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A Liga Extraordinária (2003)

A Liga Extraordinária
Original:The League of Extraordinary Gentlemen
Ano:2003•País:EUA, Alemanha, República Tcheca, UK
Direção:Stephen Norrington
Roteiro:Alan Moore, Kevin O'Neill, James Robinson
Produção:Don Murphy
Elenco:Sean Connery, Stuart Townsend, Peta Wilson, Naseeruddin Shah, Tony Curran, Shane West, Jason Flemyng, Richard Roxburgh, Max Ryan, Tom Goodman-Hill, David Hemmings

O cinema muitas vezes recebe inspiração da literatura e dos quadrinhos. E no caso do gênero fantástico, muitos filmes surgiram com seus argumentos baseados em personagens idealizados primeiramente pela arte escrita. A Liga Extraordinária (The League of Extraordinary Gentlemen), que entrou em cartaz nos cinemas brasileiros em 12/09/03, é um exemplo claro dessa combinação de mídias, onde uma série de personagens clássicos da literatura de horror, ficção científica, fantasia e aventura se juntaram numa mesma história desenvolvida pelo genial quadrinista Alan Moore resultando na famosa graphic novel A Liga dos Cavalheiros Extraordinários, que por sua vez, com as devidas liberdades de adaptação, transformou-se num filme dirigido por Stephen Norrington e estrelado pelo experiente Sean Connery.

Alguns anos antes, a mesma produtora 20th Century Fox, já havia aproveitado um trabalho gráfico de Alan Moore para fazer um filme de horror, e em 2001 lançou Do Inferno (From Hell), um thriller ambientado no final do século XIX envolvendo o misterioso serial killer Jack, o Estripador, contando com um elenco formado pelo talentoso Johnny Depp e o experiente Ian Holm. E a produtora já tinha planos para filmar A Liga desde 1995, conseguindo somente muitos anos depois efetivar o projeto, num generoso orçamento de aproximadamente US$ 78 milhões.

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A história é ambientada na Europa de 1899, onde a Rainha Vitória, da Inglaterra, através de um misterioso cavalheiro identificado apenas como M (Richard Roxburgh), solicita a ajuda do famoso aventureiro imperialista Allan Quatermain, que estava vivendo na África, numa das várias colônias britânicas, para recrutar um grupo especial de pessoas com características e poderes extraordinários, para juntos numa liga (similar aos X-Men dos quadrinhos e cinema), enfrentarem a ameaça terrorista de um vilão louco auto denominado de Fantasma (que utiliza uma máscara para ocultar o rosto deformado, numa homenagem ao personagem O Fantasma da Ópera, do escritor Gaston Leroux). Ele tem sido o responsável por causar uma série de incidentes internacionais criando uma perturbadora instabilidade da paz entre as principais nações da Europa, incitando uma guerra mundial que resultaria na macabra oportunidade de conquistar o mundo devido ao fato dele ser o possuidor do mais moderno arsenal bélico existente.

O plano maquiavélico do Fantasma incluía a destruição da cidade italiana de Veneza exatamente quando haveria uma conferência internacional dos países europeus para avaliarem a turbulência política do velho continente. E para evitar o desastre e uma guerra iminente, Quatermain e a liga extraordinária, auxiliados pelo futurista submarino Nautilus do Capitão Nemo, entram em ação e partem para um confronto direto com o vilão na tentativa heroica de impedir a queda de Veneza, e descobrindo mais tarde a existência de uma poderosa fortaleza onde o Fantasma estava construindo poderosas armas de guerra e realizando experiências científicas para a criação de seres com os mesmos poderes extraordinários de alguns dos membros da liga.

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A liga dos cavalheiros extraordinários é liderada pelo caçador Allan Quatermain (o veterano Sean Connery), personagem criado pelo escritor Henry Rider Haggard em As Minas do Rei Salomão, sendo uma espécie de precursor do arqueólogo Indiana Jones, de Steven Spielberg. Completam a diferenciada equipe a bela Mina Harker (Peta Wilson), esposa de Jonathan Harker, transformada em vampiro pelo Conde Drácula no livro homônimo de Bram Stoker; o lendário Capitão Nemo (o indiano Naseeruddin Shah), um brilhante cientista criador do submarino Nautilus no livro 20.000 Léguas Submarinas, de Jules Verne; o psicótico médico Dr. Henry Jekyll (Jason Flemyng) e sua outra personalidade maléfica Mr. Edward Hyde, personagens do livro O Médico e o Monstro (1886) de Robert Louis Stevenson; o cientista transparente Rodney Skinner (Tony Curran), nome alterado por problemas de direitos autorais, substituindo o original da literatura Dr. Hawley Griffin, da obra O Homem Invisível, de H. G. Wells; o amaldiçoado imortal Dorian Gray (Stuart Townsend), personagem criado por Oscar Wilde em O Retrato de Dorian Gray; e finalmente pelo (agora) agente do Serviço Secreto americano Tom Sawyer (Shane West), criado ao lado de Huckleberry Finn pelo escritor Mark Twain, popular autor de literatura infanto-juvenil. Esses dois últimos não faziam parte da liga dos quadrinhos idealizada por Alan Moore e foram acrescentados somente para a versão do cinema, sendo que Tom Sawyer mais especificamente, é o único americano do grupo, e foi colocado por questões de interesses comerciais para atrair a atenção do público americano, já que todos os outros membros da liga são criações da literatura popular britânica.

Após se assistir A Liga Extraordinária e fazendo-se um rápido balanço dos acertos e erros encontrados no filme, através de uma avaliação sem muita exigência, ainda haverá como resultado final um pequeno saldo positivo. Apesar da ambientação num mundo alternativo durante o final do século XIX, onde existe um universo ficcional povoado por personagens da literatura fantástica, existe uma quantidade excessiva de situações e eventos inverossímeis.

