser colocada violentamente em uma bolsa. Quatro anos depois, a trama acompanha Patrick McKee (Sam Claflin) retornando para cidade natal em Nova Jersey com sua esposa Karina (Antonia Thomas) e o pequeno e adorável Jake (Caréll Vincent Rhoden), para tentar contornar dificuldades financeiras a partir do desenvolvimento de um instrumento que pode auxiliar no aparo de galhos de árvore.

Ele reencontra o irmão Liam (Steven Cree) e conversam sobre uma tentativa de empréstimo, para depois resgatar um episódio do passado, apresentado em flashback, quando o pai deles os fez acreditar na existência do “Homem do Saco“, residente numa velha mina. Desafiado pelo irmão, o jovem Patrick (Matthew Stagg) se aproxima da entrada, e sente algo cortando uma mecha de seu cabelo, emitindo um som de abertura do zíper de uma bolsa de couro. Assombrado por pesadelos desde seu retorno e sentindo uma ameaça crescente rondando a casa, Patrick passa a acreditar que a entidade pode estar vindo buscar seu filho, principalmente quando coisas deixadas para trás reaparecem como seu boné de infância e esculturas em madeira a partir de seu hobby particular desde pequeno.

Para desenvolver uma atmosfera constante de ameaça, o diretor Colm McCarthy, trabalhando o roteiro de John Hulme, utiliza de todos os recursos “assustadores” que o gênero já explorou à exaustão, como uma boneca de madeira, luzes piscantes e uma árvore sinistra, sem que tenham a devida importância. Sons estranhos, aparições no banheiro durante o banho da criança e na babá eletrônica tentam mostrar que a assombração está cada vez mais presente no encalço do garoto. Mas na verdade não está, uma vez que o enredo se preocupa mais em construir a atmosfera do que apresentar uma ameaça real. Até a visão de Jake na mata fica apenas para o testemunho do pequeno e do espectador, sem que os pais saibam que ele fora atraído para lá.

Quando a ameaça aparentemente passa a ser tangível, os argumentos continuam saltando sem o menor sentido. Em dado momento, depois da sensação incômoda de um perigo próximo, Patrick e Karina deixam o pequeno Jake sob os cuidados da tia Anna (Adelle Leonce) e vão dormir em um hotel. Ahn? Seria uma alusão à música “Nana Neném“, quando o pai foi pra roça e a mamãe trabalhar, deixando-o sozinho para a diversão da Cuca? Mesmo não acreditando na conversa de Patrick, ela testemunha as luzes se apagando, e é paralisada pela criatura, que apenas se aproxima de Jake para lhe cortar uma mecha. Aos poucos, o infernauta passa a entender que o vilão, na verdade, é uma entidade cabeleireira que depois de um tempo retorna para buscar o restante do couro cabeludo.

O Homem do Saco reserva seus últimos acordes para finalmente apresentar o Mal que assombra Patrick, na mina abandonada. Não se sabe por que, mesmo com o temor desenvolvido pelo pai de Patrick, não houve qualquer exploração ou interdição do local. Cria-se um ambiente de aprisionamento de recordações infantis, os elementos capazes de proteger crianças da figura mitológica. Basicamente o enredo se traduz como uma história fofinha sobre proteção dos pais, a valorização dos brinquedos saudosos, camuflada por um Mal, envolto em clichês e ameaças vazias. Pode ser que você até se envolva com a temática, goste dos personagens e até ache o filme bem feitinho, mas irá esquecer dele como daquele Playmobil que você insistia em colocar ao lado da cama.

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