![]() Faça ela Voltar
Original:Bring Her Back
Ano:2025•País:EUA Direção:Danny Philippou, Michael Philippou Roteiro:Danny Philippou, Michael Philippou Produção:Kristina Ceyton, Samantha Jennings, Jess Parker Elenco:Sally Hawkins, Billy Barratt, Sora Wong, Jonah Wren Phillips, Stephen Phillips, Sally-Anne Upton, Mischa Heywood |
Até onde iria uma mãe enlutada para ouvir novamente a voz da sua filha? Após o sucesso de seu longa de estreia, Fale Comigo, os gêmeos australianos Danny e Michael Philippou nos apresentam outro conto sobre os vivos tentando ter acesso ao mundo dos mortos. Mas enquanto o filme estrelado por Sophie Wilde é uma história sobre jovens descerebrados invocando os que já se foram por puro entretenimento, Faça Ela Voltar é uma pesada narrativa sobre amor, luto e culpa.
A jovem Piper (Sora Wong) possui uma deficiência que limita boa parte de sua visão, o que motiva seu irmão mais velho, Andy (Billy Barratt) a sempre estar por perto para ajudá-la. Apesar de não possuírem laços consanguíneos, é nítido que eles possuem uma forte relação de companheirismo e cumplicidade, o que fica evidenciado quando os dois se utilizam do código grapefruit, que é um juramento de só falar a verdade naquele instante. Quando uma tragédia deixa os dois garotos órfãos, eles são acolhidos por Laura (Sally Hawkins), uma senhora aparentemente simpática que perdeu sua filha recentemente.
Andy suspeita rapidamente das intenções da mulher, pegando em seu celular sem permissão, oferecendo álcool a menores de idade (alô polícia federal) e beijando falecidos desconhecidos. Como se tudo isso não fosse estranho o suficiente, na casa de Laura também vive Ollie (Jonah Wren Phillips), um garotinho que apresenta surtos de fúria e hábitos alimentares perturbadores. Quando Andy percebe que todos esses fatores são peças de um ritual sinistro, ele precisa tirar sua irmã dali antes que seja tarde.
É notável a habilidade dos diretores em construir atmosferas assustadoras a partir do luto. Se em Fale Comigo, todo o enredo se desenrola pelo desejo da protagonista de ouvir uma última vez a voz da mãe, em Faça Ela Voltar a personagem Laura é consumida pela culpa de não ter conseguido salvar a filha de um afogamento. O ritmo é mais lento que o de seu antecessor, mas também muito mais incômodo. E como é incômodo. Desconfortável. A cena da faca faz o espectador querer virar o rosto, mas é impossível desgrudar o olho da tela, assim como era impossível parar de ver o personagem de Joe Bird esmagando a própria cabeça no primeiro filme dos irmãos Philippou.
É interessante que o filme não gasta muito tempo em esconder as intenções de Laura. Logo no início fica claro o comportamento estranho da personagem, mas como Piper não enxerga, ela não percebe o perigo mesmo que esteja muito próximo, o que é realmente assustador. Ainda sobre as atrizes, as atuações de Sally Hawkins e Sora Wong são o ponto alto do filme, especialmente a primeira. Laura é daquelas personagens que causam raiva e indignação em quem assiste, mas é impossível não sentir a dor que acompanha todas as suas ações. Por outro lado, todo o plot envolvendo Andy e sua relação conturbada com o pai é um pouco desconectado do resto da trama.
Apesar de difícil de ser assistido, não por sua qualidade técnica, mas por incomodar os sentidos das mais variadas maneiras, Faça Ela Voltar é um filmaço. Com um roteiro intrigante, atmosfera angustiante e muito gore, Danny e Michael Philippou acertam de novo, nos entregando até aqui o melhor filme de terror do ano.