![]() Satânico Pandemonium
Original:Satanico Pandemonium: La Sexorcista
Ano:1975•País:México Direção:Gilberto Martínez Solares Roteiro:Gilberto Martínez Solares, Adolfo Martínez Solares, Jorge Barragán Produção:Jorge Barragán Elenco:Enrique Rocha, Cecilia Pezet, Delia Magaña, Clemencia Colin, Laura Montalvo, Yayoi Tokawa, Veronika Con K., Amparo Fustenberg, Daniel Albertos, Adarene San Martin, Verónica Rivas, Sandra Torres |
Quando o horror atingiu sua condição mais transgressora, começaram a surgir ramos do subgênero exploitation dedicados a temáticas específicas. E um dos mais polêmicos, pela ousadia e falta de pudor, é, sem dúvida, o nunsploitation, apresentando produções que agrediam preceitos religiosos com freiras assassinas, possuídas pelo demônio e sexualmente insanas. Daí vieram obras como A Monja e o Demônio (Le monache di Sant’Arcangelo, 1973), Os Demônios (The Devils, 1977), Alucarda (1977), A Freira Assassina (Suor Omicidi, 1979) e O Convento das Taras Proibidas (Immagini di un convento, 1979) – só para mencionar as que se associam a elementos de horror. O mexicano Satânico Pandemonium (Satanico Pandemonium: La Sexorcista, 1975) tem sua importância no estilo ainda que a intensidade das cenas ousadas seja um pouco menor do que os parentes conhecidos.
Muitos conhecem o título pela vampira interpretada por Salma Hayek em Um Drink no Inferno (From Dusk Till Dawn, 1996), com uma pequena mudança na grafia: Santanico Pandemonium. Já os fãs mais antigos de horror sabiam que a personagem do longa de Robert Rodriguez fazia uma referência à freira Maria (Cecilia Pezet), quando esta passou a ser atormentada por Lúcifer / Luzbel (Enrique Rocha). A dedicada Irmã era uma das mais caridosas do convento e bastante procurada por seus conhecimentos de medicina e veterinária, sendo considerada uma futura sucessora da Madre Superiora (Delia Magaña).
A dedicação religiosa é afetada numa tarde em que ela encontrou por acaso Luzbel, completamente nu, num campo florido. Pouco depois, ela iria revê-lo quando ajudava um conhecido adolescente da região a cuidar de um bezerro, vendo-o refletido na água do animal, com a oferta de uma maçã extremamente avermelhada, num simbolismo religioso mais do que evidente. Mesmo com o autoflagelo no uso de uma cinta de espinhos e ferindo as costas com chicote, ela continua sendo perturbada por visões com a aparição de Lúcifer em diversos lugares e até o incômodo de uma serpente, durante a refeição com as Irmãs. O ápice de seu tormento acontece quando ela recebe a visita de uma freira em seu cômodo, declarando-se apaixonada. Na entrega entre os corpos, ela novamente vê o homem sedutor no lugar da freira visitante.
A partir desse momento, Maria passa a ter uma postura completamente diferente, seduzindo o garoto e assassinando outras freiras, seja a irmã que sofria racismo e já pensava em se matar ou outra que resolveu aparecer em seu cômodo em busca de conselho, sujando cada vez mais seu hábito de sangue. Sua trajetória de sedução e morte, sem nenhuma condição exageradamente explícita como as vistas no perverso O Convento das Taras Proibidas, parece se tornar mais intensa, obrigando-a a esconder suas vítimas e evitar que seja descoberta e consequentemente sofrer as punições que serão impostas.
É provável que a cena mais desconfortável seja a que envolve as tentativas de sedução ao garoto – nada que chegue ao extremo de Amor Estranho Amor, de Walter Hugo Khouri. Contudo, entre esses momentos de sedução e assassinato, é preciso um pouco de paciência do espectador pela morosidade da narrativa de Gilberto Martínez Solares. Não tem o ritmo dos filmes co-irmãos, apresentando os acontecimentos numa cadência slow burn, principalmente no terceiro ato, no encontro de Maria e Lúcifer e uma proposta. O quadro final, mostrando um convento perdido em tentações, é interessante até o banho de água fria da revelação psicológica.
Para quem quer conhecer o subgênero, Satânico Pandemonium pode ser a pedida menos agressiva da lista, com um enredo menos apelativo do diretor em parceria de Adolfo Martínez Solares e Jorge Barragán. Conta com a boa atuação de Cecilia Pezet e a ótima trilha sonora de Gustavo César Carrión, explorando os ambientes e mudanças de comportamento da freira.