Deixa Ela Entrar
Original:Låt den rätte komma in Ano:2004•País:Suécia Páginas:504• Autor:John Ajvide Lindqvist•Editora: Globo Livros |
Deixa Ela Entrar é uma história cruel. Cruel na realidade dos personagens, suas vidas solitárias, seus demônios – é a relação humana retratada de uma maneira fria, crua, e real. Sucesso na Suécia, berço da famosa trilogia Millenium, o livro do jornalista John Ajvide Lindqvist chegou por aqui no final de 2012, lançado pela Globo Filmes. Publicado originalmente em 2004, Deixa Ela Entrar já foi adaptado duas vezes para o cinema, em 2007 pelo diretor Tomas Alfredson (O Espião que sabia Demais) e em 2010 por Matt Reeves (Cloverfield).
O livro narra a história de Oskar, um típico garoto de 12 anos dos subúrbios de Estocolmo, filho de pais separados, passa seus dias lutando contra bulliyng sofrido em sua escola, em um cenário opressor e paranoico onde uma guerra parece estar prestes a eclodir. A rotina de Oskar muda com a chegada de Eli, uma garota na mesma faixa etária, que se muda para o apartamento ao lado do seu. Estranhos assassinatos começam a ocorrer, com as vítimas sendo degoladas e penduradas de cabeça pra baixo, criando pânico e revolta na população.
John Ajvide não poupa o leitor com assuntos incômodos – pedofilia, prostituição infantil, bulliyng – narrados de forma despudorada, e por isso desconfortáveis. Isso é suavizado de certa forma com o relacionamento entre Oskar e Eli, numa forte ligação de afeto, onde um irá proteger o outro, custe o que custar. Esse custe o que custar é o que vai definir o futuro dos dois.
O título é uma bela referência a uma das lendas vampirescas, onde o vampiro não pode entrar em uma casa sem ser convidado. Respeitando as regras dessas lendas, o livro traça todas as suas referências, de maneira que muitas delas funcionem como pistas para que cheguem até Eli. As adaptações para o cinema ocultam partes importantes do livro, principalmente sobre a origem de Eli, existe na versão sueca uma sutil referência (que só entendi depois de ler o livro) – o que não interfere no resultado final de ambas as adaptações.
Se pensarmos racionalmente, será que Eli realmente gosta de Oskar, ou vai usá-lo para substituir o homem que seria seu suposto pai? A verdade é que o homem já não aguenta mais sua rotina ao lado da garota. Oskar é um psicopata em potencial, com um bizarro gosto por histórias de assassinatos, coleciona recortes de reportagens sobre o assunto, além de descarregar sua raiva fingindo enfrentar seus agressores contra uma árvore. Oskar também não se importa nem um pouco pelo fato de Eli ser uma vampira, ele vai crescer, ela não – juntem as peças. Muitos vão enaltecer a ligação entre os jovens, mas sabemos que um futuro sombrio aguarda os dois. Talvez Oskar goste mais desse futuro do que se ele não tivesse conhecido Eli.
Assisti a versão com a “menina do Kick Ass”. Achei bem legal o filme. Tem um ar sombrio e um climazinho de suspense. Uma boa pedida pra assistir num sábado á noite com a namorada.
Esse livro é ótimo assim como o autor (!!!), que tem, até então, três livros publicados no Brasil (“Deixa ela entrar”, “A Maldição de Dömaro”, “Mortos entre vivos”).
Me parece que o Lindqvist ainda fez um conto sobre acontecimentos posteriores ao “Deixa ela entrar”, publicado no livro “Låt de gamla drömmarna dö” (“Let the Old Dreams Die”, nos EUA), mas este, infelizmente, ainda não foi publicado no Brasil. =/
T’aí um livro de contos que eu compraria fácil-fácil. =P