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O Crocodilo Assassino
Original:Killer Crocodile
Ano:1989•País:Itália
Direção:Fabrizio De Angelis
Roteiro:Fabrizio De Angelis, Dardano Sacchetti
Produção:Fabrizio De Angelis
Elenco:Richard Anthony Crenna, Pietro Genuardi, John Harper, Sherrie Rose, Ann Douglas, Ennio Girolami, Van Johnson, Bill Wohrman, Gray Jordan, Amilcar Martins, Franklin Dominguez, Dionicio Castro, Nic Gavin

Nos pântanos imundos de algum lugar esquecido da América do Sul dos Filmes B, O Crocodilo Assassino (Killer Crocodile, 1989) encontra seu espaço. Trata-se de um gigantesco espécime vítima do eco-horror, vindo na cauda de outros derivados do clássico Tubarão (Jaws, 1975) como Alligator, o Jacaré Gigante (Alligator, 1980), e seguindo a tendência italiana de produzir versões picaretas de produções de sucesso. O Oitavo Passageiro de Ridley Scott, o Exterminador do Futuro, Star Wars, Indiana Jones, Robocop… vários bons filmes se reproduziram em derivações risíveis, realizadas no quintal de executivos oportunistas. Desta leva, o crocodilo, alterado por produtos tóxicos, é o que menos incomoda, mas ainda assim é uma bagaceira clichê que não devia ser levada tão a sério quanto foi.

A direção é de Fabrizio De Angelis, creditado como Larry Ludman, mais conhecido como o produtor de pérolas como Zombie, A Volta dos Mortos (1979), Zombie Holocausto (1980), A Casa do Cemitério (1981), Terror nas Trevas (1981), O Bebê de Manhattan (1982), O Estripador de Nova York (1982), Fuga do Bronx (1983), O Rato Humano (1988) e Paganini Horror (1988). Como diretor, ele costumava comandar filmes bagaceiras de ação como os longas da franquia Thunder, O Homem Chamado Trovão, iniciada em 1983. Já o roteiro foi desenvolvido por ele e Dardano Sacchetti, que esteve por trás de vários filmes de Dario Argento e outros como Pavor na Cidade dos Zumbis (1980), Tubarão Vermelho (1984), de Lamberto Bava, e até – pasmem! – Amityville 2: A Possessão (1982).

A soma da dupla resulta em um trabalho tosco, mas até divertido. Seus percalços estão na edição falha, na trilha temática que copia descaradamente a de Tubarão e principalmente no monstro, um crocodilo de borracha bizarro que aparece em demasia. Sabe aqueles longas de terror oitentistas que obscureciam suas criaturas até o último ato para exatamente driblar suas falhas técnicas? Não é o que acontece aqui: desde o prólogo, quando um casal resolve namorar à beira de um rio e a garota é atacada e arrastada pelas águas, ele já dá as caras para diversão dos fãs de um cinema sem recursos.

Sem exatamente dizer onde se passa a história, embora algumas placas mostrem a identificação Santo Domingo, um grupo de ecologistas ronda com o barco “Dios és amor” um pântano escuro em busca de explicações para a poluição extrema. Encontram latões de lixo radioativo numa beirada, facilitando toda a justificativa para o desenvolvimento imenso do animal-título. Curiosamente, a empresa que descartou o material fez questão de escrever com canetão “radioativo“, mas ainda assim um deles, Bob (John Harper), adentra as águas com um contador geiger para descobrir o óbvio.

Em busca de mais registros, na noite em que acampam nas proximidades, o poodle Candy desaparece e a guia que acompanhava a equipe, Conchita, é morta pelo crocodilo, com a câmera de Fabrizio mostrando o ponto de vista pela boca da criatura. Pouco depois, os demais – Kevin (Richard Anthony Crenna), Mark (Pietro Genuardi), Pamela (Sherrie Rose) e Jennifer (Ann Douglas) – resolvem atracar na cidade local para conversar com as autoridades. Tentam convencer o Juiz (Van Johnson) sobre os perigos e são prontamente ignorados até que Pamela o acusa de receber dinheiro para fazer vista grossa para o despejo ilegal. Este conversa com o responsável pelo lixo tóxico, Jim Foley (Bill Wohrman), sobre os problemas que os jovens possam causar, pedindo que cesse o descarte, mas ele faz pouco caso.

Assim que encontram o cadáver mutilado de Conchita, voltam à cidade para apresentar uma prova dos riscos e, mesmo com o médico local dizendo que ela pode ter sido vítima de uma hélice ou o ataque de um animal, tanto o Juiz quando Foley minimizam o incidente. A situação se altera com a chegada de um caçador, Joe (Ennio Girolami, de O Último Tubarão, 1981), disposto a eliminar a criatura com a sua experiência, mas sem a excentricidade de Quint (Robert Shaw), de Tubarão. E o mais divertido do roteiro de Fabrizio e Dardano é que os ecologistas não querem que o crocodilo seja morto, pois é preciso preservar sua espécie artificialmente alterada. Assim Joe precisa combater a cabeçadurice dos jovens ativistas para tentar encontrar um meio de vencer o animal descontrolado.

Em uma das cenas mais engraçadas, o crocodilo ataca umas crianças numa doca, sendo que uma delas fica pendurada, quase caindo na água. Os locais tentam salvá-la e acabam piorando a situação: o ápice acontece quando um homem tenta salvá-la e em vez de puxá-la pelos braços, uma vez que ele está na parte de cima, ele desce para se pendurar também e tentar empurrá-la para cima. Não é preciso dizer que ele escorregará e se tornará uma das onze vítimas do crocodilo de borracha. Quando os ecologistas chegam ao local, para evitar que a menina seja morta, um deles passa também a atacar a criatura, a mesma que momentos antes eles discutiam sobre meios de impedir sua extinção. Eles só decidem eliminar a ameaça, quando Bob também se torna uma das vítimas.

O Crocodilo Assassino é mais uma tranqueira italiana divertida. Não se deve ignorar suas falhas de edição, nem muito menos as atuações horrendas, para que você encontre nele o propósito do entretenimento. Há algumas cenas sangrentas, com corpos desmembrados e pessoas devoradas, mas nada que relembre a época violenta e ousada da eurotrash ou do ciclo italiano de filmes de canibais. Vale a pena pela curiosidade e tosquice, desde que saiba o que você irá encarar. O longa foi realizado ao mesmo tempo que sua continuação, Killer Crocodile 2 (1990), de Giannetto De Rossi, tendo o retorno de Kevin e Joe, além do crocodilo gigante, a atração principal.

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1 comentário

  1. Bagaceira divertida! Além da cena cretina do “salvamento” da criança descrita no artigo, destaco também a melhor jogada de chapéu da história do cinema!
    Recomendo para quem curte creature features, gênero em baixa nos últimos anos.

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