![]() Convite para o Inferno
Original:Invitation to Hell
Ano:1984•País:EUA Direção:Wes Craven Roteiro:Richard Rothstein Produção:Robert M. Sertner Elenco:Robert Urich, Joanna Cassidy, Susan Lucci, Joe Regalbuto, Kevin McCarthy, Patty McCormack, Bill Erwin, Soleil Moon Frye, Barret Oliver, Nicholas Worth, Virginia Vincent, Greg Monaghan, Lois Hamilton, Cal Bartlett, Anne Marie McEvoy, Bruce Gray, Gino De Mauro, Jason Presson |
Único ano da carreira de Wes Craven em que ele comandou três produções, 1984 foi realmente o divisor de águas de sua carreira como cineasta. O diretor vinha de uma década de horror documental e tentava mostrar um lado mais comercial, lançando filmes para que pudesse arrecadar dinheiro para trabalhos mais ambiciosos. Assim, no mesmo ano em que Freddy Krueger aparecia pela primeira vez nos cinemas, Craven cometeu o péssimo Quadrilha de Sádicos 2 (The Hills Have Eyes Part II) e lançou o made for TV Convite para o Inferno (Invitation to Hell, 1984), a partir de um roteiro de Richard Rothstein.
O longa traz alguns rostos conhecidos do próprio diretor, como Michael Berryman (de Quadrilha de Sádicos, Quadrilha de Sádicos 2 e Benção Mortal), Virginia Vincent (Quadrilha de Sádicos), Nicholas Worth (de O Monstro do Pântano, 1982) e Billy Beck (de Verão do Medo, 1978), além de Joanna Cassidy, que depois seria vista em Um Vampiro no Brooklyn, de 1995. Há também um ator que gosto bastante pela ampla participação no cinema fantástico: Kevin McCarthy, de Vampiros de Almas (1956), Piranha (1978), Invasores de Corpos (1978), Grito de Horror (1981), No Limite da Realidade (1983), A Hora do Terror (1985), Viagem Insólita (1987), Meus Vizinhos são um Terror (1989), entre outros.
Aliás, Convite para o Inferno tem algumas semelhanças com Invasores de Corpos pela temática de conspiração, paranoia e troca de corpos, mas é um filme sci-fi para a TV, com recursos limitados, poucas ambientações e uma trama simples, com facilidades do roteiro. Uma família se muda para um bairro suburbano de classe média alta do sul da Califórnia, depois que Matt Winslow (Robert Urich) consegue um emprego na Micro-DigiTech, uma empresa de realizações tecnológicas com sede em um arranha-céus. Ele leva com ele a esposa amorosa Patricia (Cassidy) e os filhos, Chrissy (Soleil Moon Frye) e Robert (Barret Oliver), pensando em troca de mobílias e uma vida mais tranquila financeiramente.
Eles são recebidos pelos amigos, Mary (Patty McCormack) e Tom Peterson (Joe Regalbuto), que residem com os filhos na proximidade. A empresa de Matt está desenvolvendo um traje tecnológico ultra-resistente, capaz de suportar altas temperaturas, identificar organismos e soltar raio laser pela mão. Pelo visto, a Micro-DigiTech está preparada para enfrentar alienígenas hostis em ambiente espacial. Ela é liderada pelo Sr. Thompson (McCarthy) e pela agente de seguros Jessica Jones (Susan Lucci) – sem relação alguma com a heroína da Marvel -, que insistem para que a nova família faça parte do clube Steaming Springs Country Club.
O tal Steaming Springs é uma espécie de Sociedade Secreta: seus membros ganham carros novos, evoluem na empresa, mas também passam a se comportar de maneira diferente. Mary e Tom se associam ao clube apenas para que o infernauta entenda o modus operandi que obriga abrir mão de tudo pela associação e conduz os membros a um túnel de temperatura extrema, envolto em névoas oitentistas e um estranho ritual. Enquanto Patrícia se vê seduzida pela ideia e pelas ofertas do clube, Matt se mostra receoso pelas mudanças de atitudes dos amigos, a substituição de sua secretária Grace (Vincent), que o alertava para o risco, e a insistência de Jessica pela inclusão da família recém-chegada.
Depois que sua esposa Patrícia aceita se vincular a Steaming Springs junto com os filhos, Matt percebe que ela está diferente, não sendo reconhecida pelo cachorro da família e até levando-o ao veterinário, Walt Henderson (Bill Erwin), coincidentemente marido de Grace, para sacrificá-lo. Como se imagina, Matt continuará suas suspeitas e fará uso do traje espacial – você não esperava nada diferente – para adentrar o local onde acredita que sua esposa e filhos estejam, tendo que enfrentar os guardas e a própria Jessica, identificada como algo “não-humano“.

É um suspense simples, sem surpresa, sem sangue ou qualquer elemento assustador. É um longa de conspiração, com bom elenco, contando com efeitos especiais aceitáveis pelos baixos recursos, e a direção firme de Wes Craven, mais preocupado com o lançamento de A Hora do Pesadelo. O roteiro expõe facilidades absurdas como o constante cruzamento entre os personagens, e nem sequer explica a origem do clube, se é algo realmente alienígena e sua finalidade: domínio do mundo, transformar todas as pessoas em versões alternativas, enquanto mantém os originais numa prisão energética, necessitando de “amor” para libertá-los?
Nota-se que Craven fez o arroz com feijão, consciente que seria um filme menor, uma produção com fins de exibição apenas na TV para alimentar o horário nobre. À época, o cineasta sempre deixou claro que aceitava comandar o máximo possível de filmes visando trabalhos mais bem desenvolvidos e se firmar como diretor. Dentro do que se espera, ainda que o título seja exageradamente chamativo, Convite para o Inferno é apenas mediano, por vezes sonolento e sem empolgação. Vale conhecer como trabalho de evolução de um diretor que aceitou participar do clube para alcançar objetivos maiores!