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Alguns personagens tiveram suas personalidades alteradas significativamente como por exemplo o Homem Invisível, que na verdade é conhecido como um cientista louco, perturbado e completamente desorientado por sua condição de invisibilidade decorrente de uma experiência científica, sendo que essa característica desapareceu no filme. O aristocrático Dorian Gray (que teve um excelente filme solo produzido em 1945) foi amaldiçoado pela imortalidade, e seu comportamento suspeito e destino trágico durante o filme foi uma decisão equivocada do roteirista. Assim como o personagem Tom Sawyer, que foi acrescentado na trama apenas para satisfazer o mercado americano, e que além de sua idade estar errada (jovem demais para a época narrada no filme), sua postura é irritante e ridícula, na sempre tentativa forçada de assumir o papel do jovem herói e galã do grupo. Isso somente conseguiu despertar nosso repúdio e obrigar-nos a torcer inutilmente para ele levar um tiro na testa… Outro personagem que ficou diferente de sua concepção original é o médico Dr. Jekyll, que foi base para a produção de uma infinidade de filmes e que não tinha controle sobre sua dupla personalidade, sendo uma vítima impotente do monstruoso Mr. Hyde. No filme, a transformação é controlada e só ocorre após a ingestão de um soro maldito.

Por outro lado, apesar das modificações nas características de alguns personagens, e um certo exagero em algumas cenas de ação, com muita correria desenfreada, o filme tem logicamente seus momentos de pura diversão, e naturalmente acaba surgindo uma agradável interação entre o espectador e a liga dos cavalheiros extraordinários, fazendo-nos torcer pelo sucesso de sua missão secreta em evitar uma guerra mundial, através da ação conjunta de um grupo de heróis diferenciados. É difícil não criar uma aproximação principalmente com a belíssima vampira Mina, que de uma aparente mulher inofensiva, revela-se quando necessário uma poderosa e mortal predadora.

O cineasta inglês Stephen Norrington nasceu em 1964 em Londres e já teve uma experiência anterior com o gênero fantástico dirigindo o primeiro filme sobre Blade, um personagem vampiro dos quadrinhos da Marvel. Blade – Caçador de Vampiros (1998), com Wesley Snipes no papel título, originou uma franquia que já lançou uma continuação em 2002 e um terceiro filme posteriormente. Porém, ele é mais conhecido como técnico de efeitos especiais participando da equipe de produção de filmes como O Enigma da Pirâmide (Young Sherlock Holmes, 1985), Aliens, o Resgate (1986), Hardware (1990) e O Destruidor (Split Second, 1992), este último estralado pelo veterano Rutger Hauer.

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O aventureiro Allan Quatermain foi interpretado pelo veterano ator Sean Connery, que também assinou a produção executiva de A Liga Extraordinária e brigou o tempo todo com o diretor Stephen Norrington, devido a diferenças profissionais na condução do filme. Connery nasceu na Escócia em 1930 e tornou-se muito conhecido pelo papel do famoso e sofisticado agente secreto 007 James Bond, criação do escritor Ian Fleming, participando em seis filmes durante os saudosos anos 1960, numa enorme franquia que está ativa até hoje.

Sua vasta carreira inclui mais de 75 filmes, sendo considerado um dos grandes nomes do cinema atual. Em sua variada filmografia, destacam-se obras como a ficção científica Zardoz (1974), o filme de catástrofe Meteoro (1979), a FC policial Outland, Comando Titânio (1981), a fantasia Highlander, o Guerreiro Imortal (1986), o policial noir Os Intocáveis (1987), o terceiro episódio da franquia Indiana Jones, A Última Cruzada (1989), a aventura submarina de guerra A Caçada ao Outubro Vermelho (1990), o blockbuster A Rocha (1996), a aventura fantástica Os Vingadores (1998), e o drama Encontrando Forrester (2000).

Inicialmente o filme recebeu o título nacional de A Liga, sendo até anunciado dessa forma nas primeiras exibições do trailer, vindo mais tarde a ser chamado pelo nome definitivo A Liga Extraordinária. E o ideal ainda seria se fosse adotada a tradução literal do original The League of Extraordinary Gentlemen, acrescentando-se a palavra cavalheiros.

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9 Comentários

  1. Esse filme é ruim, hein? O Nautilus aparentemente era feito de borracha, já que podia transitar tranquilamente nos estreitos canais de Veneza, apesar de ser um submarino enorme…

  2. Esqueceu de falar que Peta Wilson estava linda como sempre.

    1. Eu até pensava em dar uma chance à história (tanto filme quanto o quadrinho), mas depois desse desrespeito ao Erik (o Fantasma da Ópera), deixei pra lá. Infelizmente vc não citou que a personalidade dele TAMBÉM é alterada, um homem trágico, cheio de conflitos, mas ao mesmo tempo amável e que apenas queria ser aceito… virou um terrorista adoidado kkkkkkk deprimente. Estou lendo o livro do Dorian Gray, é excelente, recomendo.

  3. Como sempre o Alan Moore fez questão de não ter seu nome creditado nesta bomba. Aliás, ele faz isso em todas as adaptações para o cinema de suas obras. E com razão, não tem uma que se salve.

  4. No geral eu gosto do filme por que simplesmente adoro tudo que o Alan Moore escreve mais concordo com a análise e parabéns pela matéria muito acertada em tudo mais ainda acho que esse Dorian Grey ficou melhor personalisado que o do Penny Dreadfull

      1. Fora isso, Penny Dreadful é o que esse filme da Liga Extraordinária queria ser…

  5. Questão de gosto: achei esse um péssimo filme.

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