![]() Grito de Pavor
Original:Taste of Fear
Ano:1961•País:UK Direção:Seth Holt Roteiro:Jimmy Sangster Produção:Jimmy Sangster Elenco:Susan Strasberg, Ann Todd, Ronald Lewis, Christopher Lee, John Serret, Leonard Sachs, Anne Blake, Fred Johnson |
Assim que a Hammer Films foi mordida pelo “bichinho do horror” com Terror que Mata (The Quatermass Experiment, 1955), passou a produzir muitos filmes pelo gênero e abrigar monstros que até então só estiveram rondado a Universal Pictures. Entre Drácula, Monstro de Frankenstein, Múmia, Lobisomem e Zumbis, havia espaço para enredos mais psicológicos, thrillers fantasmagóricos e com inspiração direta em clássicos como Psicose (Psycho, 1960). Um exemplar que fez bastante sucesso na época e recebeu, inclusive, um grande elogio do renomado ator Christopher Lee, que o considerou “o melhor filme da Hammer“, foi Grito de Pavor (Taste of Fear, 1961), também conhecido como Um Grito de Pavor e com o título original alternativo “Scream of Fear“.
Dirigido por Seth Holt (1923-1971), morto logo após concluir as filmagens de Sangue no Sarcófago da Múmia (Blood from the Mummy’s Tomb, 1971), a partir de um roteiro de Jimmy Sangster (1927-2011), por trás de vários argumentos de produções do estúdio como A Maldição de Frankenstein (The Curse of Frankenstein, 1957) e O Vampiro da Noite (Dracula, 1958), Grito de Pavor é estrelado por Susan Strasberg (1938-1999), Ann Todd (1907-1993), Ronald Lewis (1928-1982) e Anne Blake (1908-2000), com uma participação modesta do astro Christopher Lee (1922-2015). Trata-se de um thriller adulto, de mistério, com sutis elementos fantásticos, e que traz um daqueles “plot twists” de deixar o espectador boquiaberto.
Na trama, após o suicídio da amiga Maggie, encontrada em um lago na primeira cena do filme, a cadeirante Penny Appleby (Susan Strasberg) retorna à propriedade de seu pai, Sr. Spratt (Leonard Sachs), na Riviera Francesa, para revê-lo após mais de dez anos sem contato. Avisada pela madrasta Jane (Ann Todd) que ele estaria em viagem de negócios, Penny é bem recebida pelo motorista e faz-tudo Robert (Ronald Lewis) e pela governanta Marie (Anne Blake). Durante o tempo de estadia no casarão, Penny passa a ser assombrada por visões de seu pai como um fantasma e começa a se convencer de que ele possa na verdade estar morto.
A possibilidade de uma conspiração se amplia por algumas contradições: enquanto partia para a moradia, Robert chegou a dizer a ela que o pai estaria bem doente, sendo atendido pelo Dr. Pierre Gerrard (Christopher Lee), o que traz um estranhamento quando a madrasta avisa sobre a viagem. Outras situações começam a deixar evidências de que algo está errado como o toque fantasma do piano e a aparição do veículo do pai. Logo, Penny terá que confrontar a verdade, com uma revelação que será bem mais surpreendente e chocante do que se imagina.
A fotografia em preto e branco ajuda na construção de um cenário sombrio de incertezas, assim como a exploração de vultos, da vela bruxuleante, do retrato assustador do Sr.Spratt e dos olhares de desconfiança do elenco. Grito de Pavor se constrói como um terror psicológico, com elementos mórbidos, em um tom conspiratório, favorecido pelas excelentes atuações, incluindo a do sempre imponente Christopher Lee. Nota-se que o enredo foi bastante influenciado pelo clássico de Alfred Hitchcock pela narrativa inteligente, fortalecida pelos papéis femininos de destaque.
A boa receptividade do longa inspirou a realização de outros longas parecidos pela própria Hammer, na exploração de outros tipos de monstros, e até sugeriu a realização de uma refilmagem. Em 2013, a Sony estava em conversa com o diretor Juan Antonio Bayona, de O Orfanato (Orphanage, 2007), para comandar uma versão atualizada do roteiro de Jimmy Sangster. As conversas não evoluíram para um acordo, e a ideia foi engavetada. Realmente não haveria motivo para reconstruir um filme que ainda se mantém interessante como um belo exemplar do que a Hammer produzia em sua época de ouro.