Remothered: Tormented Fathers (2018)

5
(1)

Original:Remothered: Tormented Fathers
Ano:2018•País:Itália
Desenvolvedora:Stormind Games•Distribuidora: Darril Arts

Remothered: Tormented Fathers é resultado de um esforço quase único. Boa parte do trabalho aqui é assinado por apenas um homem. Chris Darril produziu, escreveu e dirigiu o game, desenvolvido por sua pequena produtora, a Darril Arts em parceria com a Stormind Games. E mesmo num mercado saturado, Darril ousou em ser contra todas as novas tendências dos jogos de terror e apostar em Remothered como uma trilogia ainda que tivesse o suficiente para produzir apenas o primeiro episódio. O resultado? Incrivelmente surpreendente.

Se passando na Itália, em Remothered estamos no controle de Rosemary Reed que, aos 35 anos e por motivações próprias, começa a investigar o estranho caso de Richard Felton, um senhor de idade bastante avançada que possui uma doença não diagnosticável e assombrado pela tragédia pessoal do desaparecimento da filha. Isolado em sua gigantesca mansão chamada Felton Villa, sendo cuidado por uma enfermeira particular, Richard é confrontado por Rosemary que acredita que o homem na verdade esconde segredos sobre o desaparecimento, mas ao se infiltrar na mansão, mergulha num verdadeiro pesadelo de uma trama macabra.

O enredo de Remothered é justamente seu ponto mais forte. Equilibrando muito bem uma história rica e cercada de plot twists memoráveis, temos aqui um terror psicológico de primeira, ao mesmo tempo em que o gore se faz muito presente e jump scares são pontuais, mesmo que com um pouco de exagero do recurso.

É no gameplay de Remothered que vem seus acertos e erros. Chris Darril simplesmente chutou tudo que é considerado “ideal” de se fazer num jogo de terror hoje em dia. Trouxe de volta a terceira pessoa e usou fórmulas de narrativa mais semelhantes a clássicos como Clock Tower e Silent Hill, se afastando do estilo alçado de primeira pessoa e tramas mais pontuais de Outlast e Amnesia. O próprio Darril participou do projeto do sucessor de Clock Tower, o jogo NightCry, e também lançou Forgotten Memories para celulares, que têm a mesma pegada de Silent Hill, o que só o ajudou mais a definir essa linha de trabalho.

Assim, os controles são fáceis de aprender. Se agache, se esconda, jogue objetos para criar distrações, use facas para se soltar dos inimigos momentaneamente e encontre os objetos chaves que abrem os espaços fechados da mansão. Mas sua inteligência é constantemente testada aqui. Rosemary é perseguida o tempo todo. Saber como usar o cenário é fundamental.

Além disso, mesmo com suas motivações não muito bem explicadas, Rosemary é uma personagem forte, com personalidade marcante e bastante cativante. O mesmo vale para os vilões do jogo. Richard Felton é um perseguidor emblemático dentro da gigantesca mansão, este que é o único cenário do jogo. Sua imagem usando apenas um avental e com uma foice na mão é simplesmente aterrorizante. E quando a Freira Vermelha aparece pela primeira vez temos um verdadeiro impacto, com um vilão ainda mais perturbador e mortal, com surpresas ainda impensáveis na galeria de vilania do jogo.

O design de som do jogo é simples, mas de uma eficiência que precisa ser exaltada. Mesmo com trilha sonora comedida, cada assustador encontro com um vilão é potencializado pelo som, enquanto se esconder ou tentar fugir do caminho dos inimigos se torna ainda mais tenso com a música que atravessa os nervos. Já os gráficos dos cenários são muito bem feitos, embora o dos personagens tenha um ar de geração passada, mas temos que lembrar que este é resultado de uma produção indie, sem os recursos altos de um AAA.

O jogo ainda possui momentos chaves muito bons, como a chegada ao sótão e uma das grandes revelações ao chegar à adega. Mas por se tratar do primeiro episódio de uma trilogia, apresenta um final um tanto confuso entre o que é bem explicado e pontas soltas que parecem não fazer menor sentido.

Aliás, é do final que vem o maior defeito do jogo. Com um gameplay estático que não apresenta mudanças ao longo da jornada de Rosemary, os momentos finais se tornam irritantes, onde ao invés da estratégia tão bem exaltada no começo, é necessário agora criar um passo a passo na base da tentativa e erro que acaba sendo bastante enfadonha. Por pouco a boa experiência de Remothered não foi atingida por isso.

E por falar em boa experiência, o sucesso de Remothered foi tamanho, que o diretor de Silent Hill, Keiichirō Toyama, chegou a declarar: “Chris, eu me apaixonei pelo jogo de horror de sobrevivência Remothered e sua história. Seria maravilhoso se pudéssemos fazer algo juntos de alguma maneira”.

E definitivamente Rosemary Reed merece retornar e aprofundar ainda mais sua marcante passagem pelos jogos de terror, assim como Chris Darril é um nome que merece ser acompanhado de perto.

Remothered: Tormented Fathers está disponível para PlayStation 4, Xbox One e PC.

O que você achou disso?

Clique nas estrelas

Média da classificação 5 / 5. Número de votos: 1

Nenhum voto até agora! Seja o primeiro a avaliar este post.

Avatar photo

Samuel Bryan

Jornalista, acreano, tão fã de filmes, games, livros e HQs de terror, que se não fosse ateu, teria sérios problemas com o ocultismo. Contato: games@bocadoinferno.com.br

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *