![]() Blackout
Original:Blackout
Ano:2023•País:EUA Direção:Larry Fessenden Roteiro:Larry Fessenden Produção:Larry Fessenden, James Felix McKenney, J. Christian Ingvordsen, Gaby Leyner Elenco:Alex Hurt, Addison Timlin, Barbara Crampton, Kevin Corrigan, James Le Gros, Joe Swanberg, Marshall Bell, Ella Rae Peck, Joseph Castillo-Midy, Motell Gyn Foster, Rigo Garay |
Pegando carona na lua cheia desta semana e aproveitando que o termo “lobisomem” voltou a ser falado, agora em referência às estreias cinematográficas (rolou até um Falando no Diabo sobre o tema), a indicação que trago hoje é esse Blackout – algo como “Apagão” poderia ser o título em português – , longa esperto do diretor Larry Fessenden, que parece estar se especializando em trazer às telas seus olhares sobre os monstros clássicos do cinema (já dirigiu vampiros, lobisomens, e até uma história inspirada em Frankenstein).
Em Blackout, Fessenden, que também atuou como roteirista, nos conecta a uma história clássica de lobisomem, mas com um olhar mais introspectivo, que tenta adentrar mais e mais na psicologia do homem lobo e nas consequências de suas ações.
Charley (Alex Hurt) é um artista dedicado à pintura, que vive em uma pequena cidade dos Estados Unidos, à sombra do falecido pai, sujeito muito influente na economia local, e que ajudou a desenvolver o lugarejo em cidade. Em uma noite de lua cheia, Alex é atacado por uma figura misteriosa, e sofre um apagão, acordando apenas no dia seguinte, no meio da mata e sem lembranças. A partir de então, os apagões passam a acontecer com regularidade, sempre as luas cheias, seguidos por uma perda de memória por parte de Charley e por um rastro de cadáveres estampando os noticiários dos dias seguintes. Trama bem básica, mas que ganha muitos pontos pela execução.
A começar pela escolha de uma atmosfera melancólica para circundar os personagens, algo que distancia Blackout de outros filmes sobre homens-lobo, geralmente construídos sobre elementos góticos (Lobisomem, 2010), de comédia (Um Lobisomem Americano em Londres, 1981) ou aventura (A Hora do Lobisomem, 1985). A ambientação fria e melancólica, somada a trilha grave e soturna, tem um bom efeito sobre as sensações de medo e terror propostas nos momentos de suspense, abrindo mão dos sustos para apostar mais nos climas.
As tramas entre os personagens também dão profundidade à história, que contém uma carga social bem evidente e que se conecta de forma eficaz ao elemento sobrenatural. As confusões do protagonista também são justificadas e amarram bem os núcleos existentes.
Outro ponto alto, que não posso deixar de mencionar, são os efeitos práticos. Blackout nos apresenta um lobisomem “old school”, com direito a maquiagem pesada e próteses, algo que, para um filme, torna a figura monstruosa ainda mais “crível” e assustadora. As mortes apresentadas são lugar comum em filmes do tipo, sendo os momentos que antecedem os ataques melhor arquitetados e geradores de tensão genuína.
Blackout é uma boa pedida pra quem curte um dos ícones mais esquecidos ou renegados do panteão dos monstros clássicos. A estreia de Lobisomem (Leigh Whannell, 2025) e a promessa de Werwulf, filme de lobisomem de Robert Eggers, com estreia anunciada para 2026, renova o interesse do público sobre o tema, assim como nossas esperanças quanto ao lançamento de um filme realmente bom de lobisomem para logo mais.