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Banda:Black Widow
Ano:1970•País:UK
Álbum:Sacrifice
Estilo:hard rock, rock progressivo, jazz e psicodelia
Selo:CBS Records

Outra banda que merece ser lembrada por estar ali nas “fundações” do occult rock é o Black Widow, grupo inglês “redescoberto” na era internet, hoje lembrado por usar e abusar de símbolos e temática satânica em seu trabalho de estreia, o álbum Sacrifice, lançado em 1970.

O grupo surgiu em 1969 em Leicester, Inglaterra, ano em que lançaram um primeiro trabalho intitulado Pesky Gee! Exclamation Mark, com uma sonoridade ainda próxima do pop beat daqueles anos. Foi com a saída do vocalista Kay Garret  e a entrada do tecladista e organista Zoot Taylor, que o grupo se consolidou como Black Widow. Mantiveram-se no time, ainda, os músicos Kip Trevor (vocais), Jim Gannon (guitarras), Clive Jones (flauta, saxofone, clarinete), Bob Bond (baixo) e Clive Box (bateria, percussão).

Sacrifice, o álbum de estreia do grupo, no entanto, sairia com uma orientação bem diferente daquela assumida nos tempos do Pesky Gee!. Com produção de Patrick Meehan Jr., que fazia parte do grupo que produzia os discos do Black Sabbath naquela época, o novo disco chegou com uma mistura de hard rock, rock progressivo, jazz e psicodelia, transpirando satanismo e ocultismo em todas as suas faixas.

O disco abre com a atmosférica “In ancient days”. Com duração de sete minutos, a música conta a história de algum rei ou figura importante do passado que rememora os “tempos antigos” em que era venerado e tinha sua vontade obedecida. Enquanto lembra, ele permanece “in Hell, a mortal man, between Belial and Satan”, perdido no “círculo das encarnações”.

A sonoridade como um todo é bastante agradável, mesmo nos momentos mais “jazzy”. Flauta e teclados têm um papel importante nas composições. Os ecos de Jethro Tull são bastante evidentes, as músicas se desenvolvem em cima de climas bucólicos, pastorais, mas sempre com um brilho estranho, ansioso, meio que aguardando algo terrível que está por vir – tal qual as cenas diurnas dos melhores folk horror. Tudo muito inglês.

Come to the Sabath é o hit do álbum. A introdução, um canto meio ritualístico ou devocional, dá lugar a uma festiva invocação de Astaroth. Conjuration chega misteriosa com uma percussão cadenciada e entrega o melhor refrão do disco, enquanto Sacrifice é um espetáculo rocker da melhor qualidade, com os elementos progressivos e jazzístico nos conduzindo através de um ritual de sacrifício ao longo de seus onze minutos. Há algo de Child in Time (Deep Purple) nessa música. Quem saca vai reconhecer fácil.

Uma curiosidade é que nos shows de divulgação deste primeiro disco, o grupo encenava rituais no palco – prática abandonada a partir das turnês seguintes. A música Conjuration era a deixa para o início das encenações. Também havia uma dançarina durante a execução de Seduction, que era sacrificada (de mentirinha) em Sacrifice (claro). Tudo isso pode ser conferido aqui.

Outra curiosidade é a ligação do grupo com Alex Sanders, fundador da da Tradição Alexandrina da Wicca (uma das linhagens da religião), e chamado por seus seguidores e admiradores de Rei das Bruxas. O ocultista afirmava ter adotado os membros do Black Widow e ensinado todos os rituais, feitiços e alusões ocultas que a banda destaca em suas músicas e apresentações.

Após o primeiro disco, a banda se afastaria da temática oculta, ainda que seguisse a mesma orientação musical, resistindo ainda até 1972, quando lançou Black Widow III e encerrou suas atividades. Em 1997 foi liberado Black Widow IV, gravado originalmente em 1972, e em 1998, Return to the Sabath, com as gravações originais do álbum de estreia.

Em Sacrifice, o Black Widow estava no auge de sua forma, e isso é perceptível pela qualidade do material aqui apresentado. É um dos bons discos daqueles anos e certamente merece mais reconhecimento, pela qualidade técnica das composições, pelo lirismo intrínseco, pela singularidade geral da obra. Nota máxima!

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