4.3
(6)

Premonição 6: Laços de Sangue
Original:Final Destination: Bloodlines
Ano:2025•País:EUA, Canadá
Direção:Adam B. Stein, Zach Lipovsky
Roteiro:Guy Busick, Lori Evans Taylor, Jon Watts
Produção:Toby Emmerich, Dianne McGunigle, Craig Perry, Jon Watts
Elenco:Tony Todd, Brec Bassinger, Richard Harmon, April Telek, Rya Kihlstedt, Kaitlyn Santa Juana, Anna Lore, Max Lloyd-Jones, Teo Briones, Gabrielle Rose, Owen Patrick Joyner, Yvette Ferguson, Alex Zahara, Brenna Llewellyn, Travis Turner, Sophia Chapdelaine

Assim como o Diabo, a Morte reside nos detalhes. Agindo como uma menina má, perversa e sarcástica, ela deixa pequenos sinais que antecipam suas ações como parte de um jogo em que sempre vence. A franquia Premonição caminha ao lado dessa entidade invisível e voraz, divertindo o público com sequências violentas em que nem sempre é possível prever – ironicamente – como irá acontecer. Um vasilhame com álcool é deixado em evidência, enquanto o ventilador de teto se move de maneira ritmada, quase alcançando correntes presas ao lado dele. O tremor da caixa de som de uma música melancólica derruba um boneco, que atinge um copo de vidro e o faz cair no chão. Ao tentar recolher os cacos, você acidentalmente derruba o tal vasilhame ao mesmo tempo em que uma das correntes do teto se solta e se prende a sua argola de nariz, restando ao ventilador puxá-la, em uma combinação maquiavélica, flertando com o acidental. Mesmo com as coincidências na soma desses pequenos detalhes, ainda assim há a dúvida sobre qual será seu destino final.

Esse é o jogo narrativo que conduz os filmes da série Premonição. O primeiro filme, lançado em 2000, envolvia os jovens sobreviventes da explosão de um avião sucumbindo aos ataques da morte na ordem em que pereceriam no acidente. Na época, o estranho do necrotério (Tony Todd) já fazia o alerta: “Não existem coincidências, não há como fugir. Agora você tem que descobrir como e quando ela estará voltando por você. “. A boa receptividade permitiu a realização do segundo filme em 2003, com Kimberly Corman (A.J. Cook) impedindo um grupo de pessoas de se acidentarem numa estrada apenas para adiar o inevitável em sequências insanas e violentas. Premonição 3, de 2006, torturou jovens que escaparam do descarrilamento em uma montanha-russa; e o quarto teve o prólogo ambientado numa corrida de carros, com direito a pneus saltando e um episódio curioso no lava-rápido.

O quinto filme, em 3D, chegaria aos cinemas em 2011, trazendo a queda de uma ponte e jovens lutando para sobreviver, desviando de carros, aberturas do solo e grossas correntes. Este último trouxe duas grandes surpresas dentro de uma mitologia que soava repetitiva: as ações são anteriores ao primeiro filme, numa conexão bem interessante para a conclusão de um ciclo; e a novidade sobre tirar a vida de alguém para substituir a sua morte, culminando em um confronto entre personagens. Na época, Tony Todd disse em entrevista que se o filme fosse um sucesso dois outros seriam filmados em sequência. Contudo, a New Line somente começou a trabalhar a ideia em 2019, em um roteiro co-escrito por Patrick Melton e Marcus Dunstan, com abordagem ao universo dos socorristas.

O conceito não evoluiu. Em 2021, Lori Evans Taylor assumiu o tratamento do roteiro, mas somente em 2024 as filmagens tiveram início, afetadas pela greve dos atores e roteiristas. Contando com a volta de Todd, falecido no final do ano passado, o longa finalmente foi agendado para estrear hoje no Brasil e amanhã nos EUA, após diversas pré-estreias, sessões especiais para fãs e um grande trabalho de promoção da Warner Bros. Todo o esforço é válido para uma produção que diverte como os anteriores e ainda traz uma curiosa novidade, além de uma ótima trilha sonora.

Inicialmente ambientado em 1968, o filme apresenta a jovem Iris Campbell (Brec Bassinger) em um encontro com o namorado Paul (Max Lloyd-Jones) na inauguração do restaurante Skyview Tower. Com uma deliciosa trilha e sinais que antecipam a tragédia, ela resiste a um grandioso incidente, com corpos caindo e pessoas sendo incendiadas e destroçadas, quando acabara de receber a aliança de noivado. Nos dias atuais, a universitária Stefani Reyes (Kaitlyn Santa Juana) é atormentada por pesadelos com Iris e, com a insistência da colega Val (Brenna Llewellyn), decide ir atrás de seus parentes para tentar entender suas visões e evitar que seus delírios incomodem as pessoas ao seu redor.

E é essa busca por respostas que desencadeia as ações da Morte, numa curiosa relação familiar. Ela reencontra o pai Marty (Tinpo Lee), o irmão Charlie (Teo Briones), o tio Howard (Alex Zahara), a tia Brenda (April Telek) e os primos Erik (Richard Harmon), Julia (Anna Lore) e Bobby (Owen Patrick Joyner). Sem saber de sua mãe afastada ou da insana avó materna, Stefani age como o “anjo da morte” como fizera Sam (Nicholas D’Agosto), Nick (Bobby Campo), Kimberly, Wendy (Mary Elizabeth Winstead) e Alex (Devon Sawa), trazendo desgraças antecipadas pela sensação de que algo ruim estaria prestes a ocorrer.

Uma das boas diferenças de Premonição 6 está exatamente na relação familiar, com a protagonista tendo que salvar a própria família da extinção. As mortes, com aquelas típicas facilidades do roteiro, seguem o padrão Premonição de exageros sangrentos, com bons e convincentes efeitos digitais, referenciando algumas vistas nos anteriores, e se destacando mais uma vez uma ideia cíclica como a de uma moeda retirada de um poço dos desejos com o aviso de que isso pode trazer azar. Para os fãs sanguinários, o longa, co-dirigido por Adam B. Stein e Zach Lipovsky, traz cenas angustiantes como a do churrasco em família e a do hospital, justificada na fala irônica: “Existem várias maneiras de morrer em um hospital.”

Trabalhando um humor sarcástico e surpreendendo o infernauta a cada ação da Morte, Premonição 6 se mostra eficiente como uma diversão “mais do mesmo“. Pode-se colocar entre os destaques da franquia como o terceiro e quinto filme, mas não subirá degraus de notoriedade pela falta de empatia da protagonista. Ela não tem o desespero no olhar de Devon Sawa ou a expressão assustada de A.J. Cook ou Ali Later, permitindo que o espectador nem se importe com o seu destino desde que seja criativo e sangrento.

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1 comentário

  1. Gostei, pra mim fica em terceiro lugar no meu top da franquia, mas realmente a protagonista não tem o mesmo carisma que eu acho que Brec Bassinger teve nos primeiros 20 minutos de filme, gostaria de um filme só dela, mas não tivemos.

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