![]() O Jovem Frankenstein
Original:Young Frankenstein
Ano:1974•País:EUA Direção:Mel Brooks Roteiro:Mel Brooks, Gene Wilder, Mary Shelley Produção:Michael Gruskoff Elenco:Gene Wilder, Peter Boyle, Marty Feldman, Madeline Kahn, Cloris Leachman, Teri Garr, Kenneth Mars, Richard Haydn, Gene Hackman, Liam Dunn, Danny Goldman, Oscar Beregi Jr., Arthur Malet, Monte Landis, Rusty Blitz |
Aproveitando a onda da nova versão de Frankenstein (2025) do Guilhermo Del Toro, revi o longa O Jovem Frankenstein, que, mesmo após mais de 50 anos, continua uma das melhores adaptações do clássico livro de Mary Shelley para a tela do cinema.
Lógico que aqui é uma escrachada comédia, mas tudo o que se vê na tela reverencia os clássicos filmes de terror da Universal da década de 30, a começar pela primorosa fotografia em preto e branco, a cenografia reaproveitando cenários (o diretor Mel Brooks descobriu as máquinas do laboratório do castelo utilizadas na versão de 1931 guardadas em uma garagem por um membro da equipe), as movimentações de câmera e um roteiro que respeita o material original, adicionando uma imensa dose de carinho com os personagens.
A história conta como o neto do Dr. Frankenstein (Gene Wilder) é levado de volta ao castelo e reinicia o trabalho de dar vida a um cadáver (Peter Boyle), desta vez ajudado pelo abilolado Igor (Marty Feldman) e pela voluptuosa Inga (Teri Garr). Contudo, nem tudo dá certo e a comunidade se revolta com as experiências do descendente do dono do castelo, principalmente o inspetor local, que parte para verificar se algo maligno está acontecendo novamente.
Além de homenagear o Frankenstein de 1931, há referências a A Noiva de Frankenstein (1935) e outros tantos filmes da época, tudo embalado em névoa, relâmpagos e sons guturais, mas com piadas que irão fazer rir até o mais circunspecto cidadão que se dispor a apreciar o filme. Aqui a pegada é satírica, com muita coisa nas entrelinhas, inclusive metalinguagem, além de várias gags visuais notáveis e diálogos impagáveis, orquestrado de forma criativa pelo diretor Mel Brooks, com base no roteiro dele próprio junto com o astro Gene Wilder. Quem assistiu Primavera para Hitler (1967), outra pérola do diretor com o astro, sabe o que eles são capazes de fazer.
A geração atual pode achar estranho o tempo de comédia, mais lenta ainda que haja um número incrível de piadas, pois o diretor valorizou aqui a construção do clima, tal qual os filmes de terror dos anos 30 e essa é a genialidade na execução do longa, já que a atmosfera retratada nada tem a ver com comédia. Ao final, trata-se de um filme elegante, com piadas de todos os naipes, que irá divertir o espectador comum mas que será muito mais apreciado pelos amantes do terror, seja pelas referências visuais ou pelo roteiro.
Vale um adendo para o excelente elenco, que realmente está engraçadíssimo e, ao mesmo tempo, vivamente atrelado aos personagens originais. O Dr. Frankenstein de Gene Wilder e o Igor composto por Marty Feldman formam uma dupla hilária, Peter Boyle é um monstro no mínimo sagaz enquanto Madeline Kahn e Cloris Leachman estão divertidíssimas como a noiva do médico e a governanta do castelo, respectivamente.
Segundo apurei, Gene Hackman (que tem uma participação hilária) queria fazer uma comédia e conversou com Gene Wilder para fazer parte do filme. O trecho que ele participa é um ótimo exemplo de humor visual que não envelheceu e continua engraçado, sem os exageros e a grosseria das comédias atuais.
Enfim, são inúmeras as representações que o cinema já nos proporcionou do monstro criado por Mary Shelley e, excetuando o clássico de 1931, esta de O Jovem Frankenstein é a que mais me diverte e fascina ainda hoje.


























