![]() A Lâmina no Corpo
Original:La lama nel corpo
Ano:1966•País:Itália, França Direção:Lionello De Felice, Elio Scardamaglia Roteiro:Ernesto Gastaldi, Luciano Martino, Albert G. Miller Produção:Elio Scardamaglia Elenco:William Berger, Françoise Prévost, Mary Young, Barbara Wilson, Philippe Hersent, Harriet Medin, Germano Longo, Massimo Righi, Delfi Mauro, Anna Maria Polani, Rossella Bergamonti, William Gold |
A Lâmina no Corpo é mais um exemplar do giallo italiano, ou proto-giallo, já que muitas características definidoras do estilo aqui ainda estavam sendo fincadas. Foi lançado em 1966 sob a direção de Elio Scardamaglia e Lionello De Felice, e conta sobre uma série de assassinatos ocorridos numa elegante casa de repouso em algum ponto do século XIX.
Já de cara, somos apresentados a uma série de relações intrincadas que ocorrem entre os funcionários do local, um imponente casarão estilo vitoriano que esconde algumas tragédias entre suas paredes. Também somos apresentados à nova enfermeira, que imediatamente é inserida nas tumultuosas relações do lugar, ao iniciar um flerte com Dr. Vance (William Berger), médico de grande reconhecimento, dono da casa de repouso e provável protagonista do filme.
Digo “provável” pois o protagonismo parece se dividir entre três ou quatro personagens bem distintos, cada um com sua visão particular sobre os acontecimentos dali. Outra boa candidata seria Gísele (Françoise Prévost), uma personagem que literalmente “estava passando ali por perto” e foi atraída para as tramas escondidas do casarão, sendo o fio condutor da narrativa a partir de sua entrada em cena.
Todos a postos, a mansão começa a revelar seus segredos. Além de uma série de desaparecimentos e mortes envolvendo funcionárias e pacientes (sempre mulheres jovens) da casa de repouso, é possível ouvir todas as noites o barulho de passos pelo lugar, indicando que algo se esconde no que seria o sótão.
O mistério é narrado na língua dos gialli, ainda que não tão à risca: aparições de uma figura escondida sob capa e luvas pretas está lá, com sua lâmina brilhante, mas as mortes são bem amadoras e sem maior ênfase. Também não temos excessos de sangue ou de coisa alguma, com uma trilha mais clássica que remete mais ao horror do período que ao giallo.
Enquanto narrativa, por outro lado, os méritos são mais evidentes. O roteiro aproveita as múltiplas relações que ocorrem em cena e confundem com maestria, sem trapaças, o espectador quanto ao que acontece na casa. Os personagens, mesmo com potencial para tanto sendo desperdiçado com o excesso de sugestões eróticas, nunca são aprofundados além da medida, o que de certa forma torna toda a ação mais rápida e eficiente.
A Lâmina no Corpo é um filme que, apesar de “moderado”, é muito eficaz em sua proposta, e, além de envolver o espectador, cospe um bom plot twist quando menos se espera, o que o tira do lugar comum dos produtos genéricos do período.