![]() Extro II - O Reencontro
Original:Xtro II: The Second Encounter
Ano:1991•País:Canadá, UK Direção:Harry Bromley Davenport Roteiro:John A. Curtis, Stephen Lister, Robert Smith, Edward Kovach Produção:Lloyd A. Simandl Elenco:Jan-Michael Vincent, Paul Koslo, Tara Buckman, Jano Frandsen, Nicholas Lea, W.F. Wadden, Rolf Reynolds, Nic Amoroso, Bob Wilde, Rachel Hayward |
Um ano antes da realização de Alien 3, de David Fincher, considerada a primeira “bola fora” da franquia de Ridley Scott, mais um exemplar de ficção científica e horror B estabelecia relações com o clássico de 79. Na verdade, a conexão principal óbvia é com o cult Xtro – Estranhas Metamorfoses (1982), produção semiamadora envolvendo alienígenas gosmentos e invasão de corpos, mas não há como evitar a referência aos Xenomorfos e à criatura que perseguiu Schwarzenegger nas matas e Danny Glover em ambiente urbano, se a própria tagline fez questão de lembrá-los: “Part Alien. Part Predator. All Terror.“.
Lançado no Brasil como Xtro II – o Reencontro e até Extro II, o longa tem a direção de Harry Bromley Davenport, que, embora tenha comandado o primeiro, só tinha direitos sobre o título. Como o original havia se firmado como produção cult, ele se uniu a quatro roteiristas (!!!) para desenvolver uma ideia nova, sem qualquer relação com o pai abduzido, alienígenas que engravidam e poderes psíquicos. Não havia motivo, então, para acrescentar o subtítulo “The Second Encounter“, uma vez que não se trata de uma continuação, mas um conceito “novo“, desenvolvido por John A. Curtis, Stephen Lister, Robert Smith e Edward Kovach.
Apesar de críticos da época considerarem o longa melhor que o original (ahn?), XTro II – O Reencontro não teve o mesmo êxito no lançamento limitado, com divergências sobre orçamento e bilheterias. Davenport corrobou com sua condição bagaceira ao fazer apontamentos públicos sobre não ter gostado do resultado final e as dificuldades que teve nas filmagens, tendo que lidar com um protagonista pouco interessado no trabalho: “Foi um filme horrível com um bêbado Jan Michael Vincent vagando por aí, vomitando e batendo nas pessoas. Ele era horrível. Ele não podia fazer uma cena com outra pessoa porque estava tão fora de si que não conseguia se lembrar de suas falas, ou qual era a cena. Ele não fez nenhum esforço nesse filme. Ele provavelmente destruiu sozinho o projeto. Muitas vezes tinha que ser mostrado em que direção ele deveria olhar e ser alimentado com colher suas falas“.
Jan Michael Vincent é o nome mais conhecido do elenco. Já tinha um currículo de produções renomadas como Assassino a Preço Fixo (1972) e Amargo Reencontro (1978), mas também vinha em um ritmo de alternância com filmes B como Alienator – A Exterminadora Indestrutível, de Fred Olen Ray. Em Xtro II, ele interpreta o cientista Dr. Ron Shepherd, idealizador do experimento Nexus, que permite o acesso a uma outra dimensão – deve ter inspirado o argumento de O Quarteto Fantástico, de 2015. Depois de testes se mostrarem perigosos, Shepherd desistiu do projeto, destruiu seu laboratório no Texas, deixando-o nas mãos do governo.
O Secretário de Defesa dos EUA, Bob Kenmore (Bob Wilde), visita a nova instalação da Nexus, localizada em um laboratório subterrâneo, já expondo os interesses do governo de encerrar os experimentos. Contudo a nova cientista por trás das ações, Dra. Julie Cassidy (Tara Buckman), e que foi namorada de Shepherd, resolve fazer um teste de imediato, mandando para a outra dimensão os voluntários Dawson (Michael Metcalfe), Hoffman (Thom Schioler) e Marshall (Tracy Westerholm). Os registros em vídeo, mesmo com as dificuldades técnicas, mostram que os três teriam sido atacados por algum inimigo invisível e ficaram sem comunicação.
A Dra. Julie resolve entrar em contato com Shepherd para entender o que pode ter acontecido, mesmo a contragosto de Dr. Alex Summerfield (Paul Koslo), que o responsabiliza pelos erros dos primeiros testes. Sem que Shepherd possa fazer qualquer coisa que justifique sua vinda, Marshall emite um sinal de vida e é resgatada da dimensão paralela, somente para que uma criatura salte de seu corpo e fuja para o sistema de ventilação. Um grupo de mercenários, liderados por McShane (Jano Frandsen), sai à caça da criatura, contando também com Shepherd e Julie, com o monstro fazendo vítimas, enquanto o sistema de controle informatizado do laboratório bloqueia as saídas e ameaça uma limpeza radioativa em poucas horas.
Com efeitos de miniaturas e animação em stop-motion pela Cyberflex Films, comandados por Greg Derochie, Xtro II perde a ousadia bizarra do anterior e se mostra um filme simples de monstro. O longa de 82 foi capaz de trazer alguns pesadelos aos espectadores da época, tendo a cena do casal que cruza com a criatura na estrada um dos momentos clássicos, utilizados até hoje em vídeos do tipo “o que você faria se cruzasse com isso na estrada?“. Fez uso de efeitos de maquiagem e várias nojeiras na simulação de sangue artificial e vísceras, que tornaram o horror prático inesquecível. O segundo filme não conseguiu repetir seus excessos e nem soube reconstruir um pesadelo amador, com aspectos realistas, tornando-se uma produção comum, envolta em claustrofobia e pouca inventividade.
Basicamente, o elenco caminha por tubulações, entra no fosso de elevador como em Alien Romulus, e sai à caça do monstrengo, com características que realmente lembram um Xenomorfo até na expressão de seus dentes úmidos. A criatura nunca é mostrada inteira, e as mortes não trazem exageros na violência ou na exposição de sangue e órgãos. Como se imagina, Dr. Alex será o vilão humano, aquele que tentará impedir a sobrevida dos demais, ao passo que esconde um ferimento no pescoço, após ter sido arranhado por Marshall, e que irá ocasionar suas mudanças, mas longe de ser um curioso body horror.
Após Xtro II, Harry Bromley Davenport comandou um terceiro filme da franquia, Xtro-3 – O Massacre (Xtro 3: Watch the Skies, 1995), mais uma vez sem qualquer relação com os anteriores, compondo uma antologia sobre monstros estranhos no contato com os humanos, para delírio dos fãs de bagaceiras.