![]() Cabana da Morte
Original:Blood Shack
Ano:1971•País:EUA Direção:Ray Dennis Steckler Roteiro:Ray Dennis Steckler, Ron Haydock Produção:Carolyn Brandt, Ray Dennis Steckler Elenco:Carolyn Brandt, Ron Haydock, Jason Wayne, Laurel Spring, John Bates, Steve Edwards, Linda Steckler, Laura Steckler |
Lançado em 1971, Cabana da Morte, ou Blood Shack, de Ray Dennis Steckler, não deixa de ser um filme minimamente curioso. A despeito da produção caseira, consegue cativar minimamente com sua curiosa história de horror, ainda que ela seja cheia de furos, e seus absurdos paralelos, que no mínimo vão garantir um olhar divertido para essa pequena raridade.
A atriz Carol (Carolyn Brandt) herda de seu falecido tio Jim um rancho assombrado por uma espécie de lenda local conhecido como Chooper. A chegada de três adolescentes para pernoitar numa das residências da propriedade, aquela assombrada pelo velho Chooper, muda o rumo das coisas, visto que mortes e desaparecimentos começam a acontecer a partir daí. Com a chegada da polícia para investigar os desaparecimentos, e a pressão imposta pelo vizinho Tim (Ron Haydock), Carol começa a se questionar se vale a pena manter a herança (mas depois ela pensa nisso).
É tudo tão curioso, ou nem tanto, sobre esse filme que é difícil até saber por onde começar. Circula por aí que Blood Shack foi feito com 500 dólares, apenas. Isso explica muito do que é visto em cena. E do que não é visto. Apesar de alguns bons enquadramentos e a direção se mostrar na maior parte do tempo coesa, bem alinhada a uma narrativa linear, é notório que as filmagens aconteceram com equipamentos caseiros, o que seria um charme se não fossem outros problemas.
Um dos primeiros incômodos é com as narrações em off, artifício por meio do qual temos algumas informações importantes sobre a narrativa, mas que parece ter sido feita tendo em vista algum documentário sobre a vida animal (não deixa de ser). Não só no off, mas as atuações também são sofríveis, de um modo geral. Os personagens são pouco elaborados, tanto que há pouco a ser dito sobre eles em cena. Carol está numa vibe “herdei este rancho, não sei o que fazer com ele, amanhã eu penso nisso” constante, enquanto Daniel (Jason Wayne), o cuidador do rancho, vive uma espécie de fanatismo oculto, por ser o único que acredita no tal Chooper.
O Chooper, por falar nisso, é um figuraça! (risos). Espreita a tal residência que parece ter sido sua em algum momento da vida, e mata todo mundo que chega perto. Sua apresentação é terrível: ele surge aos berros, e corre desgovernado com uma roupa preta cobrindo todo o corpo e capuz, uma tentativa de emular a vestimenta de um ninja, e empunhando uma espada samurai com a qual eventualmente mata uma vítima ou outra. Eu nem sei o que dizer sobre isso, mas até agora não me recuperei do susto e da sensação de incompreensão que veio com sua primeira aparição.
Fora isso, volta e meia tenta-se criar um clima legal de suspense. O conjunto da obra não ajuda, mas há de se reconhecer o esforço nesta direção, ainda que algumas situações sejam forçadas para isso e elas se desconectem da história (Carol sair no meio da noite “enfeitiçada” pela casa do velho Chooper não condiz com a personagem ou com a história em si, que não tem nada de sobrenatural ou psicológico). O principal problema aqui é o excesso de cenas diurnas e a ação que se desenvolve nesses momentos – crianças brincando, rodeios, passeios no shopping, cenas que tomam muito tempo e acabam por quebrar o timing de suspense que o filme poderia desenvolver.
O diretor Ray Dennis parece não ter ido muito além disso ao longo de sua carreira. Carolyn Brandt também não, com a maior parte de sua produção se concentrando em pequenos filmes lançados até o início dos anos de 1970. Boa parte deles sob a direção de Ray, que então era seu marido.
Essa coisa caseira e familiar demais abre até espaço para certas brincadeiras metalinguísticas. Numa das cenas mais espontâneas de Blood Shack, por exemplo, Carol, ao chegar no rancho pela primeira vez, se depara com o escritório do falecido tio, um diretor de cinema de horror, com o qual Carol trabalhou nos filmes The Thrill Killers e The Incredibly Strange Creatures Who Stopped Living and Became Mixed-Up Zombies – ambos filme de Ray Dennis e realmente protagonizados por Carolyn Brandt.
Enfim, Blood Shack é um filme que, dispensando a tosqueira inerente às condições e ao contexto, dá pra divertir, especialmente nas aparições tumultuosas do desesperado Chooper. O filme está disponível no Darkflix+ em sua versão original, de 70 minutos.