![]() O Homem Imortal
Original:The Man They Could Not Hang
Ano:1939•País:EUA Direção:Nick Grinde Roteiro:George Wallace Sayre, Leslie T. White, Karl Brown Produção:Wallace MacDonald Elenco:Robert Wilcox, Boris Karloff, Lorna Gray, Roger Pryor, Don Beddoe, Ann Doran, Charles Trowbridge, Byron Foulger |
“Vocês que me condenaram, eu conheço sua espécie. Seus antepassados envenenaram Sócrates, queimaram Joana d’Arc, enforcaram, torturaram todos aqueles cuja ofensa era trazer luz à escuridão. Para vocês que me condenaram em meu trabalho, é um crime tão vergonhoso que o julgamento da história será contra vocês por todos os anos que virão!”
O discurso acima, com palavras indignadas contra um grupo de jurados de um tribunal, é de autoria do “cientista louco” Dr. Henryk Savaard, o “homem imortal” do título nacional ou “o homem que eles não conseguiram enforcar” do original, confrontando os carrascos que o condenaram à morte, não aceitando seu trabalho científico para o bem da humanidade, com experiências estranhas envolvendo um dispositivo mecânico que simula o coração, e que terminou com a morte de um jovem voluntário que aceitou a função de cobaia.
Lançado em 1939 com produção da “Columbia”, fotografia em preto e branco e direção de Nick Grinde, O Homem Imortal (The Man They Could Not Hang) tem apenas 65 minutos de duração e está disponível no Youtube.
O lendário Boris Karloff (1887 / 1969) é o brilhante e visionário cientista Dr. Henryk Savaard. Juntamente com o assistente Lang (Byron Foulger), eles estão trabalhando em seu laboratório repleto de equipamentos bizarros desenvolvendo uma máquina mecânica que poderia fazer a função do coração humano, ajudando a tornar as cirurgias mais fáceis sem a pressão de controlar o tempo.
O jovem estudante de medicina Bob Roberts (Stanley Brown) aceita ser cobaia, mas sua noiva Betty Crawford (Ann Doran), que é a enfermeira do cientista, decide denunciar a experiência para a polícia, aos cuidados do Tenente Shane (Don Beddoe), que interfere no processo causando a morte do rapaz.
O cientista é preso, julgado e condenado à morte. Após a execução por enforcamento, seu corpo foi requisitado pelo assistente Lang e reanimado pelo coração mecânico, retornando dos mortos com sede de vingança contra o juiz Bowman (Charles Trowbridge) e os jurados que decidiram por sua condenação, restando à filha do cientista, Janet Savaard (Lorna Gray), tentar convencer seu pai a interromper a loucura do plano de vingança, com a ajuda do jornalista investigativo Foley (Robert Wilcox).
Boris Karloff, como sempre, tem grande atuação como o cientista com boas intenções e mal compreendido, que se transforma em vilão assassino, papel que repetiu muitas vezes na carreira. Sendo uma produção de baixo orçamento e filmada em apenas 16 dias, com a boa receptividade do público pela história bizarra de “cientista louco”, a produtora Columbia decidiu lançar outros filmes com Boris Karloff no papel do homem da ciência inicialmente bem-intencionado, e que após eventos trágicos torna-se criminoso com a mente distorcida pelo ódio e sentimento de vingança. O Mago da Morte (Before I Hang, 1940), A Ilha dos Ressuscitados (The Man With Nine Lives, 1940), Os Mortos Falam (The Devil Commands, 1941) e Um Cientista Distraído (The Boogie Man Will Get You, 1942) são alguns exemplos.
Entre as curiosidades, a história de O Homem Imortal teve inspiração no caso real do bioquímico Dr. Robert Cornish, que na década de 1930 fez experiências com animais mortos e alegou ter conseguido trazer um cachorro de volta à vida. A ideia básica no filme, com a criação de um coração mecânico pelo cientista Dr. Savaard, antecipou situações similares na vida real algumas décadas depois, com vidas humanas sendo prolongadas com cirurgias de transplantes de coração. O plano de vingança do ressentido “cientista louco”, enganando e aprisionando os inimigos em sua casa para matá-los um a um com armadilhas, apresenta similaridades com o livro “E Não Sobrou Nenhum” (And Then There Were None), de Agatha Christie, lançado no mesmo ano de 1939.
N.E. Este é o texto de número 800 de Juvenatrix no Boca do Inferno. Você pode acompanhar todas as suas críticas publicadas no site, clicando aqui.