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Banda:No More Room in Hell
Ano:2015•País:UK
Álbum:No More Room in Hell
Estilo:Death Metal
Selo:Morbid Generation Records

No More Room In Hell não é só mais um projeto paralelo de death metal old school, criado por membros de bandas ativas para experimentar ares diferentes do som que costumam tocar. Essa obra é mais. Ela foi concebida com o único objetivo de transpor o medo do cinema de horror para a música, usando vocais guturais, riffs mórbidos, arranjos sombrios e outros elementos que compõem a trilha sonora perfeita para um apocalipse zumbi. Além do nome da banda, que também dá título ao disco e homenageia o clássico Dawn of the Dead (1978) de George Romero, outras referências tomam conta do clima pavoroso desse álbum, como a identidade visual, as introduções das faixas e as letras malignas do vocalista Mark Gleed, que se juntou com o baterista Anil Carrier para criar uma obra conceitual destruidora.

O death metal ardido de No More Room In Hell apresenta uma sonoridade conhecida pelos fãs do estilo, principalmente entre aqueles que acompanharam a explosão de lançamentos na década de 1990, época de ouro do metal extremo. A influência no som da banda vem dos grandes clássicos lançados nos primórdios do metal da morte como Autopsy, Pestilence, Dismember e Grave, mas em alguns pontos do disco há elementos contemporâneos bem equilibrados com o formato da velha escola. O principal fator que remete ao old school é o som de guitarra “noventona” que exala middles elétricos e distorção no talo.

Além de Mark Gleed e Anil Carrier, alguns membros de outras bandas foram convidados para participar das gravações do homônimo No More Room In Hell. Na faixa Join Us, o vocal é de Sam Read, ex-vocalista da Foetal Juice, e o solo de guitarra ficou por conta de Ross Gardiner, guitarrista da extinta Amputated. Em The Innocents, última música do disco, quem faz o solo de guitarra é Tom Hinksman, ex-guitarrista da Hellsworn e Towers of Flesh, e o vocal é do incansável Jonny Pettersson, que já passou por mais de dez bandas de metal extremo, entre elas, Syn:drom, Wombbath e Ashcloud. E na faixa The Warmest Place to Hide, uma das melhores do disco, quem participa nas vozes é Dan Benton, ex-vocalista da Kataleptic.

É impossível não dar atenção ao conteúdo que compõe a capa de No More Room In Hell. O personagem da ilustração é um zumbi monstruoso erguendo-se das profundezas do mundo dos mortos trazendo horror, sofrimento e destruição para a humanidade. Essa cena representa brilhantemente a proposta da banda e diz exatamente o que esperar do disco. O tom avermelhado e sangrento dá o toque final na obra de arte e o resultado é uma bela pintura, digna de ser emoldurada para decorar a sala de estar de algum horror freak. Quem assina a ilustração é o artista Mottla, que já fez capas de discos para dezenas de bandas metal extremo, como Disfigurement Of Flesh, Splitwig , Anal Vomit e Slamentation.

O título da primeira música é The Dead Will Walk The Earth, que completa o título do CD em uma referência ao clássico trecho de Dawn of the Dead, “When there’s no more room in hell, the dead will walk the earth”. A introdução dessa faixa é a fala do reverendo televisivo interpretado por Ken Foree na versão de 2004, informando aos fiéis através da TV que satanás está enviando os mortos para a Terra porque o inferno está lotado de almas perversas. Assustador, não? O discurso inflamado do líder religioso é interrompido pelos primeiros acordes da música, que segue com boas passagens de pedal duplo, vocais bem trabalhados e blasts poderosos, mas finaliza com um groove estranho e mal sucedido que poderia ter ficado de fora. O disco continua com The Warmest Place to Hide, inspirada no filme The Thing (1982), e que apresenta ótimas passagens lentas, lembrando as bases do bom e velho Autopsy. Os vocais alternados entre guturais e rasgados também deixam a faixa mais empolgante.

O título da terceira faixa do disco, Ave Versus Christus, foi inspirado em um trecho da letra de Ave Satani, música do compositor Jerry Goldsmith que fez parte da trilha sonora do filme The Omen (1976). Os primeiros acordes dessa faixa são tocados de forma cadenciada, evidenciando riffs longos, criando um clima fúnebre que assombra o infernauta. Na sequência, a morna Never Sleep Again, quarta música do CD que só embala no minuto final com um hardcore empolgante que faz base para uma linha vocal criativa. A banda escolheu a franquia A Nightmare On Elm Street para ser tema dessa música. A quinta faixa, The Soil of A Man’s Heart, começa com um quote do misterioso Jud Crandall, personagem do filme Pet Sematary (1989) interpretado por Fred Gwynne, alertando sobre os perigos de se enterrar seres humanos no cemitério maldito. A introdução segue por quase um minuto e o que a banda apresenta nos próximos minutos é uma composição mediana que esforça para prender a atenção até o final.

Os moshs cadenciados tomam conta da maior parte de Join Us, penúltima música do disco. Apesar da rica variedade de bases e arranjos, a ausência de blasts em uma composição soa estranho em um disco de death metal com a proposta de transmitir agressividade. Essa faixa merecia trechos mais intensos. E fechando o disco, The Innocents, que se destaca pelo uso intenso de pedal duplo na bateria nas partes hardcore e alterna os blasts com as bases cadenciadas de forma interessante. Sem dúvidas, uma das melhores músicas do disco, e o curto final minimalista, que conta somente com uma nota de guitarra repetida em sequência, desperta a vontade de escutar o álbum novamente.

No More Room In Hell é um disco intenso que obedece uma estética cadenciada e linear, mas que carece de elementos aterrorizantes. Algumas partes do disco, se tocadas isoladamente com uma roupagem um pouco diferente, podem até lembrar bandas farofa de new metal pula-pula, mas esses trechos são bem encaixados e a sonoridade que a banda apresenta não deixa dúvidas de que se trata de um disco de metal extremo.

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