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Verão do Medo
Original:Summer of Fear
Ano:1978•País:EUA
Direção:Wes Craven
Roteiro:Lois Duncan, Glenn M. Benest, Max A. Keller
Produção:Bill Finnegan, Patricia Finnegan
Elenco:Linda Blair, Lee Purcell, Jeremy Slate, Jeff McCracken, Jeff East, Carol Lawrence, Macdonald Carey, Fran Drescher, Billy Beck, Patricia Wilson

Após dois filmes em estilo documental, realizado de maneira amadora e com baixos recursos, Verão do Medo (Summer of Fear aka Stranger in Our House, 1978) marca uma nova fase na carreira de Wes Craven na realização de produções mais comerciais. Foi a sua primeira filmagem em formato 35mm e a que o cineasta pode utilizar “ferramentas” como guindaste e carrinho para a condução da câmera, ainda que seja também um projeto modesto e feito exclusivamente para a TV. Craven ainda teve a oportunidade de ter um elenco mais preparado, com mais bagagem de atuação, incluindo a disputada Linda Blair, vinda do absoluto O Exorcista (The Exorcist, 1973) e do pavoroso Exorcista II: O Herege (Exorcist II: The Heretic, 1977). Apesar dos esforços e por ser um filme mais bem acabado do diretor, Verão do Medo é um suspense de sábado à noite, sem sangue e violência, sem surpresas.

O longa foi inspirado na publicação de Lois Duncan, “Summer of Fear“, de 1976, e teve o roteiro co-escrito por Glenn M. Benest e Max A. Keller, que depois trabalhariam novamente com Craven em seu filme seguinte, Benção Mortal (Deadly Blessing, 1981). Duncan é a autora de outros sucessos do cinema de horror teen como Eu Sei o que Vocês Fizeram no Verão Passado (I Know What You Did Last Summer, 1997) e Eu Estou Esperando por Você (I’ve Been Waiting for You, 1998), demonstrando saber contar boas histórias que envolvem adolescentes encrencados.

Calma! Não é possessão, apenas urticárias!

Verão do Medo começa com a câmera acompanhando por dentro um carro aparentemente desgovernado até sua queda em um barranco, numa explosão ocorrida antes do choque do veículo. Logo, o infernauta descobre que o acidente vitimou os pais e a governanta da jovem Julia Trent (Lee Purcell), que é abrigada por seus tios Leslie (Carol Lawrence) e Tom (Jeremy Slate, de Abismo Infernal, 1989), pais de Rachel (Blair), do mais velho Peter (Jeff East, de Benção Mortal) e do pré-adolescente Bobby (James Jarnigan). A princípio Rachel gosta da ideia de ter alguém da mesma idade em casa, oferecendo inclusive seu quarto e partes dos cômodos para que ela se sinta à vontade.

Embora a família estranhe o sotaque de Julia não condizente com o lugar de origem, todos à exceção do cavalo a recebem bem, despertando o interesse de Peter para um envolvimento, seguindo a dica de Rachel, que namora o seu treinador de cavalos, Mike Gallagher (Jeff McCracken). No entanto, Rachel começa a estranhar algumas coisas que encontra entre os pertences da prima: um dente, fios da crina de seu cavalo e até uma foto sua desaparecida. E a situação piora quando ela parece ser influenciada por Julia ficando com o rosto cheio de urticárias, o que a impede de ir a um baile com um vestido feito por ela e permite que a recém-chegada lhe roube o namorado; durante uma competição com o cavalo, o anima se assusta e quebra a perna, precisando ser sacrificado. Ao encontrar papeis e cabelos queimados e sua foto com marcas vermelhas, Rachel passa a suspeitar que a prima é uma bruxa.

Participação pequena de Fran Drescher

Com a ajuda de seu vizinho e amigo Professor Jarvis (Macdonald Carey), Rachel começa a estudar magia e tenta encontrar um meio de provar para sua família que Julia está, inclusive, enfeitiçando seu pai. Para tal, depois de sofrer um mal súbito, o Professor lhe aconselha a fotografar Julia, já que, nos conceitos do filme, bruxas não aparecem em fotografias. A tentativa de provar as intenções da garota pode despertar a fúria da intrusa, disposta a fazer o que for preciso para se proteger e conseguir o que quer, ativando o modo Zuul, a entidade que possui Dana (Sigourney Weaver) em Os Caça-Fantasmas (Ghostbusters, 1984).

Como se trata de uma produção para a TV, não há ousadia nem excessos. Efeitos simples de maquiagem, alguns carros destruídos, direção confusa de Craven nas loucuras do cavalo, e uma atmosfera de suspense morno. Não se entende a razão de Julia não fazer o que seria mais fácil e prático: eliminar Rachel, a garota que a está acusando de bruxaria. Em vez disso, elas insistem em briguinhas adolescentes, num jogo de acusações, influência e defesa. Sendo uma bruxa tão poderosa como tenta mostrar no último ato, para que eliminar o Professor, o cavalo, deixar Rachel apenas levemente doente e enfeitiçar os homens, se a verdadeira ameaça estaria ali, bem perto dela? Talvez a insanidade do cavalo pudesse ser uma tentativa disso, mas não fica claro se o objetivo era o animal, a garota ou ambos.

Blair atua bem, ainda que sua personagem não ajude muito: ora, ela acaba de perder o namorado que a conhece desde sempre para uma recém-chegada. Bobby não tem importância alguma, desaparecendo por diversos momentos do filme sem qualquer explicação; e Peter, que poderia ser um auxílio de Rachel, não serve muito à trama. Os demais são estereótipos de uma produção para a TV.

Sem assustar, trazer elementos de horror ou incomodar, Verão do Medo é apenas a primeira parte da ponte de Wes Craven para trabalhos melhores. Já fazia parte de sua intenção de arrecadar valores para produções mais ambiciosas como a do assassino dos pesadelos, mas até lá teria ainda que passear pelos campos e pântanos e retornar para as montanhas.

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