
![]() Aprisionados
Original:Let Us Prey
Ano:2014•País:UK, Irlanda Direção:Brian O'Malley Roteiro:Brian O'Malley, David Cairns, Fiona Watson Produção:Eddie Dick, Brendan McCarthy, John McDonnell Elenco:Liam Cunningham, Pollyanna McIntosh, Bryan Larkin, Hanna Stanbridge, Douglas Russell, Niall Greig Fulton, Jonathan Watson, Brian Vernel |

Aprisionados quase me perdeu já nos seus minutos iniciais, com o exagero estiloso do então estreante Brian O’Malley. A vinda de Six (Liam Cunningham), nome em referência ao número da cela na cadeia, parece a de um filme de heróis da Marvel, excessivamente emblemático, colocando-o na escolta de um bando de corvos. Mas não termina aí: até que ele esteja posicionado no local certo do tabuleiro, imagens enigmáticas, de um clipe de banda oitentista, ainda apela para uma fotografia apocalíptica de Piers McGrail, complementada pela trilha impactante de Steve Lynch. Quando o longa se envereda para os clichês, curiosamente sua apresentação tem uma boa melhora.
O lugar-comum da vez é a delegacia do sonolento vilarejo escocês de Inveree, onde a iniciante policial Rachel Heggie (Pollyanna McIntosh, The Woman e The Walking Dead) está prestes a ser apresentada. No caminho, ela presencia o momento em que o jovem Caesar Sargison (Brian Vernel) atropela o estranho dos corvos, sem que seu corpo seja encontrado logo depois. Mesmo sem vítima, ele é levado à delegacia comandada pelo Sargento MacReady (Douglas Russell), que a recebe com desconfiança. No local, atuam os amantes policiais Jennifer Mundie (Hanna Stanbridge) e Jack Warnock (Bryan Larkin), além do prisioneiro Ralph Beswick (Jonathan Watson), detido por violência doméstica.

Logo Six chega à delegacia sem pronunciar palavra alguma, apresentando alguns ferimentos na cabeça, e um caderninho de anotações com símbolos indecifráveis e nomes. Dr. Duncan Hume (Niall Greig Fulton) é chamado para ajudar com o estranho, completando o álbum de figurinha do elenco principal de Aprisionados, mas, ao tocar em Six, ele é acometido por algumas visões e, antes de tentar matar o estranho, diz: “Ele sabe de tudo“. Jennifer e Jack vão à casa de Dr. Hume para procurar a esposa, enquanto o Sargento dá uma escapada com o pretexto de buscar informações sobre Six, cuja identidade, descoberta pelas impressões digitais, apontam que ele se chama Alexander Monroe e teria morrido em um incêndio em 79.
Desde o frame inicial, já é possível entender os propósitos do visitante misterioso. O roteiro, de Fiona Watson, David Cairns e de O’Malley, faz referência à simbologia do corvo, cuja significado varia dentre as mitologias nórdica, grega e asiática podendo representar busca de conhecimento, má sorte e prenúncio de guerra e morte. Pode ser que provoque alguma curiosidade sobre Six ser a própria Morte ou um Anjo, uma entidade vingativa ou que vise a justiça, mas o que importa é que ele realmente espelha a violência: corpos mutilados, cabeças explodidas, gargantas cortadas e muito sangue escorrem pela tela na coincidente chegada de Rachel e Six à delegacia.

O espaço já se mostrou adequado para sequências claustrofóbicas de busca de algum prisioneiro ou na liberação de uma entidade maléfica: Last Shift, Terra Rasa, Assalto à 13.ª DP e um interessante episódio de Fear Itself, intitulado Eater, são bons exemplares. E Aprisionados distribui clichês e personagens estereotipados, mas empolga pela violência imposta desde o segundo ato, pela atuação de Pollyanna McIntosh e pelo carisma sombrio de Liam Cunningham, com traços ameaçadores e pessimistas. Se guardasse os mistérios com mais precisão e deixasse as pretensões de lado, Aprisionados se destacaria entre propostas parecidas e seu conteúdo ousado. Vale a pedida, mesmo sabendo de todos os seus caminhos narrativos.





















