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Cabo do Medo
Original:Cape Fear
Ano:1991•País:EUA
Direção:Martin Scorsese
Roteiro:Wesley Strick, James R. Webb, John D. MacDonald
Produção:Barbara De Fina, Robert De Niro
Elenco:Robert De Niro, Nick Nolte, Jessica Lange, Juliette Lewis, Joe Don Baker, Robert Mitchum, Gregory Peck, Martin Balsam, Illeana Douglas, Fred Thompson, Antoni Corone, Tamara Jones

Quando fiz a lista dos 24 filmes de terror que marcaram a minha vida em comemoração ao aniversário de 24 anos do Boca do Inferno, percebi que um clássico do suspense ainda não havia sido comentado aqui no site. Para fazer essa reparação, resolvi escrever este texto sobre Cabo do Medo, um filme forte, sinistro, puro exercício de suspense “raiz” sem firulas, direto e objetivo. Tudo isso é perfeitamente representado pela figura do psicopata Max Cady (um soberbo Robert DeNiro) que busca vingança contra o advogado que o defendeu (Nick Nolte) após cumprir 14 anos de pena por estupro.

Cabo do Medo é uma obra prima do suspense dirigida por Martin Scorsese e, quem  leu minha resenha sobre o filme Depois de Horas, sabe da minha admiração pelo diretor. Aqui, ele emula o que de melhor se produziu no gênero, com uma pegada noir, usando movimentos e posicionamentos de câmera incômodos, cortes abruptos, cores saturadas e distorções visuais que criam uma atmosfera hiper opressiva, contribuindo para uma permanente sensação de perigo.  O mestre filma tudo com extrema elegância mas sem se furtar em mostrar graficamente elementos violentos. Todavia, o que interessa aqui é a violência psicológica, principalmente na dinâmica da relação que o criminoso impõe para as mulheres que fazem parte da família do advogado, sua esposa (vivida por uma Jessica Lange em estado de profundo desespero) e sua filha (uma jovem Juliette Lewis).

E por incrível que pareça esta é uma refilmagem de um filme apenas mediano chamado Circulo do Medo (1962) com Gregory Peck, Robert Mitchum e Martin Balsam (que foram homenageados por Scorsese fazendo participações no longa) e que, por sua vez, foi adaptado do livro Cabo do Medo escrito por John D. MacDonald, lançado em 1957 e atualmente com uma edição brasileira lançada pela DarkSide.

O filme tem um ritmo intenso imposto pela edição de Thelma Schoonmaker, costumeira colaboradora de Scorsese, além da perfeita trilha sonora de Elmer Bernstein,  reorquestrada da trilha original, composta pelo extraordinário Bernard Herrmann.

Há ótimos momentos e cenas que se tornaram clássicas (como aquela em que Max fuma um charuto no cinema em que está a família), mas para mim a cena mais tensa é aquela onde Max e Danielle (Juliette Lewis) se encontram no teatro da escola, ela esbanjando sensualidade mas ao mesmo tempo inocência, em contraponto ao ameaçador Max.

O psicopata encarnado por Robert DeNiro é inteligente, articulado e planejou minuciosamente sua vingança, aterrorizando a família do seu ex-defensor sem infringir a lei. Ele promove uma verdadeira tortura psicológica, desorientando e tentando quebrar o laço que os une.

Segundo consta em várias publicações, essa refilmagem seria originalmente dirigida por Steven Spielberg, mas o diretor acabou desistindo, pois considerou o roteiro violento demais para seu estilo. Ele continuou figurando como produtor, ofereceu o filme ao amigo Scorsese e foi fazer A Lista de Schindler (1993), quando ganhou seu primeiro Oscar de direção.

Uma agonia excruciante do início ao fim” é como me referi a Cabo do Medo na lista mencionada no início desse texto. Na filmografia de Scorsese o longa é relegado a um injusto segundo plano, quando deveria estar no lugar mais alto do podium junto com seus melhores trabalhos, a exemplo de Os Bons Companheiros (1990) e Taxi Driver (1976).

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