Eu Sei o Que Vocês Fizeram no Verão Passado (2025)

Eu Sei o Que Vocês Fizeram no Verão Passado Original:I Know What You Did Last Summer Ano:2025•País:EUA Direção:Jennifer Kaytin Roteiro:Jennifer Kaytin, Sam Lansky Produção:Neal H. Moritz, Jennifer Kaytin, Jackie Shenoo, Karina Rahardja Elenco:Madelyn Cline, Chase Sui Wonders, Jonah Hauer-King, Tyriq Withers, Sarah Pidgeon, Jennifer Love Hewitt, Freddie Prinze Jr, Sarah Michelle Gellar

É inegável a importância de Pânico para o cinema de horror. Sua metalinguagem escrachada revitalizou o subgênero slasher, ressuscitando o interesse do público em ver assassinos mascarados dilacerando jovens obtusos no final dos anos 90. Logicamente, vários outros tentaram surfar na onda do filme de Wes Craven, desencadeando uma avalanche de cópias descaradas obras com a clássica estética de adolescentes enfileirados com o vilão encapuzado atrás, como Prova Final, Lenda Urbana e O Dia do Terror. Mas provavelmente nenhum desses ficou tão conhecido como Eu Sei o Que Vocês Fizeram no Verão Passado, que apesar de não ser uma obra-prima, adquiriu status de cult com o passar dos anos.

Pois bem, se Pânico em 1996 debochava dos slashers, em 2022 Pânico (sim, o mesmo título do primeiro filme) fazia o mesmo com as chamadas legacy sequels ou requels, produções que tentam dar continuidade a uma saga, introduzindo novos personagens, mas respeitando o legado dos originais. É claro que sua imitação sucessora mais famosa não ficaria de fora, com o lançamento de Eu Sei o Que Vocês Fizeram no Verão Passado (ora ora, o mesmo título do primeiro filme).

A trama do filme de 1997 era bem simples, contando a história de quatro jovens que atropelavam um homem em uma estrada deserta e faziam um pacto de manter segredo sobre seu envolvimento com o crime. Um ano depois, o quarteto passa a ser perseguido por um assassino vestido com capa de pescador e um gancho no lugar da mão. Quase 30 anos depois, um novo grupo de amigos também se envolve em um acidente que tira a vida de um motorista. Novamente, um ano se passa e o grupo começa a ser ameaçado por uma figura assustadoramente parecida com o supostamente falecido pescador.

Gostaria primeiro de elogiar as (poucas) trufas dessa produção, porque não quero me interromper na hora de elencar os (vários) problemas dele. O início realmente me agradou, pois além de apresentar satisfatoriamente os personagens dentro do que esperamos de um slasher whodunnit genérico, aqui temos uma modificação interessante em relação ao crime original, pois se ali eles de fato atropelam uma pessoa, aqui os envolvidos não chegam a tocar na vítima, o que torna a reflexão sobre moralidade e legalidade muito mais rica.

Infelizmente, sobra muito pouco para ser elogiado depois dos primeiros 15 minutos. A franquia nunca foi referência no quesito final girl, mas Chase Sui Wonders realmente destoa como a chatíssima Ava, cujo único desenvolvimento é restrito à sua sexualidade. Por outro lado, é impossível não se render à personagem de Madelyn Cline, responsável por alguns dos diálogos mais divertidos do longa, com frases como “it’s not astrology, it’s empathy” ou “when your love dies, you still do your skincare routine”.

ALERTA DE SPOILERS! PROSSIGA POR SUA CONTA E RISCO!    

É no roteiro, porém, que a coisa vai pro vinagre. Aparentemente, até o plot twist de Pânico virou regra nos slashers atuais, e obviamente aqui temos dois assassinos. Achei ousada a decisão de transformar o mocinho Ray Bronson (Freddie Prinze Jr) em um dos vilões, mas tudo é tão malfeito que é impossível não revirar os olhos. Em determinada cena, Ray e sua parceira Stevie (Sarah Pidgeon) estão sozinhos discutindo, e ambos conversam como inocentes temendo serem vítimas do pescador. Oi??? Como assim? Na sequência final dentro do barco, Ray atira em Stevie para que Ava acredite que ele é inocente, mas na cena seguinte ele ataca a garota (??). Não seria mais simples os dois atacarem a garota juntos ainda no barco? Uma boa ideia e um bom personagem-legado desperdiçado.

Falando em personagem-legado, precisamos falar sobre Jennifer Love Hewitt. Jennifer sempre disse que só voltaria à franquia se tivesse um papel de destaque, então não sei que dívida de jogo fez a coitada se enfiar nessa roubada, pois sua participação no filme é totalmente descartável. A cena absurdamente boba em que Ava vai até a lendária Julie James pedir ajuda (como ela poderia ajudar, até agora eu me pergunto) e ouve como conselho “não chame a polícia, pegue o assassino antes que ele te pegue” é simplesmente constrangedora (antes fazer somente uma participação pontual como a de Sarah Michelle Gellar do que se submeter a isso).

No fim das contas, não consegui me decepcionar muito com Eu Sei o Que Vocês Fizeram no Verão Passado porque o material original não era lá digno de muitas expectativas. Esperemos que a continuação mude esse panorama (sim, a cena pós créditos já deixou uma sequência engatilhada), mas até lá a saga de Julie James continua sem nenhum filme verdadeiramente bom.