![]() Tubarão 2
Original:Jaws 2
Ano:1978•País:EUA Direção:Jeannot Szwarc Roteiro:Carl Gottlieb, Howard Sackler Produção:David Brown, Richard D. Zanuck Elenco:Roy Scheider, Lorraine Gary, Murray Hamilton, Joseph Mascolo, Jeffrey Kramer, Collin Wilcox Paxton, Ann Dusenberry, Mark Gruner, Barry Coe, Susan French, Gary Springer, Donna Wilkes, Gary Dubin, John Dukakis, G. Thomas Dunlop |
Parece que Amity virou o buffet preferido dos tubarões brancos. Depois do fatídico episódio de 1975 e que ocasionou a morte de jovens e do experiente caçador Quint (Robert Shaw), a cidade voltou à normalidade, com a proposta de aumento do turismo com a inauguração de um Hotel na Ilha da Amizade. Quatro anos se passaram sem novos incidentes até dois mergulhadores, curiosos em registrar a carcaça do barco pesqueiro Orca no fundo do oceano, são atacados por um novo exemplar assassino. O desaparecimento dos dois se somam ao ataque a uma esquiadora e da motorista da lancha, resultando em uma explosão, além do surgimento de uma baleia devorada na praia, levando o chefe de polícia Martin Brody (Roy Scheider) a questionar se não teria o envolvimento de um outro tubarão.
Sua obsessão devido à experiência traumática do passado o leva a mais um confronto com o prefeito Larry Vaughn (Murray Hamilton). Quando ele advertidamente pede que as pessoas deixem a água e atira em um cardume, Brody vira chacota na cidade, obrigando-o a participar de uma reunião com o Conselho Municipal de Amity para pedir uma investigação, ainda mais quando ele acredita que umas das fotos tiradas pelos mergulhadores desaparecidos parece indicar a existência de um tubarão. Sua demissão coincide com um ato de rebeldia de seu filho Mike (Mark Gruner), que se une a um grupo de adolescentes da cidade para velejar próximo a um farol, levando também o outro filho de Brody, o pequeno Sean (Marc Gilpin). Quando Tina (Ann Dusenberry) e o namorado são atacados, o agora ex-chefe de polícia decide pedir ajuda à guarda costeira e rumar para um resgate, culminando em mais um embate com a fera dos mares.
Tubarão 2 (Jaws 2, 1978) é consequência do grandioso sucesso do primeiro. Os produtores, David Brown e Richard D. Zanuck, não queriam deixar a “febre Tubarão” passar e temiam que, se não fizessem logo um novo filme, outros acabariam se envolvendo numa continuação. É claro que o interesse desde o começo seria pelo retorno de Steven Spielberg ao comando, mas o cineasta apresentava discursos diferentes em cada entrevista: primeiro disse que não via lógica em fazer uma continuação, depois disse que a experiência tinha sido traumática na realização do original e não queria passar por isso de novo. E, por fim, cogitou a possibilidade de retornar quando soube que o roteirista Carl Gottlieb estaria envolvido e até desenvolveu um argumento com base no discurso de Quint sobre a experiência com o naufrágio de USS Indianápolis, pensando em um prelúdio ambientado na Segunda Guerra Mundial. Mas, como já tinha se envolvido em Contatos Imediatos do Terceiro Grau, acabou desistindo de comandar uma parte 2.
Outro que viveu uma novela de desistência e aceitação foi o ator Roy Scheider. Não tinha o menor interesse em fazer um segundo filme, mas como tinha desistido de outro projeto da Universal, acabou se vendo preso ao projeto. Chegou a ter momentos de intenso conflito psicológico, abrandados pelo aumento salarial e participação nos lucros. Já Richard Dreyfuss não quis definitivamente retornar à franquia sem Spielberg. Seu personagem é mencionado no filme depois que Brody telefona para ele, mas é dito que o oceanólogo estaria em expedição de pesquisa na Antártida. Tal declaração basicamente abriu seu caminho para estrelar o filme de alienígenas do cineasta em 1977!
Com um orçamento estimado em US$ 30 milhões de dólares – três vezes mais que o primeiro filme -, envolvendo inclusive uma imensa campanha de marketing, Tubarão 2 se saiu bem nas bilheterias, ainda que as críticas tenham se mostrado mistas. É realmente a melhor continuação da série, e tem momentos ali que são tão parecidos com o primeiro que dá indícios de uma refilmagem, mas ainda assim bastante inferior. A esposa de Brody, Ellen (Lorraine Gary), tem uma participação mais efetiva, quase se aproximando de sua versão literária, o que deu possibilidades interessantes ao longa.
No entanto, Tubarão 2 perde força por dispor sua narrativa a um elenco jovem. Tubarão é um filme com personagens adultos, tendo jovens como coadjuvantes ou simplesmente vítimas. A continuação deu um aspecto de “terror teen“, um slasher com um inimigo submerso, antecipando o que aconteceria nos anos 80, nas cinesséries Sexta-Feira 13 e A Hora do Pesadelo. E esse elenco jovem abriga o mesmo estereótipo, com ideias idiotas, hormônios a mil, e exageradamente escandalosos, berrando a cada aparição do tubarão branco, em efeitos bem realizados e convincentes.
Diferente do primeiro, o tubarão já surge desde o primeiro ataque. Não há o suspense do primeiro até porque o público já sabe como é a ameaça. E para tal, a produção de diversos animatrônicos ajudou na concepção dos ataques: a cena em que o tubarão passa a rente ao barco, quase pegando a perna de um jovem é muito boa, assim como outras invasões de sua imensa cabeça. Não há exagero no sangue e nem na exposição de corpos, mas ele continua bastante ameaçador. A sequência em que ataca o namorado da Tina e o arrasta pela água até fazê-lo se chocar no barco é outro bom momento, auxiliado pela direção eficiente de Jeannot Szwarc (Praga Infernal, 1975). Vale mencionar a queda do helicóptero no ataque do tubarão como uma boa cena também.
Ainda que desnecessário, Tubarão 2 é uma continuação digna. Resgata a boa cidade pesqueira e apresenta um Scheider bem inspirado, mostrando uma evolução traumática de seu personagem. Se tivesse se encerrado com este filme, seriam dois filmes que poderiam ser vendidos juntos. Mas os interesses do estúdio por mais permitiu coisas como Tubarão 3 (Jaws 3-D, 1983) e Tubarão 4 – A Vingança (Jaws: The Revenge, 1987), assustadoramente ruins e altamente dispensáveis.