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Monster Mash
Original:Monster Mash
Ano:2024•País:EUA
Direção:Jose Prendes
Roteiro:Jose Prendes
Produção:David Michael Latt
Elenco:Michael Madsen, Ethan Daniel Corbett, Emma Reinagel, Erik Celso Mann, Adam Slemon, Gabriel Pranter, Ian Hummel, Maddie Lane, Anna DeRusso, Michelle Bauer, Bix Krieger

Em algum castelo nas profundezas de um local aterrorizante – pode-se imaginar em um porão úmido da Transilvânia -, os monstros clássicos se soltaram de suas correntes e alcançaram os domínios públicos. Ainda assim, o Horror Gótico, em seu estado mais puro, não encontra espaço na mente criativas de cineastas e escritores. Meu livro, VHS – O Circo dos Monstros, parece um estranho no ninho entre autores que romantizam vampiros adolescentes e estampam borboletas nas capas, atraindo multidões nas feiras literárias. E, no cinema, com exceção de uma ou outra produção mais caprichada, você não consegue ver nas telas encontros constantes entre as criaturas em propostas divertidas. Qual foi o último filme em que você viu o Homem Invisível dividir as atenções com um licantropo, tentando combater a criação de Dr. Frankenstein? Só podia ser um subproduto distribuído pela The Asylum!

Nas últimas três décadas, era fácil associar o estúdio/distribuidora a versões picaretas de lançamentos estrondosos. Bastava o anúncio das refilmagens de Guerra dos Mundos, King Kong e A Profecia, que você já saberia que seriam lançados Guerra dos Mundos 3 – Como tudo começou (War of the Worlds, 2005), King – O Rei da Selva (King of the Lost World, 2005) e 666: O Filho do Mal (666: The Child, 2006). E outros, nem tão espelhados em sensações cinematográficas, mas que permitiram a associação aos originais: O Tesouro Da Vinci (The Da Vinci Treasure, 2006), When a Killer Calls (2006) e AVH: Alien vs. Hunter (2007), só para citar alguns. São sempre filmes Z, com efeitos digitais de TK90x e atuações de novelas turcas, porém até que divertiam pela paródia, pela proposta insana e ousadia.

Contudo, Monster Mash não se espelha em nenhum projeto em desenvolvimento. Talvez fizesse mais sentido quando A Liga Extraordinária (2003) estava em pauta ou até Van Helsing – O Caçador de Monstros (2004). Mas bem que poderia ter uma função inversa, incentivando a Universal a desistir de seus filmes caros para apostar em obras menores, com o mesmo tratamento dado às criaturas lendárias a partir da década de 30. E, principalmente, colocá-los no mesmo balaio como uma espécie de Deu a Louca nos Monstros (Monster Squad, 1987), como tentei fazer em meu livro. E o que mais impressiona – aliás é a única coisa que impressiona – é ver um dos queridinhos de Quentin Tarantino como estrela-mor.

É bem verdade que o recém-falecido (e motivador desta escrita) Michael Madsen deixou de lado seu papel de gangster para atuar em centenas de trabalhos ruins. Sua filmografia, com mais de 300 trabalhos, é repleto de um cinema de caráter duvidoso, onde Cães de Aluguel, Kill Bill e Os Oito Odiados passaram a ser exceções à regra. Aqui ele interpreta um dos poucos humanos da produção, o reconhecido cientista Dr. Frankenstein, que está prestes a morrer com o coração bastante fraco. Ele que se via como Deus, capaz de criar vida na junção de partes de cadáveres, ironicamente está perdendo a sua. Assim, ele planeja permanecer vivo em outro corpo, porém precisaria de alguns ingredientes peculiares.

O principal deles é o sangue de Drácula (Ethan Daniel Corbett), um objetivo considerado difícil pela força do vampiro e dificuldade de atraí-lo ao seu laboratório. Para tal, ele sequestra a filha dele, Elisabeta (Emma Reinagel), com a ajuda de sua criação, Boris (Erik Celso Mann). Quando descobre que a filha desapareceu, o Conde atua como um investigador para caçar pistas que o conduza ao covil de Dr. Frankenstein, enquanto este manda seu monstro capturar o coração de Ramsés, o Terceiro (Adam Slemon), uma múmia reanimada e bastante animada, a pele do Homem Invisível, Hawley Griffin (Gabriel Pranter), e as pernas e braços do lobisomem Charlie Conliff (Ian Hummel).

O detetive Drácula interroga o “brinquedo” de Elisabeta (Anna DeRusso) e depois a bruxa Mila Severine (Bix Krieger), partindo para as catacumbas da Múmia, além da casa do lobisomem e do Homem Invisível. Todos são ressuscitados por Drácula e formam uma legião de monstros na caça ao Dr.Frankenstein, chegando a um ambiente com armadilhas acionadas por alavancas até um confronto final numa noite de tempestade com o cientista transformado em um lobisomem digital gigantesco, tendo que lutar com um morcego descomunal.

Monster Mash é essa salada toda. Madsen tem poucas cenas, sendo que sempre é visto em um único local. Ele não parece muito à vontade no papel, pois não tem armas de fogo, troca de reféns e nem precisa dizer muitos “fucks“. Os monstros até que são divertidamente bem caracterizados, quando não há o uso de CGI de quintal – algumas cenas se repetem, com relâmpagos em flashes digitais, assim como ambientações onde somente os móveis são trocados de lugar. A direção e roteiro de Jose Prendes (de outras picaretagens como Heretics e Morgan: The Killer Doll) não prende (não resisti) a atenção como se imagina, trazendo alguns bocejos ocasionais.

O único aspecto positivo é o conceito de mistureba monstruosa, com uma provável referência (olha eu mais uma vez procurando profundidade em um pires) inversa ao Mágico de Oz: o lobisomem seria o Leão, a Múmia poderia ser o Homem de Lata e o Homem Invisível, o Espantalho. Tive essa sensação risonha quando eles estavam no corredor de armadilhas de videogame, quase como uma estrada de tijolos amarelos. Quem espera por Madsen pode ser surpreender com uma Legião de Monstros em um crossover improvável, com piadinhas infantis e as expressões canastronas de um elenco que não sabe pra onde olhar diante de uma criatura digital imensa exposta em um chroma key de lona.

Em tempo, quem quiser adquirir o livro VHS – O Circo dos Monstros, acesse este link. Trata-se de uma obra que traz inúmeras referências ao cinema fantástico com os monstros clássicos, um circo maldito e traços da origem do horror gótico!

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