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Invocação do Mal 4: O Último Ritual
Original:The Conjuring: Last Rites
Ano:2025•País:EUA, UK
Direção:Michael Chaves
Roteiro:: Ian Goldberg, Richard Naing, David Leslie Johnson-McGoldrick
Produção:James Wan, Peter Safran
Elenco:Vera Farmiga, Patrick Wilson, Mia Tomlinson, Ben Hardy, Rebecca Calder, Elliot Cowan, Kíla Lord Cassidy

Após 12 anos nas telas de cinema, um dos casais mais famosos do terror, Ed (Patrick Wilson) e Lorraine Warren (Vera Farmiga), está se aposentando. Na verdade, nesse quarto filme da franquia principal do assim chamado Invocaverso (The Conjuring Universe, no original), os dois já se encontram aposentados, até que se veem forçados a voltar à ação para uma última batalha. Afinal, dessa vez o caso sobrenatural os envolve diretamente, já que a assombração que atormenta a família Smurl está relacionada à sua própria filha, Judy (Mia Tomlinson).

Anunciado como o filme de despedida de Ed e Lorraine, Invocação do Mal 4: O Último Ritual (The Conjuring: Last Rites, 2025) opta por focar muito mais nos Warren do que na outra família, aquela que está sendo assombrada. Trata-se de uma celebração à trajetória do casal e um desfecho para sua saga.

É interessante notar que, no decorrer de franquias longevas, existe a tendência em tornar as histórias cada vez mais pessoais para os protagonistas. Como no terror o mais comum é os personagens se verem envoltos pela ameaça, mas os Warren, ao contrário, vão voluntariamente até ela, uma boa comparação pode ser feita com os heróis dos filmes de ação. Em Rambo III (idem, 1988), o icônico personagem de Sylvester Stallone vai à luta para salvar seu melhor amigo, o Coronel Trautman (Richard Crenna). No quinto filme, Rambo: Até o Fim (Rambo: Last Blood, 2019), é para salvar sua sobrinha adotiva (Yvette Monreal). Em Duro de Matar 4.0 (Live Free or Die Hard, 2007), John McClane (Bruce Willis) precisa resgatar sua filha (Mary Elizabeth Winstead). No filme seguinte, Duro de Matar: Um Bom Dia para Morrer (A Good Day to Die Hard, 2013), seu filho (Jai Courtney). Por aí vai. E, se você acha esse paralelo esdrúxulo, saiba que ação é o que não falta no novo Invocação: seu clímax tem embates físicos de fazer doer nossos ossos na poltrona do cinema (em cerca de meia-hora três personagens rolam de escadas), efeitos sonoros de tremer a sala, cortes tão rápidos quanto um filme do Liam Neeson e até uma Annabelle kaiju. Por sorte, a direção segura e visualmente instigante de Michael Chaves (um verdadeiro funcionário de carreira do Invocaverso) faz funcionar na maior parte do tempo. Quanto aos momentos mais climáticos, fica o destaque para a bela cena de Judy no provador de roupas repleto de espelhos.

É o segundo filme da franquia a se passar nos anos 1980, uma década que já via pelo retrovisor todo o esoterismo hippie surgido nos anos 1960 e que fora ganhando tons mais sombrios conforme a seguinte se aproximava. Ainda que houvesse um Pânico Satânico no meio do caminho, os anos 1980 foram uma época mais cética e cínica. Isso é retratado no filme quando os Warren tentam explicar seus feitos a uma arquibancada quase vazia em uma universidade e são ridicularizados como se fossem os Caça-Fantasmas do longa-metragem de sucesso de dois anos antes (Ghostbusters, 1984). É uma temática interessante e que poderia ter sido mais explorada.

Até porque, a essa altura, é chover no molhado dizer o quão bons atores são Farmiga e Wilson e como eles conseguem dar verdade a qualquer cena em que aparecem. Do episódio engraçado e tocante na garagem durante a festa de aniversário de Ed aos momentos de tensão na casa assombrada, a dupla imbui em seus personagens uma humanidade irresistível, fazendo-nos lembrar de como Hollywood ainda está lhes devendo mais papéis como protagonistas.

Se o filme acerta ao assumir sua condição de homenagem e contar uma história mais pessoal, ao mesmo tempo perde ao jogar para escanteio seus antagonistas. Os fantasmas aqui possuem uma mitologia mais pobre do que os dos capítulos anteriores e são bem desinteressantes visualmente (eu ainda não consigo entender essa tara dos filmes de terror contemporâneos em deixar toda assombração com a cara do Marilyn Manson).

Contando com pontas de personagens dos longas anteriores, Invocação do Mal 4: O Último Ritual é uma despedida digna para Ed e Lorraine Warren. Já se é uma despedida da franquia Invocação do Mal, não dá para dizer. Ainda mais que, nas figuras de Judy e seu namorado Tony (Ben Hardy), o filme apresenta um casal jovem e que parece ter carisma suficiente para carregar novas sequências. E, como bem sabemos, franquias de sucesso são como os mortos nos filmes de terror: elas se recusam a descansar para sempre.

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