![]() A Volta do Monstro do Pântano
Original:The Return of Swamp Thing
Ano:1989•País:EUA Direção:Jim Wynorski Roteiro:Neil Cuthbert, Grant Morris, Len Wein, Bernie Wrightson Produção:Benjamin Melniker, Michael E. Uslan Elenco:Louis Jourdan, Heather Locklear, Sarah Douglas, Dick Durock, Joey Sagal, Ace Mask, Monique Gabrielle, RonReaco Lee, Daniel Emery Taylor, Ralph Pace |
A boa aceitação da mídia doméstica com o filme O Monstro do Pântano (Swamp Thing, 1982) permitiu a realização de uma continuação sete anos depois, trazendo alguma parte da equipe original, na confecção de uma quase versão paródia. Wes Craven deu lugar a Jim Wynorski, diretor de bagaceiras B de ficção e horror, e que até então tinha no currículo pérolas como Império Perdido (1984), Robôs Assassinos (1986), Deathstalker 2 – Duelo de Titãs (1987) e Vampiro das Estrelas (1988), com Traci Lords. Acostumado a trabalhar com roteiros próprios, desta vez ele atendeu ao concebido por Neil Cuthbert e Grant Morris, e fez um trabalho bom tecnicamente mas resultando em um produto banal.
O Monstro do Pântano mais uma vez tem o corpo de Dick Durock, mas numa concepção de maquiagem bem diferente da original e levemente distante dos traços clássicos dos quadrinhos. Tudo bem que a versão desenhada também sofreu algumas variações desde sua estreia em 1971, mas era sempre visto como uma criatura imensa, com um rosto bem característico. O resultado se mostrou alternativo, com uma visual mais identificado com…uma árvore. Durock atua ao lado de Heather Locklear, que faz uma personagem conhecida das páginas, Abigail Arcane, afilhada do vilão Dr. Anton Arcane, novamente interpretado por Louis Jourdan. A versão humana do Monstro, segundo as curiosidades do IMDB, foi interpretado por um modelo não-creditado em vez do próprio Durock ou Ray Wise do original.
No final do primeiro filme, O Monstro do Pântano enfrentou uma versão monstruosamente ridícula de Dr.Arcane, com uma espada e olhos de boneco, e o teria matado nos pântanos. Mas, como é o arquirrival do herói, ele está novamente na continuação em sua forma humana. A desculpa para tal seria o resgate de seus capangas, que o trouxeram para o laboratório e reverteram a transformação. Ele mais uma vez está em sua mansão próxima aos pântanos realizando experiências de cientista louco com dois ajudantes, Dra. Lana Zurrell (Sarah Douglas) e Dr. Rochelle (Ace Mask), visando uma fórmula que retarde o envelhecimento. Para tal, realiza experimentos com pessoas capturadas nos pântanos, transformando-as em versões bestiais e mantidas em um zoológico de aberrações nos confins de sua morada.
Uma dessas criaturas, conhecidas como Un-Men, é vista no prólogo atacando um grupo de soldados que buscava um tesouro nos pântanos – no único momento de horror do filme. O herói-monstro aparece para ajudar um dos integrantes enquanto dois outros são levados para os cientistas fazerem misturas com baratas, elefante e outros animais. Nesse interim, Abby, que costuma nomear e conversar com plantas, decide largar a cidade grande para ir atrás de seu padrasto buscar informações sobre a morte da mãe. Dr. Anton Arcane acredita que seu sangue possa lhe servir para seu propósito, mas a garota é atacada nos pântanos por dois homens e é salva pelo herói, estabelecendo uma conexão sentimental.
Monstro do Pântano: Eu? Seu namorado?
Abby Arcane: Por que não?
Monstro do Pântano: Você mesmo disse: Eu sou uma planta.
Abby Arcane: Tudo bem, eu sou vegetariana.
Em um dos momentos bizarros da produção, O Monstro propõe um sexo psicológico com Abby. Para tal, tira da cintura uma espécie de espiga – é bizarro demais – e corta um pedaço para que ela e ele comam, mostrando uma imagem onírica de uma versão humana da criatura entre beijos com a garota, numa das especialidades eróticas do cinema de Jim Wynorski. E então acontecem tentativas de capturar a moça pelos capangas Gunn (Joey Sagal) e srta. Poinsettia (Monique Gabrielle) em sequências que beiram o pastelão, com o herói tirando uma granada sabe de lá de onde e dando porradas nos inimigos.
Para tornar tudo ainda mais insuportável, são acrescentadas no enredo duas crianças canastronas que rendem episódios patéticos, com dublagem artificial e trejeitos exagerados. Elas estão numa espécie de acampamento, à noite, vendo revistas eróticas, quando o Un-Men do prólogo bate na porta para atacá-los exigindo mais uma ação heroica do Monstro, até culminar numa explosão tosca, com direito a maquete de bonequinho e carros de brinquedo. Os dois meninos ainda aparecerão outras vezes para tentar fotografar o Monstro e ganhar dinheiro, enquanto se metem em outras confusões vexaminosas.
Além do poder da cura mais uma vez utilizado na versão cinematográfica, O Monstro do Pântano apresenta mais um: em dado momento, ele é explodido pelos capangas de Arcane e vira uma limo nos pântanos sendo arrastado para o esgoto até descer pela torneira de uma banheira. Quando encontra mais uma vez Abby, em vez de enfrentar logo o vilão e seus asseclas, ele decide fugir de carro. E há mais cenas de perseguição como uma bem tosca pelos pântanos, mostrando um lado covarde do herói dos quadrinhos, diferente do concebido por Wes Craven e presente nos quadrinhos.
Assim como o primeiro, A Volta do Monstro do Pântano recebeu também algumas críticas positivas em periódicos, o que se mostra um absurdo. Uma comédia tosca, boba, em um roteiro que até satiriza Máquina Mortífera 2, na cena em que dois personagens mostram suas cicatrizes, mas que pouco diverte. É incompreensível que uma ideia tão interessante tenha se transformado nessa aberração da Sétima Arte como se fosse uma das criações do cientista louco. Sem carisma e completamente desnecessária pela proposta, é o tipo de continuação que deveria ser mantida nos lugares mais obscuros dos pântanos cinematográficos.